Corto Maltese
Porventura a mais poética personagem da banda desenhada (BD) europeia, foi criada por Hugo Pratt em 1967, em Itália.
Marinheiro errante, nascido em Malta a 10 de julho de 1887, filho de mãe cigana (espanhola) e pai marinheiro (inglês), Corto Maltese é alto, de brinco na orelha esquerda, usa patilhas compridas, boné de marinheiro e não dispensa um cigarro. É um verdadeiro (anti-)herói romântico, que vive intensamente as primeiras décadas do século XX, surgindo nos mais remotos lugares como testemunha da História: em 1904, encontramo-lo na Manchúria, em plena guerra russo-japonesa (A Juventude de Corto Maltese); em 1913, com piratas no Pacífico sul (A Balada do Mar Salgado); em 1917, na Irlanda, onde pontificam as ações independentistas do IRA (Exército Republicano Irlandês) e todo imaginário celta (As Célticas); em 1919, na China e na Sibéria (Corto Maltese na Sibéria); em 1921, na sua Veneza, cidade que tanto ama (Fábula de Veneza), povoada de lugares mágicos e secretos. Esteve ainda na Turquia, no Brasil, na Argentina e na Suíça, entre outros países, sempre errante, de sorriso trocista, de quem não leva nada demasiado a sério, mas é cheio de surpresas e vive sob um código de conduta muito próprio, sendo fascinado pelo esoterismo e pelas lendas.
Esta vida aventurosa de Corto Maltese confunde-se com a do próprio autor, que também errou entre a Europa, a África e as Américas. As influências de Pratt são grandes autores da literatura mundial, como Joseph Conrad, Robert-Louis Stevenson, Hermann Hesse, Ernest Hemingway, Jack London, Rudyard Kipling e André Malraux. As subtilezas narrativas, a personalidade das múltiplas personagens que aparecem, nomeadamente Pandora e Rasputine, o inovador aspeto gráfico, a gestão dos silêncios e os diferentes planos são os principais aspetos que tornam a sua obra inconfundível.
Surgiu pela primeira vez, em julho de 1967, em Itália, no número inaugural da revista Sgt. Kirk, uma aposta de um verdadeiro mecenas da BD, Florenzo Ivaldi, no clássico La Ballata del Mare Salato (A Balada do Mar Salgado), embora Corto representasse nesta história um papel secundário.
Poucos anos mais tarde, Pratt decidiu reutilizá-lo, quando foi convidado a fazer uma série para a revista francesa Pif-Gadget, entre 1970 e 1973. Inicialmente com curtos episódios de 20 páginas, depois compiladas em álbuns maiores, a preto e branco, uma das suas imagens de marca. No entanto, tal não impediu que, posteriormente, todos os seus livros tivessem sido coloridos e enriquecidos com textos introdutórios e ilustrações, com destaque para as suas preciosas aguarelas, valorizando significativamente a sua criação.
Em Itália, a partir de 1971, Corto surgirá nas revistas Linus e Il Corriere dei Piccoli, e um dos episódios mais aclamados da série - Fábula de Veneza - seria publicado pela primeira vez na revista italiana L'Europeo, em 1977. Em França, onde granjeou notoriedade, surgiu na revista (À Suivre) em 1978, e em 1981 começou a publicação de A Juventude de Corto Maltese no jornal Le Matin, em tiras diárias.
A sua revista, precisamente Corto Maltese, surgiu em Itália em 1983, tendo sido publicada até 1993. Para além de obras de Pratt foram publicadas outras, sobretudo de grandes autores italianos como Crepax, Manara, Pazienza, Battaglia, Toppi e Giardino.
O último episódio de Corto Maltese - Mû - foi editado em 1992, tendo Hugo Pratt falecido em 1995, deixando um legado único no panorama da BD mundial.
Foram do âmbito da BD, várias livros e revistas sobre Pratt e a sua obra encontram-se editados, merecendo atenção títulos tão diversos como o Guia de Veneza, ilustrado e cheio de referências aos episódios passados na Cidade dos Doges, editado em 1999, o número especial da revista francesa Geo, publicado em novembro de 2001 ou As Mulheres de Corto Maltese.
