Casa de D. Duarte (Viseu)

Na zona histórica da cidade de Viseu, na antiga Rua da Cadeia e atual Rua D. Duarte, localiza-se uma medieva moradia tradicionalmente conhecida por Casa de D. Duarte.
Esta denominação provém do facto de se pensar ter sido nesta casa que nasceu o primogénito de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, o futuro rei D. Duarte, acontecimento que teve lugar no já longínquo dia 31 de outubro de 1391. Contudo, este nascimento real terá, com toda a probabilidade, sucedido no Paço da Alcáçova, edifício contíguo à catedral viseense e que se situava na antiga Rua Nova, atual Rua Augusto Hilário.
A moradia é uma adaptação de uma torre medieval para uso civil, construída por uma família abastada. Estava dividida em dois pisos que compreendiam a loja térrea e um sobrado superior, possivelmente com um balcão contíguo já desaparecido. Esta casa medieval em granito foi remodelada nos inícios do século XVI, altura em que o seu proprietário lhe introduziu a parte mais significativa da moradia. De facto, o cónego Pero Gomes de Abreu abriu numa das paredes de granito uma belíssima janela geminada, conferindo à rude fachada uma nota de sublime graciosidade decorativa. A moldura da elegante janela manuelina é formada por duas dinâmicas colunas espiraladas, movimento de torsão sugerido na continuidade da verga superior. Ao centro, a coluna cilíndrica do mainel é capitelizada e divide as fenestrações do janelão, enquanto o intradorso da moldura se apresenta decorado por relevados e graciosos florões em pedra. No topo da janela, ladeado por movimentada composição de cariz vegetalista, surge o escudo brasonado de Pero Gomes de Abreu.
Esta janela da arte manuelina do primeiro quartel do século XVI terá sido um modelo que viria a ser copiado, nas suas diversas cambiantes estilísticas, por outras habitações coetâneas, algumas das quais ainda subsistem no casco antigo do burgo viseense.