catacrese
Do grego katakhrésis, significando "abuso, engano", é uma figura de retórica que consiste no uso impróprio de uma expressão normalmente motivado por lacuna linguística, ou seja, por ausência de termo próprio para exprimir uma certa realidade. O resultado estético da catacrese permite aproximá-la frequentemente do efeito da metáfora, uma vez que há nos dois casos transferência de propriedades do plano denotativo para o plano conotativo. A catacrese pode ter, sendo utilizada com função estética, um valor tão expressivo como o da metáfora.
No exemplo que se segue, Camões refere-se ao fenómeno do fogo de santelmo como "lume vivo/ que a marítima gente tem por Santo", dada a ausência de designação para a eletrização das velas das naus em contacto com o ar seco:
"Vi claramente visto o lume vivo
Que a marítima gente tem por Santo"
(Camões, Os Lusíadas, V, 18)
Da mesma forma, dado tratar-se de fenómenos naturais ainda desconhecidos na época, e portanto sem designação específica, Camões usa o termo "pé que tem no mar" para designar a coluna gerada pelo vento ciclónico e pela aspiração da água do mar produzida no fenómeno da tromba marítima, descrito n'Os Lusíadas:
"Mas depois que de todo se fartou,
O pé que tem no mar a si recolhe
E pelo céu, chovendo, enfim voou"
(Camões, Os Lusíadas, V, 22)
No plano não estilístico, a catacrese é um tipo de "metáfora adormecida", que foi assimilada no uso quotidiano em expressões como "asa do bule", "folha do livro", "fio de luz", "costas da cadeira", "braço do sofá", "dente de alho", etc.
No exemplo que se segue, Camões refere-se ao fenómeno do fogo de santelmo como "lume vivo/ que a marítima gente tem por Santo", dada a ausência de designação para a eletrização das velas das naus em contacto com o ar seco:
"Vi claramente visto o lume vivo
Que a marítima gente tem por Santo"
(Camões, Os Lusíadas, V, 18)
Da mesma forma, dado tratar-se de fenómenos naturais ainda desconhecidos na época, e portanto sem designação específica, Camões usa o termo "pé que tem no mar" para designar a coluna gerada pelo vento ciclónico e pela aspiração da água do mar produzida no fenómeno da tromba marítima, descrito n'Os Lusíadas:
"Mas depois que de todo se fartou,
O pé que tem no mar a si recolhe
E pelo céu, chovendo, enfim voou"
(Camões, Os Lusíadas, V, 22)
No plano não estilístico, a catacrese é um tipo de "metáfora adormecida", que foi assimilada no uso quotidiano em expressões como "asa do bule", "folha do livro", "fio de luz", "costas da cadeira", "braço do sofá", "dente de alho", etc.
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Como referenciar
Porto Editora – catacrese na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-11-30 18:27:31]. Disponível em
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