Ator norte-americano, de nome verdadeiro Burton Stephen Lancaster, nascido em 2 de novembro de 1913, em
Nova Iorque, e falecido em 20 de outubro de 1994, na cidade californiana de Century City. Tornou-se conhecido por ter criado, na tela, uma imagem fisicamente forte e dura bem como um carácter sensível. Ainda jovem, evidenciou-se como basquetebolista amador, mas, aos 17 anos, fugiu de casa para se juntar a uma
troupe de circo onde atuou como trapezista. Depois dum acidente, alistou-se no serviço militar, tendo também atuado como animador de espetáculos para as tropas. Finda a II Guerra Mundial, decidiu frequentar aulas de interpretação, tendo chegado à
Broadway em 1946, obtendo um importante papel na peça
A Sound of Hunting. Impressionados pela naturalidade com que atuava nos palcos, os produtores da Paramount propuseram-lhe um contrato cinematográfico. Iniciou o seu percurso com
The Killers (
Assassinos, 1946), ao lado de
Ava Gardner, que se tornaria um clássico do filme negro. A sua estreia não poderia ter sido melhor, visto o filme ter tido uma boa carreira comercial. Após uma série de sucessos, Lancaster decidiu fundar a sua própria produtora, a Hecht-Lancaster, e apostar no filão do filme de aventuras. Dos inúmeros títulos que produziu e protagonizou, destacam-se
The Flame and the Arrow (
O Facho e a Flecha, 1950) e
The Crimson Pirate (
O Pirata Vermelho, 1951). A sua confirmação como excelente ator dramático só aconteceria em 1953 quando foi nomeado para o Óscar de Melhor Ator pela sua prestação em
From Here to Eternity (
Até À Eternidade, 1953), onde encabeçou, ao lado de
Deborah Kerr, um dos pares românticos mais emblemáticos da
História do cinema. Seguiram-se dois
westerns realizados por
Robert Aldrich:
Apache (
O Último Apache, 1954) e
Vera Cruz (1954). A sua primeira incursão como realizador mereceu os pareceres negativos tanto da crítica especializada como do público:
The Kentuckian (
Homem Até ao Fim, 1955) seria prejudicado pela má qualidade do argumento. Lancaster não esmoreceria, protagonizando sucessos como
Gunfight at OK Corral (
Duelo de Fogo, 1957) e
Sweet Smell of Success (1957), onde personificou um implacável jornalista, naquela que muitos críticos consideraram a melhor interpretação da sua carreira. O Óscar de Melhor Ator não demoraria:
Elmer Gantry (
O Falso Profeta, 1960) mostrou ao mundo um Lancaster em excelente forma na pele dum vendedor com o dom da palavra que se torna evangelista. Em 1962, venceu o prémio para melhor ator no Festival de Veneza pela sua personagem de Robert Stroud, um criminoso que se dedica à ornitologia em
The Birdman of Alcatraz (
O Homem de Alcatraz, 1962). No auge da sua carreira, será um realizador europeu a entregar-lhe um dos maiores papéis de sempre, o de Príncipe Fabrizio Salina em
Il Gattopardo (
O Leopardo, 1963) de
Luchino Visconti, a partir do romance de Lampedusa. Ainda nessa década, protagonizará o
western The Professionals (
Os Profissionais, 1966),
Castle Keep (
O Castelo dos Maiorais, 1969) e
Airport (
Aeroporto, 1970). À medida que envelhece, será na
Europa que solidificará todo o seu talento. Participou no épico
1900 (1976) de
Bernardo Bertolucci e maravilhou os admiradores com o seu retrato de Lou, um velho
gangster em
Atlantic City (1980) de
Louis Malle, papel que lhe valeu uma nomeação para o Óscar de Melhor Ator. Daí para a frente, limitou-se a passear o seu talento em produções televisivas, rareando as suas aparições cinematográficas. As exceções foram
Tough Guys (
Os Duros, 1986), ao lado de
Kirk Douglas, e um comovente papel secundário em
Field of Dreams (
Campo de Sonhos, 1989). O seu último trabalho foi como advogado no telefilme
Separate But Equal (1991), baseado em factos verídicos.