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Geração da Certeza
A Geração da Certeza surge, como vinha sendo hábito, à volta de uma revista com o mesmo nome - revista Certeza - em 1944.
Desde cedo, passou a destacar-se pela profunda preocupação com a perspetiva social.
Os homens que constituem esta Geração da Certeza marcam uma diferença no modo de fazer literatura em Cabo Verde pelas problemáticas que decidem vincar e dar voz: interessava focar o grande problema do isolamento das ilhas, do próprio arquipélago entre si, que, pela falta de comunicação fácil e rápida, impedia que a informação e o conhecimento passasse de ilha para ilha, e das ilhas para o resto do mundo. O isolamento total constrange e atrofia a alma daquele povo. No seguimento desta grande temática que envolve a vida em Cabo Verde, desencadeia-se a denúncia e o lamento de outras situações que, consequentemente, abatem a imagem global daquela terra: a falta de trabalho, a sequente prostituição (que, dadas as circunstâncias, é de certa forma acarinhada e compreendida), a resignação de uma opressão colonial, por falta de gente e forças para lutar, o mar circundante, que monotonamente persiste em rodeá-los.
Mas havia que dar voz a uma outra característica do povo cabo-verdiano e que jamais esmoreceria, por pior que fosse a sua situação: a religiosidade, uma fé desmedida e uma crença incontornável num dia melhor. Agarrando essa fé incomensurável, havia que fazer a apologia da terra, da terra-mãe, no chão cabo-verdiano. Agarrar essa fé, vincar bem forte os pés na terra (na raiz) e lutar, física e psicologicamente, contra as adversidades existentes, por forma a consciencializar todo o povo, levando-os a optar por ficar e não partir. Havia que mudar a tendência natural (e até compreendida) da saída como única forma de corrida pela sobrevivência, acusar de "perdidos" aqueles que optaram (e optam) pela saída e apontar um novo caminho que mostrasse outras possibilidades para além dessa saída: apostar, definitiva e coletivamente, no esforço humano em prol de uma visível melhoria.
Interessava reabilitar o homem com a terra que o vira nascer, fincar os pés nessa terra e, unidos por uma mesma raiz, levar o povo a uma luta maior: a Independência. O caminho passava forçosamente por uma primeira etapa de levar o homem a acreditar naquela terra, por forma a escolher ficar nela, seguindo-se, então, o grande caminho da luta pela libertação colonial.
Desde cedo, passou a destacar-se pela profunda preocupação com a perspetiva social.
Os homens que constituem esta Geração da Certeza marcam uma diferença no modo de fazer literatura em Cabo Verde pelas problemáticas que decidem vincar e dar voz: interessava focar o grande problema do isolamento das ilhas, do próprio arquipélago entre si, que, pela falta de comunicação fácil e rápida, impedia que a informação e o conhecimento passasse de ilha para ilha, e das ilhas para o resto do mundo. O isolamento total constrange e atrofia a alma daquele povo. No seguimento desta grande temática que envolve a vida em Cabo Verde, desencadeia-se a denúncia e o lamento de outras situações que, consequentemente, abatem a imagem global daquela terra: a falta de trabalho, a sequente prostituição (que, dadas as circunstâncias, é de certa forma acarinhada e compreendida), a resignação de uma opressão colonial, por falta de gente e forças para lutar, o mar circundante, que monotonamente persiste em rodeá-los.
Mas havia que dar voz a uma outra característica do povo cabo-verdiano e que jamais esmoreceria, por pior que fosse a sua situação: a religiosidade, uma fé desmedida e uma crença incontornável num dia melhor. Agarrando essa fé incomensurável, havia que fazer a apologia da terra, da terra-mãe, no chão cabo-verdiano. Agarrar essa fé, vincar bem forte os pés na terra (na raiz) e lutar, física e psicologicamente, contra as adversidades existentes, por forma a consciencializar todo o povo, levando-os a optar por ficar e não partir. Havia que mudar a tendência natural (e até compreendida) da saída como única forma de corrida pela sobrevivência, acusar de "perdidos" aqueles que optaram (e optam) pela saída e apontar um novo caminho que mostrasse outras possibilidades para além dessa saída: apostar, definitiva e coletivamente, no esforço humano em prol de uma visível melhoria.
Interessava reabilitar o homem com a terra que o vira nascer, fincar os pés nessa terra e, unidos por uma mesma raiz, levar o povo a uma luta maior: a Independência. O caminho passava forçosamente por uma primeira etapa de levar o homem a acreditar naquela terra, por forma a escolher ficar nela, seguindo-se, então, o grande caminho da luta pela libertação colonial.
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Como referenciar
Porto Editora – Geração da Certeza na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-03-23 10:31:50]. Disponível em
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