fábula
Tradicionalmente entendida como narrativa oral (transmitida de geração em geração) ou literária (em texto impresso), a fábula distingue-se pela particularidade de incluir nas histórias a presença de animais que protagonizam verdadeiras lições de vida.
O género fábula tem sido cultivado desde a Idade Média até à Época Moderna. Na Idade Média este era um género comum, onde era usual encontrar textos com fábulas de animais, sendo estes os principais protagonistas da história, revelando não só fantásticas ações como extraordinários sentimentos.
O estilo da fábula foi perdendo um pouco da ironia que detinha inicialmente para dar lugar a uma plena intenção moralizadora.
Já na Época Moderna o género permitiu a muitos escritores portugueses e brasileiros, alguns deles poetas de grande craveira, explorar e explanar rasgos de alguma observação maliciosa, de vivacidade narrativa, de colocação de virtualidades expressivas da linguagem familiar.
Percorrendo um pouco a história do percurso da fábula, constata-se que já no século XVI Sá de Miranda desenvolveu muito do seu pensamento através das fábulas, escrevendo fantásticos textos como O Rato do Campo e o Rato da Cidade e O Cavalo e o Cervo. A ele se seguiram nomes como Diogo Bernardes que, na sua Carta V, glosou A Cigarra e a Formiga, fazendo da cigarra o símbolo do Poeta e, na sua Carta XIV, contou as fábulas Canis carnem ferens e Rana Rupta.
No século XVII D. Francisco Manuel de Melo, retomando a linha da poesia gnómica - relacionada com provérbios e pensamentos moralizantes - plenamente recheada de sabedoria popular, contou a história d´ As Lebres e as Rãs e O Lobo e a Raposa. Na segunda metade do século XVIII - com a profunda influência de La Fontaine, e as suas fantásticas fábulas - a fábula entra em plena ascensão em Portugal, chegando mesmo a ser o estilo da moda. Nomes como Miguel do Couto Guerreiro e Bocage traduziram, sem fim, e fielmente, nomes sonantes da fábula internacional. Bocage foi um dos maiores e mais fieis tradutores de La Fontaine - chegando mesmo a escrever fábulas originais, como também o fizeram Cruz e Silva, Filinto Elísio (pseudónimo arcádico do Padre Francisco Manuel do Nascimento), a Marquesa de Alorna, a Viscondessa de Balsemão e Francisco Manuel G. da Silveira Malhão. Para além destes nomes, destaca-se o de Belchior Curvo Semedo, alcunhado de O Belmiro Transtagano da Nova Arcádia, que obteve renome como fabulista ao publicar, em 1820, uma tradução das melhores fábulas de La Fontaine, nela incluindo textos e passagens originais ou de verdadeira recriação.
Dos numerosos escritores que no século XIX contribuíram para formar o fabulário em língua portuguesa, há que lembrar os nomes e a marca de Costa e Silva e muitos outros, particularizando, finalmente, os textos efabulados de João de Deus (1830-1896), com as fantásticas fábulas A Cigarra e a Formiga, A Águia e o Corvo, O Leão Moribundo, etc., e de Henrique O'Neill com o seu especialíssimo Fabulário.
Continuando o percurso da história da literatura, a fábula revela-se como um género vivo e, sobretudo, permanentemente suscetível de remoçar.
O género fábula tem sido cultivado desde a Idade Média até à Época Moderna. Na Idade Média este era um género comum, onde era usual encontrar textos com fábulas de animais, sendo estes os principais protagonistas da história, revelando não só fantásticas ações como extraordinários sentimentos.
O estilo da fábula foi perdendo um pouco da ironia que detinha inicialmente para dar lugar a uma plena intenção moralizadora.
Já na Época Moderna o género permitiu a muitos escritores portugueses e brasileiros, alguns deles poetas de grande craveira, explorar e explanar rasgos de alguma observação maliciosa, de vivacidade narrativa, de colocação de virtualidades expressivas da linguagem familiar.
Percorrendo um pouco a história do percurso da fábula, constata-se que já no século XVI Sá de Miranda desenvolveu muito do seu pensamento através das fábulas, escrevendo fantásticos textos como O Rato do Campo e o Rato da Cidade e O Cavalo e o Cervo. A ele se seguiram nomes como Diogo Bernardes que, na sua Carta V, glosou A Cigarra e a Formiga, fazendo da cigarra o símbolo do Poeta e, na sua Carta XIV, contou as fábulas Canis carnem ferens e Rana Rupta.
No século XVII D. Francisco Manuel de Melo, retomando a linha da poesia gnómica - relacionada com provérbios e pensamentos moralizantes - plenamente recheada de sabedoria popular, contou a história d´ As Lebres e as Rãs e O Lobo e a Raposa. Na segunda metade do século XVIII - com a profunda influência de La Fontaine, e as suas fantásticas fábulas - a fábula entra em plena ascensão em Portugal, chegando mesmo a ser o estilo da moda. Nomes como Miguel do Couto Guerreiro e Bocage traduziram, sem fim, e fielmente, nomes sonantes da fábula internacional. Bocage foi um dos maiores e mais fieis tradutores de La Fontaine - chegando mesmo a escrever fábulas originais, como também o fizeram Cruz e Silva, Filinto Elísio (pseudónimo arcádico do Padre Francisco Manuel do Nascimento), a Marquesa de Alorna, a Viscondessa de Balsemão e Francisco Manuel G. da Silveira Malhão. Para além destes nomes, destaca-se o de Belchior Curvo Semedo, alcunhado de O Belmiro Transtagano da Nova Arcádia, que obteve renome como fabulista ao publicar, em 1820, uma tradução das melhores fábulas de La Fontaine, nela incluindo textos e passagens originais ou de verdadeira recriação.
Dos numerosos escritores que no século XIX contribuíram para formar o fabulário em língua portuguesa, há que lembrar os nomes e a marca de Costa e Silva e muitos outros, particularizando, finalmente, os textos efabulados de João de Deus (1830-1896), com as fantásticas fábulas A Cigarra e a Formiga, A Águia e o Corvo, O Leão Moribundo, etc., e de Henrique O'Neill com o seu especialíssimo Fabulário.
Continuando o percurso da história da literatura, a fábula revela-se como um género vivo e, sobretudo, permanentemente suscetível de remoçar.
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Como referenciar
Porto Editora – fábula na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-12-07 01:13:52]. Disponível em
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