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analepse
Técnica narrativa que consiste em relatar acontecimentos anteriores ao tempo presente da história ou mesmo anteriores ao início da ação. A analepse, juntamente com a prolepse, é um processo de distribuição dos eventos da narrativa que se insere no domínio mais amplo das anacronias (forma de organização da narrativa em que o seu fluir temporal é sujeito a exigências da construção discursiva, alterando a sua cronologia, ou por retrospetiva - analepse, ou por antecipação - prolepse).
A analepse é um processo muito utilizado e cumpre funções muito variadas na arquitetura da narrativa, que vão desde a caracterização retrospetiva de personagens, à resolução de enigmas por meio de revelações tardias ou à recuperação de episódios anteriormente elididos e sua integração na história. O artifício poético que conduz à analepse é geralmente conseguido através de uma forma de discurso relatado (discurso direto, indireto ou livre) e dos mecanismos linguísticos para a sua expressão (presente histórico, expressões verbais e adverbiais de passado), como consequência da ativação da memória de uma personagem a respeito de um facto passado.
Por exemplo, n'Os Lusíadas, a narrativa inicia-se usando a técnica das epopeias clássicas in media res (Canto I, estância 19), ou seja, a meio do fluxo da narrativa, sendo a recuperação do lapso da narrativa anterior feita nos Cantos III, IV e V pela analepse realizada pela voz do Gama, o que permite assim reintegrar o passado da história de Portugal e assim contribuir para a coesão global da história.
"Prontos estavam todos escuitando
O que o sublime Gama contaria,
Quando, despois de um pouco estar cuidando,
Alevantando o rosto, assi dizia:
- «Mandas-me, ó Rei, que conte declarandoDe minha gente a grão genealogia;Não me mandas contar estranha história,Mas mandas-me louvar dos meus a glória.»"
(Camões, Os Lusíadas, III, 3)
A analepse é um processo muito utilizado e cumpre funções muito variadas na arquitetura da narrativa, que vão desde a caracterização retrospetiva de personagens, à resolução de enigmas por meio de revelações tardias ou à recuperação de episódios anteriormente elididos e sua integração na história. O artifício poético que conduz à analepse é geralmente conseguido através de uma forma de discurso relatado (discurso direto, indireto ou livre) e dos mecanismos linguísticos para a sua expressão (presente histórico, expressões verbais e adverbiais de passado), como consequência da ativação da memória de uma personagem a respeito de um facto passado.
Por exemplo, n'Os Lusíadas, a narrativa inicia-se usando a técnica das epopeias clássicas in media res (Canto I, estância 19), ou seja, a meio do fluxo da narrativa, sendo a recuperação do lapso da narrativa anterior feita nos Cantos III, IV e V pela analepse realizada pela voz do Gama, o que permite assim reintegrar o passado da história de Portugal e assim contribuir para a coesão global da história.
"Prontos estavam todos escuitando
O que o sublime Gama contaria,
Quando, despois de um pouco estar cuidando,
Alevantando o rosto, assi dizia:
- «Mandas-me, ó Rei, que conte declarandoDe minha gente a grão genealogia;Não me mandas contar estranha história,Mas mandas-me louvar dos meus a glória.»"
(Camões, Os Lusíadas, III, 3)
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Como referenciar
Porto Editora – analepse na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-06-25 21:14:38]. Disponível em
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