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Cazuza
Compositor e cantor brasileiro, Agenor de Miranda Araújo Neto nasceu a 4 de abril de 1958, no Rio de Janeiro, no Brasil. Criado em Ipanema e, por isso, muito habituado às praias, frequentou o colégio jesuíta de Santo Inácio, instituição carioca de referência que, a muito custo, os seus pais puderam pagar. O pai era vendedor da editora Odeon e a mãe era costureira. Embora tivesse sido uma criança muito calma, muito ligada à avó materna, foi na adolescência que começou a revelar-se o espírito rebelde que o celebrizou. Terminou o ensino secundário com dificuldades e, a troco da promessa de ser presenteado com um carro, inscrever-se-ia no curso superior de Comunicação. Desistiria do curso com menos de um mês de aulas. O jovem Agenor já nessa altura preferia a boémia e a noite do clube Baixo Leblon aos livros. A afinidade com Janis Joplin, Jimi Hendrix ou os Rolling Stones era normal na época e foi por eles que descobriu o rock. O choque maior para os pais seria a descoberta do consumo de drogas e a confessa bissexualidade do filho. Chegou a ser preso, mais do que uma vez, por posse de drogas. Para tirar o filho da vida errática que levava, o pai conseguiu-lhe emprego na Som Livre. No departamento artístico, Agenor fazia a primeira triagem de novos músicos. Não satisfeito, mudaria de emprego algumas vezes, trabalhando como divulgador de artistas e fotógrafo, por períodos curtos. É, todavia, no curso de teatro frequentado no grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone que descobre a única vocação que o satisfaz: o canto. No âmbito da peça musical Paraquedas no coração, descobre o prazer de cantar. Em 1981, o amigo Léo Jaime falou-lhe de quatro jovens que procuravam um vocalista para a sua banda. Eles eram Roberto Frejat, Dé, Maurício Barros e Guto Goffi. Prestou provas junto deles e a libertinagem vocal que demonstrou convenceu-os por completo. Por esta altura, já usava a alcunha Cazuza. Integrado gradualmente no grupo, e tomado pelo entusiasmo de ter a sua chance no meio artístico, foi mostrando as letras que escrevera e guardara na gaveta. Não demorou muito a que a banda criasse um repertório próprio, partindo dos textos de Cazuza. Nasciam os Barão Vermelho.
Depois de alguns anos de imenso sucesso, Cazuza viria a deixar os Barão Vermelho em 1985, no seguimento de uma brilhante atuação no festival Rock in Rio. As divisões no seio da banda não eram novidade, tinham sido noticiadas regularmente na comunicação brasileira, pelo que a decisão de seguir uma carreira a solo não foi um choque. Ainda nesse ano, Cazuza voltaria a ser notícia. Internado num hospital carioca com febres altíssimas, foi-lhe diagnosticada uma infeção bacteriana, apesar dos rumores de que poderia estar infetado com o HIV.
A estreia a solo, em 1985, mostrava um som mais limpo do que o dos Barão Vermelho. O disco homónimo, lançado pouco antes do final desse ano, incluiria alguns dos grandes êxitos compostos por Cazuza, como por exemplo "Exagerado" e "Codinome Beija-Flor". A polémica também marcaria o registo, com a escandalosa "Só as mães são felizes" a ser censurada e a ver proibida a sua exibição pública. Jack Keroac, nome proeminente da beat generation, era, assumidamente, a sua principal referência literária. Gradualmente, com as edições seguintes, Cazuza foi-se afastando da imagem de artista "louco" e solidificando o estatuto de compositor. Simultaneamente, os seus espetáculos ganhavam outra dimensão e amplitude. A estrela estava criada.
Quando o êxito "O nosso amor a gente inventa" tomava o tempo das rádios, ele já sabia que era portador do vírus HIV. Em outubro de 1987, após um período de internamento numa clínica do Rio de Janeiro, os pais levam-no para Boston, para se submeter a outros tratamentos. No regresso ao Brasil, além da estabilização do seu estado clínico, afirma-se definitivamente no meio artístico, com mais de meio milhão de cópias vendidas com Ideologia, editado em 1988. Nesse ano, seria agraciado com os prémios Sharp de melhor cantor pop-rock e melhor música pop-rock, pela canção "Preciso dizer que te amo", composta com Dé (seu antigo companheiro nos Barão Vermelho) e Bebel Gilberto. A digressão de promoção do álbum mostraria um Cazuza mais contido e maduro, o que não o livrou de um episódio polémico quando, numa atuação no Canecão, cuspiu na bandeira brasileira atirada para o palco por um fã. Pouco tempo depois do lançamento do álbum, admitiria publicamente a infeção com HIV, tornando-se a primeira figura pública brasileira a fazê-lo. A degradação física que se seguiria obrigou-o a enorme força de vontade para gravar o último registo publicado em vida. Burguesia, um álbum duplo, com rock e MPB, mostrava uma voz algo enfraquecida e não obteria marcas comerciais relevantes.
