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contexto (pragmática)
Conceito que recebeu muitas interpretações no âmbito da pragmática e da teoria da comunicação. A designação de contexto alternou com a de situação. Seguem-se algumas definições mais relevantes segundo diferentes autores:
a) M. Halliday (1976): retoma a expressão "Contexto de Situação", de Malinowsky (1923), que reduz à noção de "Situação", definindo-a pelo conjunto dos fatores extra-linguísticos em que um texto está ancorado e que são relevantes para o sentido do mesmo. Como fatores externos constituintes da "Situação" destaca "a natureza da audiência", "o meio" e "o objetivo comunicativo". Halliday recupera também a abordagem feita por D. Hymes sobre o contexto, definido como um conjunto de oito elementos: "a forma e o conteúdo do texto, a localização, os participantes, as finalidades (intenção e efeito), a chave, o meio, o género e as normas interaccionais". Apesar de Hymes considerar o aspeto linguístico da forma e do conteúdo do texto, Halliday concentra-se nas consequências que os aspetos exteriores ao texto podem ter para a construção do sentido do próprio texto.
b) R. Brown e C. Fraser (1979): a situação engloba o ambiente (tempo, lugar, observadores), os participantes (participantes por si só - como membros de uma categoria social - e a relação que estabelecem entre si - relações interpessoais e papéis desempenhados) e o objetivo (tipo de atividade e assunto específico);
c) C. Kerbrat-Orecchioni (1990): corresponde ao "conjunto dos saberes que o falante precisa de possuir para comunicar com eficácia", mas é igualmente o "ambiente extra-linguístico de um enunciado", de fazem parte a localização ou ancoragem do enunciado, que se entende como o quadro espacio-temporal, o objetivo comunicativo e os participantes, os elementos mais importantes do seu quadro comunicativo, com as suas competência linguísticas e não linguísticas, com as suas determinações psicológicas e psicanalíticas, com as suas competências culturais (ou enciclopédicas - conjunto de saberes implícitos sobre o mundo) e ideológicas (conjunto de sistemas de interpretação e avaliação do universo referencial). Orecchioni distingue contexto de cotexto, sendo o primeiro sinónimo de situação comunicativa e o segundo sinónimo de vizinhança verbal ou textual.
d) T. Sebeok (1991): o contexto inclui o conjunto do sistema cognitivo (mente), as mensagens a transitar em paralelo, a memória das mensagens anteriormente processadas e experienciadas e a antecipação das futuras mensagens que se espera virem a ser trazidas para a cena;
e) J. Moeschler (1998): o contexto é o conjunto de premissas/dados linguísticos ou não linguísticos importantes para a interpretação de um enunciado. Trata-se da primeira posição que integra não apenas os aspetos extra-linguísticos, mas também tudo o que tenha a ver com a construção gramatical e semântica da frase. Moeschler estende ainda mais o domínio do contexto, alargando-o ao conjunto dos dados de natureza cognitiva e psico-cognitiva, como o conhecimento enciclopédico, percetual e anterior. Mais tarde, Moeschler (2001) desenvolve o conceito de contexto como uma "construção dinâmica, não um dado invariante", que muda e ganha nova existência para cada enunciado. O contexto, para o autor, representa tudo aquilo que permite compreender completamente o sentido de um enunciado e que escapa à simples descodificação linguística, ou seja, é o conjunto de informações disponíveis que, tiradas do enunciado precedente, da memória a curto ou longo prazo e do ambiente físico, tornam o enunciado do locutor pertinente e inteligível para o interlocutor. Moeschler chama a atenção para o papel que o contexto desempenha na comunicação: trata-se do dispositivo responsável por "acionar ou reativar as informações disponíveis subjacentes às diferentes fontes de informação" de ordem espacio-temporal, cognitiva ou psico-cognitiva, dispositivo esse que tem por objetivo assegurar a clareza na comunicação e evitar o mal-entendido.
a) M. Halliday (1976): retoma a expressão "Contexto de Situação", de Malinowsky (1923), que reduz à noção de "Situação", definindo-a pelo conjunto dos fatores extra-linguísticos em que um texto está ancorado e que são relevantes para o sentido do mesmo. Como fatores externos constituintes da "Situação" destaca "a natureza da audiência", "o meio" e "o objetivo comunicativo". Halliday recupera também a abordagem feita por D. Hymes sobre o contexto, definido como um conjunto de oito elementos: "a forma e o conteúdo do texto, a localização, os participantes, as finalidades (intenção e efeito), a chave, o meio, o género e as normas interaccionais". Apesar de Hymes considerar o aspeto linguístico da forma e do conteúdo do texto, Halliday concentra-se nas consequências que os aspetos exteriores ao texto podem ter para a construção do sentido do próprio texto.
b) R. Brown e C. Fraser (1979): a situação engloba o ambiente (tempo, lugar, observadores), os participantes (participantes por si só - como membros de uma categoria social - e a relação que estabelecem entre si - relações interpessoais e papéis desempenhados) e o objetivo (tipo de atividade e assunto específico);
c) C. Kerbrat-Orecchioni (1990): corresponde ao "conjunto dos saberes que o falante precisa de possuir para comunicar com eficácia", mas é igualmente o "ambiente extra-linguístico de um enunciado", de fazem parte a localização ou ancoragem do enunciado, que se entende como o quadro espacio-temporal, o objetivo comunicativo e os participantes, os elementos mais importantes do seu quadro comunicativo, com as suas competência linguísticas e não linguísticas, com as suas determinações psicológicas e psicanalíticas, com as suas competências culturais (ou enciclopédicas - conjunto de saberes implícitos sobre o mundo) e ideológicas (conjunto de sistemas de interpretação e avaliação do universo referencial). Orecchioni distingue contexto de cotexto, sendo o primeiro sinónimo de situação comunicativa e o segundo sinónimo de vizinhança verbal ou textual.
d) T. Sebeok (1991): o contexto inclui o conjunto do sistema cognitivo (mente), as mensagens a transitar em paralelo, a memória das mensagens anteriormente processadas e experienciadas e a antecipação das futuras mensagens que se espera virem a ser trazidas para a cena;
e) J. Moeschler (1998): o contexto é o conjunto de premissas/dados linguísticos ou não linguísticos importantes para a interpretação de um enunciado. Trata-se da primeira posição que integra não apenas os aspetos extra-linguísticos, mas também tudo o que tenha a ver com a construção gramatical e semântica da frase. Moeschler estende ainda mais o domínio do contexto, alargando-o ao conjunto dos dados de natureza cognitiva e psico-cognitiva, como o conhecimento enciclopédico, percetual e anterior. Mais tarde, Moeschler (2001) desenvolve o conceito de contexto como uma "construção dinâmica, não um dado invariante", que muda e ganha nova existência para cada enunciado. O contexto, para o autor, representa tudo aquilo que permite compreender completamente o sentido de um enunciado e que escapa à simples descodificação linguística, ou seja, é o conjunto de informações disponíveis que, tiradas do enunciado precedente, da memória a curto ou longo prazo e do ambiente físico, tornam o enunciado do locutor pertinente e inteligível para o interlocutor. Moeschler chama a atenção para o papel que o contexto desempenha na comunicação: trata-se do dispositivo responsável por "acionar ou reativar as informações disponíveis subjacentes às diferentes fontes de informação" de ordem espacio-temporal, cognitiva ou psico-cognitiva, dispositivo esse que tem por objetivo assegurar a clareza na comunicação e evitar o mal-entendido.
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Como referenciar
Porto Editora – contexto (pragmática) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-10-01 03:58:34]. Disponível em
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