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Língua Portuguesa
Micropaisagem
Incluído numa segunda fase da obra poética de Carlos de Oliveira, marcada por uma "procura intensificada da depuração e da concentração expressiva" (GUSMÃO, Manuel - A Poesia de Carlos de Oliveira (estudo e antologia), Lisboa, Ed. Comunicação, 1981, p. 68), tendência que se reflete no rigor de construção, no estilo mais elíptico e substantivo, mais "minucioso na escolha e ordenação das palavras" (id., ibi., p. 69), sendo que "a menor e regular dimensão dos poemas ou dos seus fragmentos-unidades internas, no caso dos poemas 'compostos', facilitam e produzem uma mais intensa tensão rítmica e expressiva interna", em Micropaisagem agudiza-se, se comparado com volumes anteriores, o carácter autorreferencial da poesia, ao mesmo tempo que a captação das imagens do mundo mineral tende a conduzir a um ocultamento do sujeito poético sob uma paisagem estagnada embora em milenar movimento: "Se o poema / analisasse / a própria oscilação / interior, / cristalizasse / um outro movimento / mais subtil, / o da estrutura / em que se geram / milénios depois / estas imaginárias / flores calcárias, / acharia / o seu micro-rigor" ("Estalactite", in Micropaisagem). Equacionando a dinâmica lenta de sedimentação da realidade e a construção do poema, avulta neste volume a consciência de um trabalho de despojamento, de filtragem, imperioso para que, na sua forma final, o poema condense, com brevidade, um ritmo íntimo, um subterrâneo entrelaçar de sentidos, a sua nudez e essencialidade.
Como referenciar:
Micropaisagem in Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2021. [consult. 2021-01-17 17:52:30]. Disponível na Internet: