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gramática
Termo muito frequente em linguística e didática das línguas que encerra várias aceções, tendo surgido por isso expressões lexicalizadas como gramática interiorizada e pares de opostos como gramática prescritiva/ gramática descritiva, gramática/ vocabulário, gramática tradicional/ gramática generativa. Sendo efetivamente muitas as aceções possíveis para o termo gramática, apresentaremos e definiremos as quatro aceções mais utilizadas em linguística e didática das línguas:
Gramática tradicional: descrição do funcionamento da morfologia e da sintaxe de uma língua. Radica na tradição greco-latina de compreensão da língua enquanto conjunto de regras que durante séculos se resumiram ao funcionamento da morfologia e da sintaxe. A esta aceção de gramática associa-se também a noção de gramática normativa, uma vez que o ensino que se fazia da gramática tradicional tinha como pressuposto a transmissão das regras de bem falar e bem escrever. Este conceito de gramática está subjacente à oposição frequente nos manuais escolares entre gramática e vocabulário ou léxico, sendo que a gramática é assim entendida como o conjunto de regras que dão estrutura aos inventários abertos de palavras contidas no vocabulário.
Gramática prescritiva ou normativa: instrumento de regulamentação do comportamento linguístico que consiste na prescrição de regras para o bem falar e bem escrever. É o tipo de conhecimento e informação contidos em prontuários e gramáticas escolares mais antigas, em que se destaca a noção de erro como corrupção da língua, em que se adota uma atitude conservadora em relação à mudança e evolução linguística (novamente encarada como erro e deturpação) e em que se privilegia o estudo do funcionamento dos textos escritos em detrimento dos orais e, dentro destes, da norma literária. É a aceção mais adotada no ensino de línguas. A gramática normativa radica num conceito de norma que é sociolinguisticamente entendido como sendo a elevação de uma variante dialetal a variante de prestígio por motivações que não são linguísticas, mas sim políticas, económicas e sociais. A linguística moderna veio assim legitimar e valorizar a descrição gramatical do funcionamento de outras línguas e dialetos não prestigiados, permitindo desta forma um tratamento linguístico sobre outras gramáticas.
Gramática descritiva: conhecimento descritivo do sistema e do funcionamento de uma língua. Abordagem que estuda e procura explicar os desvios e variações observadas num dado corte espácio-temporal de uma língua. Tal descrição assenta na distinção entre língua (competência linguística, no sentido dado por Noam Chomsky, ou conhecimento interiorizado pelo falante) e fala (performance ou atualização dessa competência linguística); entre modo escrito e modo falado da língua, com primado do oral sobre o escrito; entre sincronia (estudo da língua num determinado tempo-espaço) e diacronia (estudo da língua ao longo do tempo), compreendendo a mudança linguística como parte do processo natural de evolução e vitalidade das línguas. Nesta aceção de gramática adota-se o uso que é feito pelos falantes da língua como critério e não a regra cristalizada nas gramáticas escolares. Há também uma separação muito clara entre objetivos de descrição gramatical e juízos avaliativos de ordem socio-cultural ou estética, pelo que todos os textos e discursos são passíveis de serem estudados e analisados e não apenas o texto literário. Esta noção está associada a uma visão mais moderna e científica do estudo da linguagem, pelo que a ela se têm vinculado algumas correntes da linguística, sendo por isso possível encontrar expressões como gramática de valências ou gramática generativa.
Gramática interiorizada (competência): sistema de regras e elementos, interiorizados e tornados inconscientes no cérebro do falante, que presidem ao funcionamento de uma língua, e que lhe permitem decidir sobre a boa ou má formação de uma palavra ou frase, que lhe permitem identificar um enunciado como pertencente à língua falada pela comunidade em que se insere, ou ainda que lhe permitem, por exemplo, reconhecer sequências de sons e atribuir-lhes significado num contínuo sonoro de fala. Esta aceção radica na definição de competência linguística, proposta por Noam Chomsky, que opunha a performance e que representou um alargamento teórico a respeito da dicotomia língua/fala proposta por Ferdinand de Saussure.
