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Lirismo provençal
Escola poética que, desenvolvendo-se no Sul de França desde o final do século XI, influenciou os trovadores galego-portugueses, nomeadamente na composição das cantigas de amor. Este lirismo que floresceu nas cortes occitânicas deve ao seu local de produção e receção, a corte, a sua definição como poesia cortês, na medida em que apresenta, enquanto manifestação de um ideal de amor cortês, a expressão de um ideal de vida, a cortesia. Com efeito, o lirismo provençal faz eco de uma mundividência que se confunde com o ideal amoroso: o amor aperfeiçoa no amante as qualidades de cortesia enquanto conjunto de normas de comportamento que enformam a ética da vida na corte - a nobreza de carácter, a elegância moral, a fidelidade, a discrição, a mesura. Por seu turno, a conceção do amor cortês, o "fin'amor" ou amor perfeito, é concebido como um desejo nunca satisfeito que eleva moralmente o amante, obrigando-o a fazer progressivamente prova de virtudes que o dignificam aos olhos da dama. Atingindo o seu auge na "joi", que traduz o êxtase do amante suspenso na expectativa de satisfação do desejo, trata-se de um sentimento que o homem deve saber dosear para manter viva a chama do amor, fonte constante de sofrimento e de alegria, de angústia e de exaltação. O amor cortês concede à mulher um lugar fundamental: a "midons" é equiparada ao suserano e o serviço amoroso impõe as mesmas exigências morais que o serviço feudal. Nesta vassalagem amorosa o amante cortês deve procurar merecer da dama os favores que ela é sempre livre de conceder ou recusar.
Do ponto de vista formal, o lirismo provençal materializa-se na "canso", uma composição que, aliando poema e música, busca ela também um modelo ideal, variando até ao infinito, através de subtilezas retóricas e métricas, as possibilidades combinatórias dos motivos amorosos, continuamente reiterados. Esta lírica amorosa desenvolveu também alguns subgéneros considerados não corteses, de que se encontram alguns exemplos nos cancioneiros galaico-portugueses, como a alba, a canção de tear, a canção da malmaridada ou a pastorela.
Do ponto de vista formal, o lirismo provençal materializa-se na "canso", uma composição que, aliando poema e música, busca ela também um modelo ideal, variando até ao infinito, através de subtilezas retóricas e métricas, as possibilidades combinatórias dos motivos amorosos, continuamente reiterados. Esta lírica amorosa desenvolveu também alguns subgéneros considerados não corteses, de que se encontram alguns exemplos nos cancioneiros galaico-portugueses, como a alba, a canção de tear, a canção da malmaridada ou a pastorela.
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Como referenciar
Porto Editora – Lirismo provençal na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-03-19 03:52:29]. Disponível em
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