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Língua Portuguesa
fatalismo
A "moira" (entre os antigos gregos) e o "fatum" (entre os romanos) ou fado ou destino surgia como ameaça implacável e determinava a falta cometida por alguém e o caminho da sua punição.
Nascido da Noite e do Caos, o "Fatum" estava acima das divindades, submetendo-as ao seu poder. Cego e inexorável, dominava os céus, a terra, o mar e os infernos. É assim que aparece na filosofia estoica, na antiga Grécia, acima de todos os deuses e de todos os homens.
A sabedoria epicurista, como se observa em Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, consiste neste fatalismo, ou melhor, neste aceitar o destino inelutável, desfrutando os prazeres e sofrendo a inevitável dor, pois nada é duradouro. Apesar de todo o sentido trágico do fatum, cabe ao homem viver a vida com a lucidez dos "grandes indiferentes".
Ao longo de Os Maias, de Eça de Queirós, encontramos o fatalismo em três sentidos próximos mas diferentes: a conceção clássica, como doutrina que admite uma força superior, um princípio ou necessidade absoluta e cega, capaz de castigar o desafio (hybris) à ordem estabelecida (por exemplo, se sofrem as personagens, é por causa do orgulho, do desafio ao velho Afonso - caso de Pedro da Maia - ou à sociedade - como sucede com Carlos); a conceção popular que entende o destino como uma espécie de divindade caprichosa e déspota que transforma tudo em infelicidade (como se vê, quando afirma que as paredes do Ramalhete foram sempre fatais aos Maias); e um "fatalismo muçulmano", que Carlos da Maia define como filosofia de vida que se resume a "Nada desejar e nada recear... Não se abandonar a uma esperança - nem a um desapontamento. Tudo aceitar, o que vem e o que foge, com a tranquilidade com que se acolhem as naturais mudanças de dias agrestes e de dias suaves".