Gramática tradicional: descrição do funcionamento da morfologia e da sintaxe de uma língua. Radica na tradição greco-latina de compreensão da língua enquanto conjunto de regras que durante séculos se resumiram ao funcionamento da morfologia e da sintaxe. A esta aceção de gramática associa-se também a noção de gramática normativa, uma vez que o ensino que se fazia da gramática tradicional tinha como pressuposto a transmissão das regras de bem falar e bem escrever. Este conceito de gramática está subjacente à oposição frequente nos manuais escolares entre gramática e vocabulário ou léxico, sendo que a gramática é assim entendida como o conjunto de regras que dão estrutura aos inventários abertos de palavras contidas no vocabulário.
Gramática prescritiva ou normativa: instrumento de regulamentação do comportamento linguístico que consiste na prescrição de regras para o bem falar e bem escrever. É o tipo de conhecimento e informação contidos em prontuários e gramáticas escolares mais antigas, em que se destaca a noção de erro como corrupção da língua, em que se adota uma atitude conservadora em relação à mudança e evolução linguística (novamente encarada como erro e deturpação) e em que se privilegia o estudo do funcionamento dos textos escritos em detrimento dos orais e, dentro destes, da norma literária. É a aceção mais adotada no ensino de línguas. A gramática normativa radica num conceito de norma que é sociolinguisticamente entendido como sendo a elevação de uma variante dialetal a variante de prestígio por motivações que não são linguísticas, mas sim políticas, económicas e sociais. A linguística moderna veio assim legitimar e valorizar a descrição gramatical do funcionamento de outras línguas e dialetos não prestigiados, permitindo desta forma um tratamento linguístico sobre outras gramáticas.
Gramática descritiva: conhecimento descritivo do sistema e do funcionamento de uma língua. Abordagem que estuda e procura explicar os desvios e variações observadas num dado corte espácio-temporal de uma língua. Tal descrição assenta na distinção entre língua (competência linguística, no sentido dado por Noam Chomsky, ou conhecimento interiorizado pelo falante) e fala (performance ou atualização dessa competência linguística); entre modo escrito e modo falado da língua, com primado do oral sobre o escrito; entre sincronia (estudo da língua num determinado tempo-espaço) e diacronia (estudo da língua ao longo do tempo), compreendendo a mudança linguística como parte do processo natural de evolução e vitalidade das línguas. Nesta aceção de gramática adota-se o uso que é feito pelos falantes da língua como critério e não a regra cristalizada nas gramáticas escolares. Há também uma separação muito clara entre objetivos de descrição gramatical e juízos avaliativos de ordem socio-cultural ou estética, pelo que todos os textos e discursos são passíveis de serem estudados e analisados e não apenas o texto literário. Esta noção está associada a uma visão mais moderna e científica do estudo da linguagem, pelo que a ela se têm vinculado algumas correntes da linguística, sendo por isso possível encontrar expressões como gramática de valências ou gramática generativa.
Gramática interiorizada (competência): sistema de regras e elementos, interiorizados e tornados inconscientes no cérebro do falante, que presidem ao funcionamento de uma língua, e que lhe permitem decidir sobre a boa ou má formação de uma palavra ou frase, que lhe permitem identificar um enunciado como pertencente à língua falada pela comunidade em que se insere, ou ainda que lhe permitem, por exemplo, reconhecer sequências de sons e atribuir-lhes significado num contínuo sonoro de fala. Esta aceção radica na definição de competência linguística, proposta por Noam Chomsky, que opunha a performance e que representou um alargamento teórico a respeito da dicotomia língua/fala proposta por Ferdinand de Saussure.
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Como referenciar
Porto Editora – gramática na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-05-30 21:17:49]. Disponível em
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