Em outubro de 1989, depois de quatro meses de intensos tratamentos clínicos em São Paulo, Cazuza voltou a Boston, onde ficaria internado até março de 1990. A saúde do cantor era débil e viria a perecer a 7 de julho desse ano.
Discografia
1985, Exagerado
1987, Só se For a Dois
1988, Ideologia
1988, O Tempo Não Para - Cazuza Ao Vivo
1989, Burguesia
1991, Por Aí (póstumo)
Depois de alguns anos de imenso sucesso, Cazuza viria a deixar os Barão Vermelho em 1985, no seguimento de uma brilhante atuação no festival Rock in Rio. As divisões no seio da banda não eram novidade, tinham sido noticiadas regularmente na comunicação brasileira, pelo que a decisão de seguir uma carreira a solo não foi um choque. Ainda nesse ano, Cazuza voltaria a ser notícia. Internado num hospital carioca com febres altíssimas, foi-lhe diagnosticada uma infeção bacteriana, apesar dos rumores de que poderia estar infetado com o HIV.
A estreia a solo, em 1985, mostrava um som mais limpo do que o dos Barão Vermelho. O disco homónimo, lançado pouco antes do final desse ano, incluiria alguns dos grandes êxitos compostos por Cazuza, como por exemplo "Exagerado" e "Codinome Beija-Flor". A polémica também marcaria o registo, com a escandalosa "Só as mães são felizes" a ser censurada e a ver proibida a sua exibição pública. Jack Keroac, nome proeminente da beat generation, era, assumidamente, a sua principal referência literária. Gradualmente, com as edições seguintes, Cazuza foi-se afastando da imagem de artista "louco" e solidificando o estatuto de compositor. Simultaneamente, os seus espetáculos ganhavam outra dimensão e amplitude. A estrela estava criada.
Quando o êxito "O nosso amor a gente inventa" tomava o tempo das rádios, ele já sabia que era portador do vírus HIV. Em outubro de 1987, após um período de internamento numa clínica do Rio de Janeiro, os pais levam-no para Boston, para se submeter a outros tratamentos. No regresso ao Brasil, além da estabilização do seu estado clínico, afirma-se definitivamente no meio artístico, com mais de meio milhão de cópias vendidas com Ideologia, editado em 1988. Nesse ano, seria agraciado com os prémios Sharp de melhor cantor pop-rock e melhor música pop-rock, pela canção "Preciso dizer que te amo", composta com Dé (seu antigo companheiro nos Barão Vermelho) e Bebel Gilberto. A digressão de promoção do álbum mostraria um Cazuza mais contido e maduro, o que não o livrou de um episódio polémico quando, numa atuação no Canecão, cuspiu na bandeira brasileira atirada para o palco por um fã. Pouco tempo depois do lançamento do álbum, admitiria publicamente a infeção com HIV, tornando-se a primeira figura pública brasileira a fazê-lo. A degradação física que se seguiria obrigou-o a enorme força de vontade para gravar o último registo publicado em vida. Burguesia, um álbum duplo, com rock e MPB, mostrava uma voz algo enfraquecida e não obteria marcas comerciais relevantes.
Em outubro de 1989, depois de quatro meses de intensos tratamentos clínicos em São Paulo, Cazuza voltou a Boston, onde ficaria internado até março de 1990. A saúde do cantor era débil e viria a perecer a 7 de julho desse ano.
Discografia
1985, Exagerado
1987, Só se For a Dois
1988, Ideologia
1988, O Tempo Não Para - Cazuza Ao Vivo
1989, Burguesia
1991, Por Aí (póstumo)
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Como referenciar
Porto Editora – Cazuza na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-01-27 13:36:52]. Disponível em
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