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drama de tese
O m. q. drama de atualidade. Género dramático que se desenvolve em Portugal a partir de meados do século XIX, à medida que o drama - seguindo, aliás, uma evolução idêntica à do romance e da novela - tende a afastar-se da temática histórica e a privilegiar assuntos da atualidade. Mendes Leal, que já fora, em 1839, o pioneiro do drama histórico, com Os dois renegados, é também, cronologicamente, o introdutor do drama de tese ou drama de atualidade, com Pedro, escrito em 1849 e publicado em 1857. Ernesto Biester, um dos mais prolíficos autores do género, explica, em vários passos da sua obra crítica, o gosto crescente do público por esta nova forma de arte dramática: "O espectador sente e comove-se dobrado, achando no teatro a reprodução fiel do que vê todos os dias. Ridículos ou paixões, conhece-os, pode aferir o seu valor por si mesmo, sem recorrer à autoridade da história ou às informações duvidosas e juízos banais dos pedagogos." (in Uma viagem pela literatura contemporânea).
Outro aspeto que caracteriza o drama de tese diz respeito à sua função moralizadora. Os cultores do drama de atualidade, que, no fundo, procedem à análise da sociedade sua contemporânea no quadro de intrigas sentimentais idênticas às dos dramas históricos, são movidos por intuitos humanitários e pedagógicos. No prefácio a Um quadro da vida, de Ernesto Biester, de 1855, o crítico Rebelo da Silva refere "o pensamento moral que deve sempre inspirar, sem falsas austeridades, a obra cénica". Até Castilho, numa composição poética da coletânea O outono, de 1860, alude em verso a essa função moralizadora: "Cada um se entrevê no quadro humanidade;/ e onde só procurou prazer ou comoção,/ colhe entre choro ou riso a próvida lição./ Salvé, ó teatro! Salvé! Eu te amo! Eu te contemplo/ tão escola do bom, como do belo és templo."O drama de atualidade prolonga-se até finais do século XIX, convergindo no surto do teatro realista-naturalista, que em muitos aspetos não se liberta da linguagem retórica, das peripécias de enredo e das soluções idealistas do drama romântico.
Outro aspeto que caracteriza o drama de tese diz respeito à sua função moralizadora. Os cultores do drama de atualidade, que, no fundo, procedem à análise da sociedade sua contemporânea no quadro de intrigas sentimentais idênticas às dos dramas históricos, são movidos por intuitos humanitários e pedagógicos. No prefácio a Um quadro da vida, de Ernesto Biester, de 1855, o crítico Rebelo da Silva refere "o pensamento moral que deve sempre inspirar, sem falsas austeridades, a obra cénica". Até Castilho, numa composição poética da coletânea O outono, de 1860, alude em verso a essa função moralizadora: "Cada um se entrevê no quadro humanidade;/ e onde só procurou prazer ou comoção,/ colhe entre choro ou riso a próvida lição./ Salvé, ó teatro! Salvé! Eu te amo! Eu te contemplo/ tão escola do bom, como do belo és templo."O drama de atualidade prolonga-se até finais do século XIX, convergindo no surto do teatro realista-naturalista, que em muitos aspetos não se liberta da linguagem retórica, das peripécias de enredo e das soluções idealistas do drama romântico.
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Como referenciar
Porto Editora – drama de tese na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-02-07 02:22:31]. Disponível em
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