Respeitamos a sua privacidade
Este site utiliza cookies (próprios e de terceiros) com o objetivo de melhorar a experiência de utilização durante a sua visita. Conseguimos, deste modo, melhorar o nosso site apresentando-lhe conteúdos e anúncios relevantes, permitindo a integração de funcionalidades de redes sociais e promovendo a análise de trafego no site. Tendo em consideração as suas preferências na utilização de cookies, poderemos partilhar informações com os nossos parceiros de redes sociais, de análise publicitária e de navegação. Ao selecionar o botão “Aceitar” está a consentir a utilização de todos os cookies. Para mais esclarecimentos sobre o tratamento dos seus dados pessoais, consulte a nossa Política de Cookies. Através da opção configuração de cookies poderá definir as suas preferências, bem como obter mais informações sobre os cookies utilizados.
Língua Portuguesa
Em Nome da Terra
Viúvo e reformado, João, narrador autodiegético e personagem principal, decide viver os últimos anos de vida num Lar, doando todos os seus bens à sua filha Márcia. Para si, guardou apenas, a memória, um Cristo mutilado, um desenho de Dürer, uma reprodução de um fresco de Pompeia e um disco de Mozart - concerto para oboé. Estes símbolos percorrerão a narrativa, estabelecendo uma relação analógica com o corpo, a morte, o esplendor e a beleza.
Temporalmente situado no tempo "último" do narrador, este romance constitui-se como um bonito mas doloroso louvor ao amor e ao seu objeto - a sua mulher Mónica, já falecida. Através de um diálogo sem resposta, profundamente intimista, João dirige-se a um "Tu" fisicamente ausente, Mónica, de cujas lembranças se vai alimentando.
Recorrendo a uma analepse, o narrador, numa permanente postura de recordação de um passado próximo, vai associando o seu estado de sofrimento e a beleza de Mónica aos objetos que conservara consigo. Guardados no seu quarto do lar, com eles mantém um confronto que, embora desleal, o ajuda a recriar um tempo e um espaço de plenitude.
Representação do sofrimento, o Cristo Mutilado é, muitas vezes, sugerido, pela memória de João, como o seu próprio sofrimento, decorrente da solidão e do abandono que a si próprio impôs, transpondo, então, apenas neste momento, o seu diálogo reflexivo para um outro "Tu".
A primavera, personificada no fresco de Pompeia pela deusa Flora, é comparada à beleza de Mónica, consubstanciada pela harmonia do seu corpo ainda jovem.
O olhar do narrador sobre o desenho de Dürer transporta-o simultaneamente para um tempo do passado - a morte de Mónica -, para um tempo do presente - a experiência que estava a viver no Lar e um tempo do futuro, com a morte sempre presente, apenas à espera do "Alma Grande".
Como símbolo melódico e harmonioso, o concerto para oboé de Mozart, como se proclamasse o nome de Mónica, serena e amacia as memórias de João.

Se o dicionário devolveu "galarim" a Mario De Carvalho é porque a grandeza do autor é inquestionável. Se dúvidas existirem, basta ver o vídeo.
PALAVRAS CARAS