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conotação
Termo usado na filosofia escolástica, na lógica moderna, na linguística e na crítica literária. Num sentido geral, a conotação reporta-se a um sistema segundo de significação, o que origina sentidos ou valores diferentes do significado referencial ou denotativo do signo.
Na filosofia escolástica, o termo conotação, empregue primeiramente por Guillaume d'Ockham, corresponde à ideia de compreensão. Para os escolásticos, a conotação permite distinguir entre nomes absolutos e nomes conotativos. Para além disso, a conotação designa atributos a nível primário e secundário, tal como se verifica com: os nomes relativos; os nomes que pertencem ao género da quantidade; nomes como "uno", "verdadeiro".
Quanto à lógica moderna, o vocábulo conotação é utilizado desde J. Stuart Mill a G. Frege, referindo um conjunto de particularidades que estão contidas no significado de um termo. Para distinguir conotação e denotação, Stuart Mill considera que todos os nomes, atribuídos a objetos e que transmitem alguma informação, possuem um significado devido à sua carga conotativa e não denotativa. Apenas os nomes próprios estão desprovidos de qualquer significado. A distinção de conotação e denotação, tal como a entende Mill, é estudada na teoria do significado por descritivistas e neodescritivistas, como Saul Kripke e François Récanati. Na lógica de Port-Royal, a conotação é entendida como sinónimo de compreensão e a denotação como de extensão.
Relativamente à linguística, o termo conotação é introduzido por L. T. Hjelmslev que considera que a conotação não corresponde à significação primária de um termo, mas apenas a alguns elementos da sua significação, aos quais se pode acrescentar outras aceções secundárias, pois os signos da linguagem têm capacidade para adquirir significados novos.
Na crítica literária, o conceito de conotação é aplicado por S. Johansen, Adolf Stender-Petersen e, mais tarde, por Roland Barthes. Num plano literário, considera-se a poesia por natureza conotativa e a prosa por natureza denotativa. Num texto poético, um vocábulo pode adquirir variados sentidos, enquanto que, na prosa, a palavra tende para a denotação. No campo literário, para que o texto obtenha um carácter conotativo, recorre-se ao plano do estilo através, por um lado, de mecanismos da linguagem, como a polissemia, a ambiguidade, as associações semânticas, e por outro lado, de recursos estilísticos, como a metáfora ou a alegoria. Segundo Roland Barthes, a conotação é o caminho para a polissemia do texto clássico. Os textos não são unívocos, como consideram alguns estudiosos, mas plurais e simultâneos e, nesse sentido, a conotação permite que o texto funcione como um jogo, onde cada sistema reenvia a um outro, de acordo com as necessidades de criar uma certa ilusão. Ainda para Barthes, a conotação, movendo-se pelo princípio do duplo sentido, modifica a pureza da comunicação, introduzindo um diálogo entre o autor e o leitor, ou seja, uma contra-comunicação.
Na filosofia escolástica, o termo conotação, empregue primeiramente por Guillaume d'Ockham, corresponde à ideia de compreensão. Para os escolásticos, a conotação permite distinguir entre nomes absolutos e nomes conotativos. Para além disso, a conotação designa atributos a nível primário e secundário, tal como se verifica com: os nomes relativos; os nomes que pertencem ao género da quantidade; nomes como "uno", "verdadeiro".
Quanto à lógica moderna, o vocábulo conotação é utilizado desde J. Stuart Mill a G. Frege, referindo um conjunto de particularidades que estão contidas no significado de um termo. Para distinguir conotação e denotação, Stuart Mill considera que todos os nomes, atribuídos a objetos e que transmitem alguma informação, possuem um significado devido à sua carga conotativa e não denotativa. Apenas os nomes próprios estão desprovidos de qualquer significado. A distinção de conotação e denotação, tal como a entende Mill, é estudada na teoria do significado por descritivistas e neodescritivistas, como Saul Kripke e François Récanati. Na lógica de Port-Royal, a conotação é entendida como sinónimo de compreensão e a denotação como de extensão.
Relativamente à linguística, o termo conotação é introduzido por L. T. Hjelmslev que considera que a conotação não corresponde à significação primária de um termo, mas apenas a alguns elementos da sua significação, aos quais se pode acrescentar outras aceções secundárias, pois os signos da linguagem têm capacidade para adquirir significados novos.
Na crítica literária, o conceito de conotação é aplicado por S. Johansen, Adolf Stender-Petersen e, mais tarde, por Roland Barthes. Num plano literário, considera-se a poesia por natureza conotativa e a prosa por natureza denotativa. Num texto poético, um vocábulo pode adquirir variados sentidos, enquanto que, na prosa, a palavra tende para a denotação. No campo literário, para que o texto obtenha um carácter conotativo, recorre-se ao plano do estilo através, por um lado, de mecanismos da linguagem, como a polissemia, a ambiguidade, as associações semânticas, e por outro lado, de recursos estilísticos, como a metáfora ou a alegoria. Segundo Roland Barthes, a conotação é o caminho para a polissemia do texto clássico. Os textos não são unívocos, como consideram alguns estudiosos, mas plurais e simultâneos e, nesse sentido, a conotação permite que o texto funcione como um jogo, onde cada sistema reenvia a um outro, de acordo com as necessidades de criar uma certa ilusão. Ainda para Barthes, a conotação, movendo-se pelo princípio do duplo sentido, modifica a pureza da comunicação, introduzindo um diálogo entre o autor e o leitor, ou seja, uma contra-comunicação.
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Como referenciar
Porto Editora – conotação na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-05-28 13:18:31]. Disponível em
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