A estreia no cinema animado deu-se em 2002, com Corto Maltese, la Cour secrète des Arcanes, realizado em França por Pascal Morelli, adaptando o episódio Corto Maltese na Sibéria. Contou com as vozes de Richard Berry (como Corto Maltese), Patrick Bouchitey (como Raspoutine) e Marie Trintignant (como condesa Seminova) nos principais papéis.
Existe ainda toda uma série de produtos derivados, desde material de papelaria e perfumaria, passando por camisolas, casacos, meias ou guarda-chuvas.
Em Portugal, foi publicada pela primeira vez em 1975, a cores, na revista Tintin, a que se seguiram histórias a preto e branco. Se de início muitos contestaram a sua publicação, tal como tinha sucedido em Itália, pelo "corte" que a série representava com a orientação editorial da revista, com o tempo a maturidade narrativa, a pureza do traço e o contraste do preto e branco foram-se impondo ante críticos e leitores. Para além da permanência na Tintin até 1982, ano em que a revista encerrou, Corto também teve uma curta aparição na revista Seleções BD (II série), em 2001. As Edições 70 apresentaram grande parte dos títulos a preto e branco da série durante os anos 80, exceto A Juventude de Corto Maltese, que foi editado a cores. A Livraria Bertrand também publicou o título inaugural, A Balada do Mar Salgado e, desde 1996, a Meribérica/Liber tem editado diversos álbuns, em versão colorida.
No âmbito da coleção "Os Clássicos da Banda Desenhada", a Devir apresentou um volume dedicado ao célebre marinheiro maltês em 2003, distribuído com o Correio da Manhã. Em 2004 o jornal Público apresentou uma coleção de álbuns brochados.
Paralelamente à BD, merece referência As Mulheres de Corto Maltese (Meribérica/Liber, 2003), livro que apresenta duas dezenas de personagens femininas que mais se destacaram ao longo da série, segundo texto ficcionado de Michel Pierre, com ilustrações de Hugo Pratt e gravuras da época, sem esquecer a adaptação da obra prima, A Balada do Mar Salgado, a romance (Círculo de Leitores e Contexto, 1997).
A companhia de Teatro Fatias de Cá, de Tomar, apresentou em 2001 a peça Concerto em O Menor para Harpa e Nitroglicerina, fidedigna transposição do álbum As Célticas.
Marinheiro errante, nascido em Malta a 10 de julho de 1887, filho de mãe cigana (espanhola) e pai marinheiro (inglês), Corto Maltese é alto, de brinco na orelha esquerda, usa patilhas compridas, boné de marinheiro e não dispensa um cigarro. É um verdadeiro (anti-)herói romântico, que vive intensamente as primeiras décadas do século XX, surgindo nos mais remotos lugares como testemunha da História: em 1904, encontramo-lo na Manchúria, em plena guerra russo-japonesa (A Juventude de Corto Maltese); em 1913, com piratas no Pacífico sul (A Balada do Mar Salgado); em 1917, na Irlanda, onde pontificam as ações independentistas do IRA (Exército Republicano Irlandês) e todo imaginário celta (As Célticas); em 1919, na China e na Sibéria (Corto Maltese na Sibéria); em 1921, na sua Veneza, cidade que tanto ama (Fábula de Veneza), povoada de lugares mágicos e secretos. Esteve ainda na Turquia, no Brasil, na Argentina e na Suíça, entre outros países, sempre errante, de sorriso trocista, de quem não leva nada demasiado a sério, mas é cheio de surpresas e vive sob um código de conduta muito próprio, sendo fascinado pelo esoterismo e pelas lendas.
Esta vida aventurosa de Corto Maltese confunde-se com a do próprio autor, que também errou entre a Europa, a África e as Américas. As influências de Pratt são grandes autores da literatura mundial, como Joseph Conrad, Robert-Louis Stevenson, Hermann Hesse, Ernest Hemingway, Jack London, Rudyard Kipling e André Malraux. As subtilezas narrativas, a personalidade das múltiplas personagens que aparecem, nomeadamente Pandora e Rasputine, o inovador aspeto gráfico, a gestão dos silêncios e os diferentes planos são os principais aspetos que tornam a sua obra inconfundível.
Surgiu pela primeira vez, em julho de 1967, em Itália, no número inaugural da revista Sgt. Kirk, uma aposta de um verdadeiro mecenas da BD, Florenzo Ivaldi, no clássico La Ballata del Mare Salato (A Balada do Mar Salgado), embora Corto representasse nesta história um papel secundário.
