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A Arte dos Séculos XVII e XVIII

A arte maneirista de meados do século XVI, contemporânea da fase final da arte renascentista, prolongou-se até ao século XVII, altura em que atingiu a sua maturidade. Este estilo, nascido em Itália, marcou a transição da linguagem renascentista para uma nova estética reinterpretativa do classicismo, refletindo uma conjuntura de mudança social, política e religiosa.
Se o Renascimento fora a época do otimismo e da crença nas capacidades do Homem, o Maneirismo foi a época das inquietações. Em meados do século XVI as certezas do Renascimento vão ser abaladas pelo rebentamento de conflitos de variada ordem: Martinho Lutero desencadeia o movimento protestante; as tropas espanholas e francesas invadem a Itália; a cidade de Roma é saqueada pelas tropas de Carlos V em 1527; os turcos assediam a Europa oriental; dá-se a revolução heliocêntrica de Copérnico; as atividades comerciais desenvolvem-se à escala do mundo.
O Maneirismo é um movimento de elites, pois as obras de arte são pensadas e produzidas para o consumo e desfruto particular dos mais cultos e mais abastados, atraídos pelo colecionismo emergente.
Palácio do Freixo, séc. XVIII, Porto
O Enterro do Conde de Orgaz, 1588
Cúpula da Basílica de S. Pedro no Vaticano, Itália
Estilo maneirista na fachada do Mosteiro de S.Vicente de Fora
Palácio de Versalhes, uma construção emblemática do Barroco
É também um movimento artístico academista. O pintor e escritor florentino Vasari inaugurou a primeira Academia teórica, na cidade de Florença, onde se ensinam e se discutem as disciplinas artísticas de arquitetura, pintura e estética.
Este estilo, prenunciado nos trabalhos de artistas renascentistas como Michelangelo Buonarroti, Rafael Sanzio e Leonardo da Vinci, caracteriza-se sumariamente por um intencional desequilíbrio compositivo, pela utilização de cores ácidas na pintura e pelo gosto das posições afetadas ou artificiais e pelas formas alongadas.
Bramante e Rafael são os teóricos da arquitetura, que partem deste revigorado classicismo para dar origem a uma nova estética saída da reforma religiosa, do saque de Roma e de uma profunda crise que abalou os conteúdos programáticos clássicos. A arquitetura maneirista propõe uma reinterpretação do vocabulário clássico com maior liberdade, recorrendo ao jogo de volumes e de contrastes, destacando algumas partes dos edifícios e utilizando elementos estruturais como decoração e aspetos decorativos originais.
Michelangelo Buonarroti foi o artista revolucionador em obras como a Biblioteca Laurenziana de Florença e a Basílica de S. Pedro de Roma, onde construiu uma inovadora cúpula. Outro nome essencial da arquitetura maneirista é Vignola, autor de tratados de arquitetura e da Igreja de Gesú em Roma, a sede da congregação religiosa criada por Santo Inácio de Loyola (Companhia de Jesus), que se tornou o protótipo das igrejas jesuítas. Esta igreja é de facto muito importante pois ela responde às novas exigências da Contrarreforma, apresentando uma nave larga rodeada de capelas intercomunicantes e com um púlpito para acolher e melhor servir um grande número de fiéis. Curiosamente a fachada não é da autoria de Vignola, mas de Giacomo della Porta.
Outras figuras não menos importantes são Serlio e Andrea Palladio, um intelectual com uma forte influência no resto da Europa.
A escultura maneirista não põe de parte o naturalismo tão apreciado pelo Renascimento, mas procura novos caminhos recorrendo a formas alongadas e "afetadas" e posições complicadas como "serpentinata". Num período difícil para a Igreja católica, os motivos religiosos são substituídos por uma escultura mitológica de tipo erótico. Este tipo de escultura apareceu com Michelangelo e tornou-se conhecida através de Benvenuto Cellini e Giambologna.
O introdutor do Maneirismo na pintura foi Michelangelo, nomeadamente através do Juízo Final da capela sistina. O Maneirismo na pintura manifesta-se pela utilização de perspetivas oblíquas, pelo desequilíbrio compositivo, pelos jogos de cores ácidas e pelo movimento. Em Itália destacaram-se Andrea del Sarto e os seus discípulos florentinos; o retratista Bronzino; Correggio, da escola de Parma; Veronese; Tintoretto, da escola de Veneza; e Giulio Romano e Sebastiano del Piombo, de Roma.
No resto da Europa, os grandes pintores que adotaram este estilo foram por exemplo Brueghel na Flandres, Matias Grünewald, na Alemanha, e El Greco, em Espanha.
Em Portugal uma das correntes maneiristas bebeu da fonte dos tratadistas italianos, sobretudo de Serlio e Palladio. No nosso país praticava-se a "arte romana" tanto nas realizações maneiristas como renascentistas. Casos excecionais são o claustro do Convento de Cristo de Tomar, de Diogo de Torralva, e a capela-mor do Mosteiro dos Jerónimos, de Jerónimo de Ruão. Numa corrente de teor mais nacional encontramos mestres de formação nacional, que edificam igrejas-salão, inspiradas nos Jerónimos, como a Sé de Portalegre.
Paralelamente à corrente italiana e à nacional, há uma terceira corrente que segue o modelo da igreja del Gesú de Vignola e reproduz as igrejas jesuítas feitas à medida das necessidades e possibilidades adequadas a cada caso - templo do Espírito Santo em Évora, de Manuel Pires, a igreja de S. Roque, em Lisboa, e a Sé de Leiria, de Afonso Álvares.
