< voltar
2 min
análise conversacional
A análise conversacional tem por objeto de estudo a organização social da conversação ("talk-in-interaction"), isto é, consiste num método de análise de determinadas situações de interação da vida quotidiana. Ela resulta de contributos de várias perspetivas disciplinares, sendo a "etnografia da comunicação" uma das mais antigas. Trata-se de uma corrente da antropologia americana que procurava descrever e analisar as práticas linguísticas dos diferentes grupos socioculturais. A expressão "etnografia da comunicação" é da autoria de J. Gumpertz e de D. Hymes, que a utilizaram, em 1964, para título de uma publicação. Nos anos 70, esta perspetiva de análise conheceu um forte desenvolvimento nos Estados Unidos e traduziu-se em numerosos estudos. Um dos seus objetivos primordiais era a análise das conversações (Sacks, Schegloff e Jefferson), com base no princípio de que as relações de interação quotidianas obedecem a determinadas regras de funcionamento, independentemente dos diversos conteúdos particulares, capazes de permitir o desenvolvimento de uma conversação. É neste quadro que surge uma corrente vizinha: a "etnometodologia", de H. Garfinkel. Contrariando os postulados positivistas dominantes na época, segundo os quais os factos sociais eram concebidos como objetos estáveis, este autor considera-os como produtos das atividades sociais do Homem. Estas atividades implicam o conhecimento de regras, de procedimentos e, por isso, de uma "metodologia" implícita e própria de cada meio cultural (Marc, 1989: 142). A "etnometodologia" concebe a linguagem como uma das práticas privilegiadas através das quais se constitui a vida social. A utilização da gravação de "episódios de conversação" e da respetiva transcrição constitui a técnica geralmente adotada para a análise e descrição das sequências conversacionais.
A "pragmática linguística", cujo objetivo é o de construir uma espécie de "gramática" das interações verbais (com as suas regras, estruturas e funcionamento), foi outra das perspetivas fundadoras da análise conversacional. A pragmática debruça-se sobre o estudo do uso da linguagem pelos locutores e a apreensão do sentido dos enunciados num determinado contexto, interessando-se, pois, pela função comunicativa dos atos da linguagem. J. L. Austin, J. R. Searle e H. P. Grice são alguns dos autores que desenvolveram determinadas noções (tais como "intenção", "implícito", "pressuposto", "ato locutório", "ato ilocutório", "argumentação", etc.) essenciais à fundamentação da análise conversacional. Em suma, a análise conversacional assenta na ideia de que o comportamento humano é condicionado por determinadas regras que se traduzem em regularidades (par pergunta-resposta /
/ adjency-pair, "abertura" da sequência, silêncios...), observáveis e passíveis de análises, comparáveis entre si (ou não), e cujo objetivo visa, em vez da generalização, a descrição de episódios conversacionais particulares.
A "pragmática linguística", cujo objetivo é o de construir uma espécie de "gramática" das interações verbais (com as suas regras, estruturas e funcionamento), foi outra das perspetivas fundadoras da análise conversacional. A pragmática debruça-se sobre o estudo do uso da linguagem pelos locutores e a apreensão do sentido dos enunciados num determinado contexto, interessando-se, pois, pela função comunicativa dos atos da linguagem. J. L. Austin, J. R. Searle e H. P. Grice são alguns dos autores que desenvolveram determinadas noções (tais como "intenção", "implícito", "pressuposto", "ato locutório", "ato ilocutório", "argumentação", etc.) essenciais à fundamentação da análise conversacional. Em suma, a análise conversacional assenta na ideia de que o comportamento humano é condicionado por determinadas regras que se traduzem em regularidades (par pergunta-resposta /
/ adjency-pair, "abertura" da sequência, silêncios...), observáveis e passíveis de análises, comparáveis entre si (ou não), e cujo objetivo visa, em vez da generalização, a descrição de episódios conversacionais particulares.
Partilhar
Como referenciar
Porto Editora – análise conversacional na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-06-03 22:43:59]. Disponível em
Artigos
-
organização socialÉ entendida como um sistema interpessoal de esforços humanos coordenados ou como um sistema de papéi...
-
lateralTipo de consoante definida em relação ao seu modo de articulação. Estas consoantes são sempre vozead...
-
LatimO latim, língua oficial do Império Romano, foi a pedra basilar para a edificação do que seriam as lí...
-
LexemaUnidade lexical correspondente à unidade distintiva mínima do sistema semântico de uma língua, e con...
-
léxicoÉ o conjunto de palavras ou lexemas de uma língua, o seu vocabulário. Também pode ser a designação p...
-
lexicografiaRamo da lexicologia, uma das disciplinas da linguística, que se dedica à construção de dicionários, ...
-
línguaEm Linguística Geral: O termo língua (langue) surge, antes de mais, oposto a fala (parole), segundo ...
-
linguagem (linguística)SENTIDO LATO: sistema de sinais, signos ou símbolos escritos ou gestuais convencionalmente utilizado...
-
sociolinguística (linguística)A sociolinguística ou sociologia da linguagem, é uma disciplina da linguística que estuda os aspetos...
-
ruído (linguística)Em teoria da informação, designa-se por ruído qualquer perturbação que ocorra na transmissão do sina...
Partilhar
Como referenciar 
Porto Editora – análise conversacional na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-06-03 22:43:59]. Disponível em