Guernica (pintura)
A encomenda desta obra foi feita a Pablo Picasso em janeiro de 1937 pelo governo republicano oficial que pretendia uma pintura que pudesse figurar no pavilhão da República Espanhola na Exposição Internacional de Paris desse ano e que, como tal, tivesse grandes dimensões e impacto estético. Embora num primeiro momento Picasso tivesse pensado em abordar o tema da própria criação e do processo individual que conduz à criação estética, após o bombardeamento de Guernica, decidiu-se por um tema mais universalista e de vocação social ou humanitária. Desta forma, o painel elaborado foi inspirado no terrível bombardeamento desta vila basca, perpetrado em 28 de abril de 1937 pela força aérea alemã (constituída pelos Heinkel 51 e Junker 52 da famosa legião Condor), ação que, embora quase irrelevante de um ponto de vista estratégico, levou à destruição completa da aldeia e à morte de muitos dos seus habitantes, tendo constituído um teste para as operações de guerra total e bombardeamento de saturação levadas a cabo pelos alemães, em larga escala, a partir de 1939.
Pablo Picasso, cidadão de um país que se manteve afastado na Primeira Guerra Mundial, raramente se mostrara interessado pela situação política e pelos problemas sociais que marcaram a década de 20 na Europa. No entanto, Picasso não podia permanecer indiferente ao clima de instabilidade e à brutalidade trazidas pela Guerra Civil de Espanha. Desenvolvendo franca simpatia pela causa dos republicanos, as produções artísticas deste período vão refletir a conjuntura social, abandonando preocupações individuais de sentido estético ou linguístico ligadas ao ambiente asséptico e experimental do atelier.
Data precisamente desta altura uma das suas telas mais famosas e um dos paradigmas da pintura de todos os tempos, feérica e brutal representação de um dos mais constantes e cíclicos dramas humanos: a guerra brutal, a violência gratuita e a destruição irracional. No entanto, deve-se entender o quadro Guernica como algo que transcende a mera crítica momentânea procurando traduzir o intemporal lado destrutivo da natureza humana, evocando, através de fortes imagens, o sofrimento associado à guerra.
Guernica foi pintada com grande intensidade emotiva, como o denunciam os inúmeros esquissos preparatórios (Picasso realizou cerca de seis dezenas de estudos para as figuras que surgem na tela, muitas delas com intenso cromatismo, embora no final tenha enveredado por uma composição monocromática à base de brancos, cinzentos e pretos. É clara a filiação cubista da linguagem desta pintura pelas distorções e metamorfoses aleatórias e violentas das figuras, soluções que Picasso vinha desenvolvendo nos seus trabalhos mais recentes como a água-forte Minotauromaquia de 1935.
A estrutura da composição baseia-se num triângulo onde se inscrevem as oito figuras que criam a ação: no centro, um cavalo mortalmente ferido com o pescoço tenso pela dor e por baixo dele o cavaleiro destruído pelas bombas. Ao lado, uma mulher volta-se em direção ao cavalo enquanto uma outra, com o braço estendido, sustenta uma candeia que ilumina a macabra cena, simbolizando as próprias explosões; do lado direito uma figura feminina grita e uma outra que, prostrada, segura o filho morto nos braços, constituiu uma revisitação do tema da Pietá. Dominando o conjunto, um touro orgulhoso que se pode entender como símbolo do país ou então como representante das forças do mal. Várias são as referências simbólicas aqui presentes, desde a já referida Pietá, a influência da estátua da liberdade no desenho da mulher que segura a candeia ou o braço cortado cuja mão agarra uma espada, símbolo da resistência política.
Imediatamente após a sua divulgação, Guernica tornou-se uma presença forte na consciência social e artística do século. Este painel foi proibido pelo governo franquista e tornou-se emblemático de um período de forte censura política. Permanecendo em Nova Iorque durante mais de 40 anos, foi levado para Madrid, para o Museu de Prado, de acordo com a vontade de Picasso, em 1981.
O quadro foi executado a óleo sobre tela e tem as seguintes dimensões: 349,3x776,6 cm. Encontra-se exposto no Centro de Arte Moderna Reina Sofía, em Madrid.
Pablo Picasso, cidadão de um país que se manteve afastado na Primeira Guerra Mundial, raramente se mostrara interessado pela situação política e pelos problemas sociais que marcaram a década de 20 na Europa. No entanto, Picasso não podia permanecer indiferente ao clima de instabilidade e à brutalidade trazidas pela Guerra Civil de Espanha. Desenvolvendo franca simpatia pela causa dos republicanos, as produções artísticas deste período vão refletir a conjuntura social, abandonando preocupações individuais de sentido estético ou linguístico ligadas ao ambiente asséptico e experimental do atelier.
Data precisamente desta altura uma das suas telas mais famosas e um dos paradigmas da pintura de todos os tempos, feérica e brutal representação de um dos mais constantes e cíclicos dramas humanos: a guerra brutal, a violência gratuita e a destruição irracional. No entanto, deve-se entender o quadro Guernica como algo que transcende a mera crítica momentânea procurando traduzir o intemporal lado destrutivo da natureza humana, evocando, através de fortes imagens, o sofrimento associado à guerra.
A estrutura da composição baseia-se num triângulo onde se inscrevem as oito figuras que criam a ação: no centro, um cavalo mortalmente ferido com o pescoço tenso pela dor e por baixo dele o cavaleiro destruído pelas bombas. Ao lado, uma mulher volta-se em direção ao cavalo enquanto uma outra, com o braço estendido, sustenta uma candeia que ilumina a macabra cena, simbolizando as próprias explosões; do lado direito uma figura feminina grita e uma outra que, prostrada, segura o filho morto nos braços, constituiu uma revisitação do tema da Pietá. Dominando o conjunto, um touro orgulhoso que se pode entender como símbolo do país ou então como representante das forças do mal. Várias são as referências simbólicas aqui presentes, desde a já referida Pietá, a influência da estátua da liberdade no desenho da mulher que segura a candeia ou o braço cortado cuja mão agarra uma espada, símbolo da resistência política.
Imediatamente após a sua divulgação, Guernica tornou-se uma presença forte na consciência social e artística do século. Este painel foi proibido pelo governo franquista e tornou-se emblemático de um período de forte censura política. Permanecendo em Nova Iorque durante mais de 40 anos, foi levado para Madrid, para o Museu de Prado, de acordo com a vontade de Picasso, em 1981.
O quadro foi executado a óleo sobre tela e tem as seguintes dimensões: 349,3x776,6 cm. Encontra-se exposto no Centro de Arte Moderna Reina Sofía, em Madrid.
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Como referenciar
Porto Editora – Guernica (pintura) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-04-01 21:33:41]. Disponível em
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