A corrente inspirada no decorativismo flamengo é minoritária, mas podemos encontrá-la na igreja de Nossa Senhora da Luz, em Lisboa, de Jerónimo de Ruão, e na reedificação da igreja de S. Vicente de Fora, ordenada por Filipe II e dirigida por Baltasar Álvares. Na escultura destacou-se Filipe de Hodarte e na pintura Gregório Lopes, Garcia Fernandes e Gaspar Dias, entre outros. Francisco de Holanda, um teórico amante da cultura clássica, esteve em Itália, onde terá contactado com Michelangelo, deixou-nos um álbum de desenhos De Aetatis Mundi Imagines, oferecido a Filipe II.
O Barroco também surgiu no fim do século XVI, mas a sua vida foi bem mais longa do que a do Maneirismo, uma vez que se manteve até ao século XVIII. Se incluirmos o Rocaille ou Rococó, o Barroco é uma fase artística da Europa ocidental, que se estende do século XVI ao início do Neoclassicismo do último quartel do século XVIII.
É o estilo emblemático do Antigo Regime e da Arte da segunda Contrarreforma, que reflete um tipo social muito característico e um espírito ao mesmo tempo de misticismo e de paixão.
Esta arte exprimiu-se através da exaltação do movimento, da materialização da emoção e do êxtase, da sensualidade das formas, da monumentalidade cenográfica, do exagero ornamental propositado e do jogo de contrastes intensos: sombra/luz; massas/vazio; curvas/contracurvas e côncavos/convexos.
O Barroco é o reflexo de uma sociedade cortesã em mutação e do regime absolutista, numa Europa assolada por conflitos religiosos e vivendo num clima de pesado misticismo e de uma revigorada religiosidade saída da reforma tridentina do catolicismo.
O Palácio de Versalhes, que acolhia a famosa corte de Luís XIV, o "Rei Sol" de França, é a imagem simbólica do regime absolutista. É uma das construções emblemáticas do Barroco, pelo menos em termos de arquitetura civil, pois nela estão condensadas algumas das suas principais características, sendo bem vivo o espírito que preside a este género artístico. Versalhes é um luxuoso palácio, que enfatiza a monumentalidade de uma construção excessivamente decorada, e dotada de magníficos jardins, produzida para dignificar e prestigiar o seu promotor e proporcionar conforto e prazer àqueles que dele usufruíam. O convento/palácio de Mafra, de Ludovice, foi criado para copiar, à escala nacional, o palácio francês. Foi patrocinado por D. João V, um monarca que investiu parte das riquezas coloniais brasileiras em obras de arte ao estilo barroco, com o objetivo de engrandecer a nação e a sua governação.
A arquitetura barroca dá um novo significado à tradição clássica, rejeitando a simetria e as proporções matemáticas substituídas por relações livres das dimensões. As linhas retas do Maneirismo são preteridas relativamente às linhas curvas e a sobriedade ornamental é superada por um exagero de decoração.
Bernini, o arquiteto italiano que projetou a colunata de S. Pedro na cidade do Vaticano, é um dos expoentes máximos da arquitetura barroca, que, como facilmente se constata, teve uma grande projeção internacional.
Em Portugal, onde a influência do estilo "Chão" (Plain Style), isto é, do Maneirismo, foi muito forte, são de certo modo raros os edifícios em que o movimento e as massas arquitetónicas exteriores correspondem à estrutura interna, como é característico da pura arquitetura barroca. São usados com intenções decorativas, mas a escultura pode ter a função arquitetural.
Nicolau Nasoni, um pintor ilusionista chamado ao nosso país para trabalhar na decoração pictórica da Sé portuense, veio a revelar-se um dos principais introdutores deste estilo em Portugal, atuando primordialmente na Região Norte, na cidade do Porto. Naquele núcleo urbano riscou várias igrejas e palácios, entre os quais se destacam o Palácio do Freixo e o de S. João Novo, as igrejas da Misericórdia na Rua das Flores e a igreja e torre dos Clérigos, um conjunto que se assume como o ex-líbris da cidade.
A escultura barroca vive das formas exuberantes e muito movimentadas; Bernini também se notabilizou nesta disciplina artística ao produzir uma das obras escultóricas mais significativas deste estilo: o "Êxtase de Santa Teresa de Ávila", uma obra da piedade religiosa, onde a figura esculpida apresenta uma notável expressividade.
A pintura barroca tem como temas principais as naturezas-mortas, também conhecidas por bodegon, cenas da vida familiar e paisagens pitorescas. Normalmente são representadas muitas personagens, captadas em ações movimentadas e irracionais. Em Espanha, destacam-se os trabalhos de Velasquez, Ribera e Murillo. Na Flandres, o grande mestre da pintura barroca foi indubitavelmente Rubens e na Holanda foi Rembrandt. Na Itália, Caravaggio, o "pintor maldito" que vivia no submundo perseguido pela lei, produzia quadros revolucionários, quer pela técnica, quer pelo tratamento dado às personagens. Os seus trabalhos caracterizam-se pela utilização magistral da técnica do claro-escuro, isto é, o jogo de contrastes entre zonas de sombra e zonas de luz, e pela seleção e representação das suas personagens. Os modelos escolhidos para retratar cenas religiosas ou mitológicas eram encontrados entre a populaça mas, muitas vezes, também recorria ao autorretrato.
A arte barroca entrou em decadência com a própria decadência do Antigo Regime, e a um estilo faustoso e exuberante sucede um estilo mais comedido e racional, que pretendia voltar às formas classicistas, puras e equilibradas, recuperadas do Renascimento. A uma época de excessos, o Neoclassicismo respondeu com uma arte mais serena e mais sóbria.
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Como referenciar
Porto Editora – A Arte dos Séculos XVII e XVIII na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-09-26 09:15:46]. Disponível em
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