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escolástica
Este termo é vulgarmente aplicado apenas a um determinado período da cristandade (a escolástica latina), todavia há também uma escolástica hebraica e outra islâmica. Limitar-se-à, neste artigo, o sentido ao seu uso mais comum, isto é, enquanto escolástica latina.
No grego, skolê significava o tempo livre, pressupondo-se, na medievalidade latina, o tempo livre necessário para o estudo e a contemplação dos problemas teológico-filosóficos.
Embora desde o século V seja possível encontrar esboços das escolas, é só no século IX que elas surgem já delineadas nos traços que as caracterizarão depois. Surgem na sequência do renascimento carolíngeo, tomando como modelo as suas escolas. A escola surge pegada ao convento ou à catedral.
O movimento escolástico forma um saber mais ou menos unitário, embora esteja longe de poder ser considerado homogéneo, que se perpetuará através de um labor coletivo, geração após geração, até ao século XV. O período áureo da escolástica situa-se entre os séculos XII e XIV, representando o século XV já um período de decadência caracterizado por uma rigidez demasiado presa aos seus mestres do passado e incapaz de se revitalizar e atualizar perante os novos desafios que o presente lhe colocava.
Este saber era organizado, em termos de método, a partir das lições, lectiones, que etimologicamente significa "leituras". As leituras de textos da Escritura, dos padres da Igreja ou de vários filósofos eram o movimento impulsionador de um debate, as disputationes. Nestas disputas procurava-se resolver problemas surgidos pela leitura, defendendo ora uma ora outra posição e assim estimulando a argumentação.
A escolástica pressupõe antes de mais a aceitação da revelação, mas sem que isso signifique que daí se exclui a filosofia em favor de um domínio completo da teologia: a escolástica é ambas, aliás o próprio método por ela usado suscita necessariamente a filosofia. O que acontece é que as questões teológicas estão intimamente relacionadas com questões filosóficas ou, por outras palavras, o esforço de compreensão das primeiras implica necessariamente as segundas.
Uma das temáticas predominantes na escolástica é a do pensamento aristotélico e o da sua ligação com o cristianismo; Santo Alberto Magno, São Tomás de Aquino e Rogério Bacon são três dos autores que tentaram solucionar essa questão. Há a destacar, ainda, o problema dos universais que parece ser um dos fundamentais entre os problemas da escolástica; trata-se de saber que realidade têm os conceitos universais. O homem só conhece o mundo sensível através dos seres individuais que a ele se patenteiam, contudo é possível organizar esses seres em espécies e géneros. Ora, o medieval interroga-se sobre o grau de realidade, por exemplo, do género, quer dizer, interroga-se sobre o facto de ele ser real ou apenas nominal. A escolástica decidiu-se pelo caminho do realismo - aceitando, portanto, a realidade ontológica do género -, embora numa segunda fase tenha enveredado pelo nominalismo. Para o realismo, que conta com Santo Anselmo como um dos seus representantes, os diferentes indivíduos são considerados apenas como acidente da essência que caracteriza o género. Pelo contrário, os nominalistas, como Guilherme de Ockam, respondem ao realismo afirmando que o que existe são os indivíduos, os particulares, e que o universal é apenas uma abstração mental. Mediando estas duas posições, o mais alto representante da escolástica, São Tomás de Aquino (a tal ponto que se toma frequentemente tomismo ou escolástica por sinónimos, embora não o sejam em rigor), discípulo de Santo Alberto Magno, afirma, com base em Aristóteles, que o indivíduo é a substância primeira, mas é sempre indivíduo de uma determinada espécie, da qual ele se particulariza pelo chamado princípio de individuação.
No grego, skolê significava o tempo livre, pressupondo-se, na medievalidade latina, o tempo livre necessário para o estudo e a contemplação dos problemas teológico-filosóficos.
Embora desde o século V seja possível encontrar esboços das escolas, é só no século IX que elas surgem já delineadas nos traços que as caracterizarão depois. Surgem na sequência do renascimento carolíngeo, tomando como modelo as suas escolas. A escola surge pegada ao convento ou à catedral.
O movimento escolástico forma um saber mais ou menos unitário, embora esteja longe de poder ser considerado homogéneo, que se perpetuará através de um labor coletivo, geração após geração, até ao século XV. O período áureo da escolástica situa-se entre os séculos XII e XIV, representando o século XV já um período de decadência caracterizado por uma rigidez demasiado presa aos seus mestres do passado e incapaz de se revitalizar e atualizar perante os novos desafios que o presente lhe colocava.
Este saber era organizado, em termos de método, a partir das lições, lectiones, que etimologicamente significa "leituras". As leituras de textos da Escritura, dos padres da Igreja ou de vários filósofos eram o movimento impulsionador de um debate, as disputationes. Nestas disputas procurava-se resolver problemas surgidos pela leitura, defendendo ora uma ora outra posição e assim estimulando a argumentação.
A escolástica pressupõe antes de mais a aceitação da revelação, mas sem que isso signifique que daí se exclui a filosofia em favor de um domínio completo da teologia: a escolástica é ambas, aliás o próprio método por ela usado suscita necessariamente a filosofia. O que acontece é que as questões teológicas estão intimamente relacionadas com questões filosóficas ou, por outras palavras, o esforço de compreensão das primeiras implica necessariamente as segundas.
Uma das temáticas predominantes na escolástica é a do pensamento aristotélico e o da sua ligação com o cristianismo; Santo Alberto Magno, São Tomás de Aquino e Rogério Bacon são três dos autores que tentaram solucionar essa questão. Há a destacar, ainda, o problema dos universais que parece ser um dos fundamentais entre os problemas da escolástica; trata-se de saber que realidade têm os conceitos universais. O homem só conhece o mundo sensível através dos seres individuais que a ele se patenteiam, contudo é possível organizar esses seres em espécies e géneros. Ora, o medieval interroga-se sobre o grau de realidade, por exemplo, do género, quer dizer, interroga-se sobre o facto de ele ser real ou apenas nominal. A escolástica decidiu-se pelo caminho do realismo - aceitando, portanto, a realidade ontológica do género -, embora numa segunda fase tenha enveredado pelo nominalismo. Para o realismo, que conta com Santo Anselmo como um dos seus representantes, os diferentes indivíduos são considerados apenas como acidente da essência que caracteriza o género. Pelo contrário, os nominalistas, como Guilherme de Ockam, respondem ao realismo afirmando que o que existe são os indivíduos, os particulares, e que o universal é apenas uma abstração mental. Mediando estas duas posições, o mais alto representante da escolástica, São Tomás de Aquino (a tal ponto que se toma frequentemente tomismo ou escolástica por sinónimos, embora não o sejam em rigor), discípulo de Santo Alberto Magno, afirma, com base em Aristóteles, que o indivíduo é a substância primeira, mas é sempre indivíduo de uma determinada espécie, da qual ele se particulariza pelo chamado princípio de individuação.
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Como referenciar
Porto Editora – escolástica na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-03-29 17:18:36]. Disponível em
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