Jornalista e escritor, Manuel António Pina nasceu a 18 de novembro de 1943, no
Sabugal, e faleceu a 19 de outubro de 2012, no
Porto. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1971, exerceu a advocacia e foi técnico de publicidade. Abraçou a carreira de jornalista no
Jornal de Notícias, onde passou a editor. A sua colaboração nos "media" também se distribuiu pela rádio e pela televisão
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Autor de livros para a infância e juventude e de textos poéticos, a sua obra apresenta uma grande coesão estrutural e reflete uma grande criatividade, exige do leitor um profundo sentido crítico e descodificador."Brincando" com as palavras e os conceitos, num verdadeiro trocadilho, Manuel António Pina faz da sua obra um permanente "jogo de imaginação", qual labirinto que obriga a um verdadeiro trabalho de desconstrução para se encontrar a saída
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Afirmou-se como uma das mais originais vozes poéticas na expressão pós-pessoana da fragmentação do eu, manifestando, sobretudo a partir de
Nenhum Sítio, sob a influência de T. S. Elliot, Milton ou Jorge Luis Borges, uma tendência para a exploração das possibilidades filosóficas do poema, transportando a palavra poética "quer para a investigação do processo de conhecimento quer para a investigação do processo de existência literária" (cf. MARTINS, Manuel Frias -
Sombras e Transparências da Literatura,
Lisboa, INCM, 1983, p. 72).
Transmissora de valores, muita da sua obra infantil e juvenil é selecionada para fazer parte dos manuais escolares, sendo também integrada em antologias portuguesas e espanholas
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Os seus textos dramáticos são frequentemente representados por grupos e companhias de teatro de todo o país e a sua ficção tem constituído o suporte de alguns programas de entretenimento televisivo, de que é exemplo a série infantil de doze episódios Histórias com Pés e Cabeça, 1979/80
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Como escritor, é autor de vários títulos de poesia, novelas, textos dramáticos e ensaios, entre os quais: em poesia -
Nenhum Sítio (1984),
O Caminho de Casa (1988),
Um Sítio Onde pousar a Cabeça (1991),
Algo Parecido Com Isto da Mesma Substância (1992);
Farewell Happy Fields (1993),
Cuidados Intensivos (1994),
Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança (1999),
Le Noir (2000),
Os Livros (2003); em novela -
O Escuro (1997); em
texto dramático -
História com Reis, Rainhas, Bobos, Bombeiros e Galinhas (1984),
A Guerra Do Tabuleiro de Xadrez (1985); no ensaio -
Anikki - Bóbó (1997); na crónica -
O Anacronista (1994); e, finalmente, na
literatura infantil -
O País das Pessoas de Pernas para o Ar (1973),
Gigões e Amantes (1978),
O Têpluquê (1976),
O Pássaro da Cabeça (1983),
Os Dois Ladrões (1986),
Os Piratas (1986),
O Inventão (1987),
O Tesouro (1993),
O Meu Rio é de Ouro (1995),
Uma Viagem Fantástica (1996),
Morket (1999),
Histórias que me contaste tu (1999),
O Livro de Desmatemática e
A Noite, obra posta em palco pela Companhia de Teatro Pé de Vento, com encenação de João Luís
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A sua obra tem merecido, frequentemente, destaque, tendo-lhe valido homenagens com diversos prémios, como, por exemplo, o Prémio Literário da Casa da Imprensa, em 1978, por Aquele Que Quer Morrer; o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens e a Menção do Júri do Prémio Europeu Pier Paolo Vergerio da Universidade de Pádua, em 1988, por O Inventão; o Prémio do Centro Português de Teatro para a Infância e Juventude, em 1988, pelo conjunto da obra; o Prémio Nacional de Crónica Press Clube/Clube de Jornalistas, em 1993, pelas suas crónicas; o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários, em 2001, por Atropelamento e Fuga; e o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava e o Grande Prémio de Poesia da APE/CTT, ambos pela obra Os Livros, recebidos em 2005
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