Edward Albee
É um dramaturgo e encenador norte-americano. Os factos conhecidos relativamente aos inícios da sua vida chegam-nos sobretudo através da escassa informação que ele próprio tornou pública e das reminiscências de amigos de longa data. Poucos escritores modernos tentaram resguardar tanto o seu passado e a sua privacidade como Albee o fez. Numa entrevista dada em 1981, perguntou-se ao autor qual seria a importância da sua biografia para o entendimento da sua obra, ao que respondeu: "Penso ser completamente irrelevante. Preferiria que as pessoas julgassem a minha obra por si só, e não por dados biográficos".
Edward Franklin Albee nasceu a 12 de março de 1928, na cidade de Washington, de pais incógnitos. Foi deixado num orfanato à nascença, e adotado pelo casal milionário Albee, que o levou para Nova Iorque, quando contava ainda apenas duas semanas de vida. Foi batizado Edward Franklin Albee em honra de um dos avôs adotivos, coproprietário do Keith-Albee Circuit, uma cadeia extremamente bem sucedida de teatros de revista.
Propiciados pela abastança familiar, os verdes anos da vida de Albee foram consideravelmente requintados. A sua infância incluiu precetores, criadagem, automóveis de luxo, verões em climas amenos, idas ao teatro e lições de equitação.
Tais privilégios não resultaram no conformismo mimado quando atingiu a maturidade. Bem pelo contrário, Albee usou a pena para reprovar os malefícios morais e espirituais infligidos ao ser humano por um excesso de ostentação de bens materiais e pela busca desenfreada do chamado "Sonho Americano".
O facto de a sua família se ter que deslocar com frequência poderá ter influído negativamente na educação de Albee. Frequentou uma série de instituições de ensino e foi expulso de uma escola secundária e, mais tarde, da academia militar, pelo mesmo motivo de assiduidade insuficiente. Obteve o diploma de estudos secundários em Choate, Connecticut, um colégio da moda dessa época. Seguidamente, inscreveu-se no Trinity College, também em Connecticut, que abandonaria após o segundo ano, apenas para dar início a uma vida mais desenvolta no bairro artístico de Greenwich Village, na cidade de Nova Iorque.
Greenwich Village era, na década de 50, um porto de abrigo para jovens escritores e boémios à procura de liberdade artística e inspiração. Buscando a sua independência, Albee foi em grande parte auxiliado por uma mesada, uma tença que lhe havia sido deixada em herança pela avó adotiva. Mesmo apesar do rendimento fixo, que lhe daria, pela voz dos amigos, a reputação de "o rapaz mais rico de Greenwich Village", Albee não se fez rogado em acatar uma série de trabalhos precários. Entre moço de recados, vendedor de livros e de discos, argumentista de programas de rádio, foi também estafeta para a companhia telegráfica Western Union. Embora tenham sugerido que Albee levou uma vida rebelde e irrequieta durante a década de 50, muitos há que afirmam ter sido estável e relativamente confortável. A certeza reside, porém, na grande paixão que nutria pela escrita e pelo teatro.
Edward Albee escreveu a sua primeira peça de teatro aos doze anos (Aliqueen), mas só imediatamente após o seu trigésimo aniversário, conseguiria ultrapassar uma fase de criações mal sucedidas. The Zoo Story (1958), peça de um só ato, viria eventualmente a conceder-lhe a atenção mundial. The Zoo Story foi estreada na então República Federal Alemã, graças às suas amizades, numa língua que Albee não compreendia, antes de ser levada à cena na Broadway. A situação política e social era, nos Estados Unidos, de uma tranquilidade enganadora, o que tornava a Alemanha mais recetiva ao experimentalismo.
Por volta de 1962, quando se estreia na Broadway a peça que iria levar Albee aos píncaros da fama, Quem tem Medo de Virginia Wolf, os Estados Unidos da América desfrutavam do que muitos vieram a considerar como um período de inocência. A eleição de Kennedy havia tentado revitalizar um país que muitos observadores julgaram de passivo e complacente. Uma paz relativa reinava na maior parte do mundo, e os valores tradicionais norte-americanos pareciam inabaláveis.
Quem tem medo de Virginia Wolf revelou-se como um dos primeiros sucessos populares a articular as correntes subterrâneas de insatisfação e de mal-estar nos Estados Unidos. Analisava e criticava as instituições que os norte-americanos mais respeitavam: a família, o casamento e o sucesso, e sugeria que haviam sido criadas em grande parte para fugir à realidade. Contrapunha-lhes a corrupção do "Sonho Americano", a esterilidade, a incapacidade de diálogo, a violência, a vida estereotipada.
A controvérsia gerada pela estreia da peça atingiu o clímax com a atribuição do Pulitzer Prize for Drama, um dos mais prestigiados prémios norte-americanos. A comissão escolhida para selecionar a peça vencedora votou pela decisão de laurear Quem tem Medo de Virginia Wolf, mas os membros da Universidade de Columbia, supervisora do galardão, negaram-lho, talvez pela sua linguagem explícita e pela exploração sistemática de tabus.
Não obstante, Albee viria posteriormente a ser titular de três Pulitzer: com Delicate Balance (1966), em que descreve uma família convencional que sofre uma reviravolta quando é invadida por bons amigos que vêm em fuga do seu próprio lar por um medo inexplicável; com Seascape (1975), na qual duas das quatro personagens são enormes criaturas reptilianas que emergem do mar; e ainda com Three Tall Women (1991), obra que reflete a crítica que lhe vinha sendo feita desde os anos 80. A par de algumas opiniões que defendiam que o teste do tempo provaria serem as suas últimas obras as melhores, o público considerava-o tão desinteressado no teatro comercial que havia chegado ao extremo de preterir a comunicação com a audiência, preferindo falar de si próprio em linguagem cifrada.
