Poeta português, nascido a 12 de dezembro de 1906, no
Porto, e falecido a 7 de outubro de 1992, na mesma cidade. Frequentou a Faculdade de Direito de Coimbra, tendo exercido atividades profissionais diversas, desde funções comerciais até agente de seguros. Vindo de
A Águia e de
Tríptico, Alberto de Serpa integra o grupo da revista
Presença, de que foi secretário na segunda série, entre 1939 e 1940, e em cujas edições publicou os volumes de poesia
20 Poemas da Noite,
Descrição e
Varanda, os três datados de 1935. Vindo a secretariar a
Revista de Portugal, Alberto de Serpa colaborou ainda em outras publicações periódicas que marcaram a poesia portuguesa nos decénios posteriores à
Presença, como
Cadernos de Poesia e
Távola Redonda. Organizou, com
José Régio, em 1957, a antologia da poesia de amor portuguesa,
Alma Minha Gentil; dirigiu, com
João Cabral de Melo Neto,
O Cavalo de Todas as Cores, editado em 1954, em
Barcelona; organizou e editou a correspondência de
António Nobre a Justino de Montalvão, bem como os inéditos e dispersos de
José Régio. Elo indispensável na ponte entre o primeiro e o segundo modernismos, para Fernando J. B. Martinho (
Pessoa e a Moderna Poesia Portuguesa - do Orpheu a 1960 -,
Lisboa, ICALP, 1983, pp. 67-69), Alberto de Serpa "foi um dos poetas do grupo [presencista] que mais sofreu os efeitos do
abalo pessoano, especialmente o provocado pelos heterónimos
Álvaro de Campos e
Alberto Caeiro, com a ajuda dos quais procede a uma recuperação do versilibrismo em
Descrição, lançado pelas edições "
Presença" em 1935". Subvertendo, por um certo prosaísmo promovido a domínio poético e pela liberdade métrica, o panorama do lirismo tradicional nacional, para
João Gaspar Simões (SIMÕES, João Gaspar - prefácio a
A Poesia de Alberto de Serpa, s/l, Nova Renascença, 1981, p. 12), a poesia de Alberto de Serpa reconcilia a palavra poética com o real, preparando, por esse motivo, o caminho para a emergência do neorrealismo, de que se aproximará por um empenhamento explícito nos volumes poéticos produzidos no contexto da
Segunda Guerra Mundial, como é o caso de
Drama, de 1940. Numa fase final da sua evolução poética, Alberto de Serpa recuperou a expressão métrica versificada, transparecendo, aí também, a influência de Pessoa ortónimo. O seu espólio, depositado na Biblioteca Municipal do Porto, encontra-se ainda em grande parte inédito, reunindo documentos epistolares fundamentais para reconstruir eixos de reflexão estética estabelecidos entre autores de tendências aparentemente díspares, aproximados pela amizade.