Poucos anos mais tarde, Pratt decidiu reutilizá-lo, quando foi convidado a fazer uma série para a revista francesa Pif-Gadget, entre 1970 e 1973. Inicialmente com curtos episódios de 20 páginas, depois compiladas em álbuns maiores, a preto e branco, uma das suas imagens de marca. No entanto, tal não impediu que, posteriormente, todos os seus livros tivessem sido coloridos e enriquecidos com textos introdutórios e ilustrações, com destaque para as suas preciosas aguarelas, valorizando significativamente a sua criação.
Em Itália, a partir de 1971, Corto surgirá nas revistas Linus e Il Corriere dei Piccoli, e um dos episódios mais aclamados da série - Fábula de Veneza - seria publicado pela primeira vez na revista italiana L'Europeo, em 1977. Em França, onde granjeou notoriedade, surgiu na revista (À Suivre) em 1978, e em 1981 começou a publicação de A Juventude de Corto Maltese no jornal Le Matin, em tiras diárias.
A sua revista, precisamente Corto Maltese, surgiu em Itália em 1983, tendo sido publicada até 1993. Para além de obras de Pratt foram publicadas outras, sobretudo de grandes autores italianos como Crepax, Manara, Pazienza, Battaglia, Toppi e Giardino.
O último episódio de Corto Maltese - Mû - foi editado em 1992, tendo Hugo Pratt falecido em 1995, deixando um legado único no panorama da BD mundial.
Foram do âmbito da BD, várias livros e revistas sobre Pratt e a sua obra encontram-se editados, merecendo atenção títulos tão diversos como o Guia de Veneza, ilustrado e cheio de referências aos episódios passados na Cidade dos Doges, editado em 1999, o número especial da revista francesa Geo, publicado em novembro de 2001 ou As Mulheres de Corto Maltese.
A estreia no cinema animado deu-se em 2002, com Corto Maltese, la Cour secrète des Arcanes, realizado em França por Pascal Morelli, adaptando o episódio Corto Maltese na Sibéria. Contou com as vozes de Richard Berry (como Corto Maltese), Patrick Bouchitey (como Raspoutine) e Marie Trintignant (como condesa Seminova) nos principais papéis.
Existe ainda toda uma série de produtos derivados, desde material de papelaria e perfumaria, passando por camisolas, casacos, meias ou guarda-chuvas.
Em Portugal, foi publicada pela primeira vez em 1975, a cores, na revista Tintin, a que se seguiram histórias a preto e branco. Se de início muitos contestaram a sua publicação, tal como tinha sucedido em Itália, pelo "corte" que a série representava com a orientação editorial da revista, com o tempo a maturidade narrativa, a pureza do traço e o contraste do preto e branco foram-se impondo ante críticos e leitores. Para além da permanência na Tintin até 1982, ano em que a revista encerrou, Corto também teve uma curta aparição na revista Seleções BD (II série), em 2001. As Edições 70 apresentaram grande parte dos títulos a preto e branco da série durante os anos 80, exceto A Juventude de Corto Maltese, que foi editado a cores. A Livraria Bertrand também publicou o título inaugural, A Balada do Mar Salgado e, desde 1996, a Meribérica/Liber tem editado diversos álbuns, em versão colorida.
No âmbito da coleção "Os Clássicos da Banda Desenhada", a Devir apresentou um volume dedicado ao célebre marinheiro maltês em 2003, distribuído com o Correio da Manhã. Em 2004 o jornal Público apresentou uma coleção de álbuns brochados.
Paralelamente à BD, merece referência As Mulheres de Corto Maltese (Meribérica/Liber, 2003), livro que apresenta duas dezenas de personagens femininas que mais se destacaram ao longo da série, segundo texto ficcionado de Michel Pierre, com ilustrações de Hugo Pratt e gravuras da época, sem esquecer a adaptação da obra prima, A Balada do Mar Salgado, a romance (Círculo de Leitores e Contexto, 1997).
A companhia de Teatro Fatias de Cá, de Tomar, apresentou em 2001 a peça Concerto em O Menor para Harpa e Nitroglicerina, fidedigna transposição do álbum As Célticas.
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Como referenciar
Porto Editora – Corto Maltese na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-06-01 08:52:16]. Disponível em
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