Edward Franklin Albee nasceu a 12 de março de 1928, na cidade de Washington, de pais incógnitos. Foi deixado num orfanato à nascença, e adotado pelo casal milionário Albee, que o levou para Nova Iorque, quando contava ainda apenas duas semanas de vida. Foi batizado Edward Franklin Albee em honra de um dos avôs adotivos, coproprietário do Keith-Albee Circuit, uma cadeia extremamente bem sucedida de teatros de revista.
Propiciados pela abastança familiar, os verdes anos da vida de Albee foram consideravelmente requintados. A sua infância incluiu precetores, criadagem, automóveis de luxo, verões em climas amenos, idas ao teatro e lições de equitação.
Tais privilégios não resultaram no conformismo mimado quando atingiu a maturidade. Bem pelo contrário, Albee usou a pena para reprovar os malefícios morais e espirituais infligidos ao ser humano por um excesso de ostentação de bens materiais e pela busca desenfreada do chamado "Sonho Americano".
O facto de a sua família se ter que deslocar com frequência poderá ter influído negativamente na educação de Albee. Frequentou uma série de instituições de ensino e foi expulso de uma escola secundária e, mais tarde, da academia militar, pelo mesmo motivo de assiduidade insuficiente. Obteve o diploma de estudos secundários em Choate, Connecticut, um colégio da moda dessa época. Seguidamente, inscreveu-se no Trinity College, também em Connecticut, que abandonaria após o segundo ano, apenas para dar início a uma vida mais desenvolta no bairro artístico de Greenwich Village, na cidade de Nova Iorque.
Greenwich Village era, na década de 50, um porto de abrigo para jovens escritores e boémios à procura de liberdade artística e inspiração. Buscando a sua independência, Albee foi em grande parte auxiliado por uma mesada, uma tença que lhe havia sido deixada em herança pela avó adotiva. Mesmo apesar do rendimento fixo, que lhe daria, pela voz dos amigos, a reputação de "o rapaz mais rico de Greenwich Village", Albee não se fez rogado em acatar uma série de trabalhos precários. Entre moço de recados, vendedor de livros e de discos, argumentista de programas de rádio, foi também estafeta para a companhia telegráfica Western Union. Embora tenham sugerido que Albee levou uma vida rebelde e irrequieta durante a década de 50, muitos há que afirmam ter sido estável e relativamente confortável. A certeza reside, porém, na grande paixão que nutria pela escrita e pelo teatro.
Edward Albee escreveu a sua primeira peça de teatro aos doze anos (Aliqueen), mas só imediatamente após o seu trigésimo aniversário, conseguiria ultrapassar uma fase de criações mal sucedidas. The Zoo Story (1958), peça de um só ato, viria eventualmente a conceder-lhe a atenção mundial. The Zoo Story foi estreada na então República Federal Alemã, graças às suas amizades, numa língua que Albee não compreendia, antes de ser levada à cena na Broadway. A situação política e social era, nos Estados Unidos, de uma tranquilidade enganadora, o que tornava a Alemanha mais recetiva ao experimentalismo.
Por volta de 1962, quando se estreia na Broadway a peça que iria levar Albee aos píncaros da fama, Quem tem Medo de Virginia Wolf, os Estados Unidos da América desfrutavam do que muitos vieram a considerar como um período de inocência. A eleição de Kennedy havia tentado revitalizar um país que muitos observadores julgaram de passivo e complacente. Uma paz relativa reinava na maior parte do mundo, e os valores tradicionais norte-americanos pareciam inabaláveis.
Quem tem medo de Virginia Wolf revelou-se como um dos primeiros sucessos populares a articular as correntes subterrâneas de insatisfação e de mal-estar nos Estados Unidos. Analisava e criticava as instituições que os norte-americanos mais respeitavam: a família, o casamento e o sucesso, e sugeria que haviam sido criadas em grande parte para fugir à realidade. Contrapunha-lhes a corrupção do "Sonho Americano", a esterilidade, a incapacidade de diálogo, a violência, a vida estereotipada.
A controvérsia gerada pela estreia da peça atingiu o clímax com a atribuição do Pulitzer Prize for Drama, um dos mais prestigiados prémios norte-americanos. A comissão escolhida para selecionar a peça vencedora votou pela decisão de laurear Quem tem Medo de Virginia Wolf, mas os membros da Universidade de Columbia, supervisora do galardão, negaram-lho, talvez pela sua linguagem explícita e pela exploração sistemática de tabus.
Não obstante, Albee viria posteriormente a ser titular de três Pulitzer: com Delicate Balance (1966), em que descreve uma família convencional que sofre uma reviravolta quando é invadida por bons amigos que vêm em fuga do seu próprio lar por um medo inexplicável; com Seascape (1975), na qual duas das quatro personagens são enormes criaturas reptilianas que emergem do mar; e ainda com Three Tall Women (1991), obra que reflete a crítica que lhe vinha sendo feita desde os anos 80. A par de algumas opiniões que defendiam que o teste do tempo provaria serem as suas últimas obras as melhores, o público considerava-o tão desinteressado no teatro comercial que havia chegado ao extremo de preterir a comunicação com a audiência, preferindo falar de si próprio em linguagem cifrada.
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Como referenciar
Porto Editora – Edward Albee na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-10-01 00:37:03]. Disponível em
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