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Guerra Civil Americana
A eleição de Abraham Lincoln para a presidência dos Estados Unidos exasperou os sentimentos dos dirigentes políticos dos estados do sul, cuja economia se baseava na cultura intensiva com recurso sistemático a mão de obra escrava. No seu discurso de tomada de posse, Lincoln reafirmara o propósito de preservar a unidade da nação americana, colocando de parte a ideia de forçar a abolição do sistema esclavagista. Tal atitude não foi suficiente para tranquilizar os elementos mais radicais dos estados do sul, que se constituíram numa Confederação que se separou da União e desencadeou operações militares contra as tropas desta estacionadas em Fort Sumner (12 de abril de 1861). O conflito deste modo desencadeado foi favorável à Confederação durante o primeiro ano de guerra, mas a situação inverteu-se a partir da primavera de 1862, terminando com a derrota militar da Confederação sulista.
O Norte, dirigido por Lincoln, dispunha de vantagens significativas, de entre as quais se devem destacar as seguintes:
- Uma população mais numerosa, na ordem dos 22 milhões de habitantes, contra os 9 milhões do sul, dos quais pelo menos um terço eram escravos;
- Agricultura apta a produzir géneros alimentícios em quantidade e variedade capaz de alimentar não apenas a população civil mas ainda as tropas na frente de combate, enquanto a produção agrícola do sul se limitava a géneros de exportação, não comestíveis, como o algodão;
- Forte capacidade industrial, aproximadamente cinco vezes superior à do Sul, incluindo o exclusivo quase completo da indústria de armamento.
Enquanto Lincoln colocava a tónica no desiderato de defender a União, recusando ao Sul o direito de se separar do todo nacional, o Sul insistia no seu direito à independência. A questão da escravatura foi assim ficando secundarizada e só voltou ao primeiro plano quando Lincoln (num momento em que se podia já prever a derrota da Confederação, embora à custa de grandes sacrifícios) decidiu introduzir um novo elemento dinamizador da opinião pública do Norte, que simultaneamente funcionasse como fator de desencorajamento da opinião pública do Sul. Fê-lo assinando, em 22 de setembro de 1862, a Proclamação de Emancipação dos escravos, na qual se estipulava que os escravos que vivessem no território da Confederação passariam a ser pessoas livres a partir de 1 de janeiro seguinte. Deu assim uma grande satisfação ao movimento abolicionista, em cujas preocupações a abolição da escravatura ocupava o primeiríssimo lugar, mudando deste modo o sentido da guerra. A partir deste momento, a guerra trava-se com dois objetivos, um de carácter político (a preservação da unidade nacional) e outro de natureza social (o fim da escravatura), este último com fortes implicações na economia do país.
Passada a primeira fase vitoriosa da guerra, o Sul rapidamente compreendeu que não poderia sair vencedor, mas nem por isso diminuiu o seu esforço bélico. As suas tropas bateram-se sempre com extrema bravura até à rendição final, em 9 de abril de 1865. A batalha mais feroz foi certamente a de Gettysburg, travada durante três dias, com um balanço final superior a cinquenta mil mortos. Para homenagear os caídos em combate, Lincoln pronunciaria um breve discurso, em 19 de maio de 1863, no qual acrescentou uma outra dimensão à guerra - a defesa da democracia, definida como "o governo ao povo, pelo povo e para o povo".
A guerra civil americana, também denominada Guerra da Secessão, produziu maior número de baixas que qualquer outro conflito em que os Estados Unidos se envolveram. Contaram-se mais de 600 000 mortos e metade do país ficou em ruínas. A reconstrução da economia do país (especialmente a do Sul) foi penosa e longa. A unidade nacional foi preservada, e a abolição da escravatura, proclamada por Lincoln, foi pouco depois consagrada na Constituição (13.ª Adenda). O próprio Lincoln cairia vítima de um atentado perpetrado por um radical sulista. Os negros, agora livres, integraram-se no mercado de trabalho como assalariados, mas encontraram enormes dificuldades na conquista da igualdade real. As perseguições brutalíssimas por parte de organizações racistas como o Klu Klux Klan e as discriminações de vária ordem (no direito eleitoral, no mercado de emprego, no acesso ao ensino e à habitação, etc.) de que foram vítimas só foram eficazmente combatidas por um amplo movimento social encabeçado por Martin Luther King Jr, na década de 60 do nosso século.
O Norte, dirigido por Lincoln, dispunha de vantagens significativas, de entre as quais se devem destacar as seguintes:
- Uma população mais numerosa, na ordem dos 22 milhões de habitantes, contra os 9 milhões do sul, dos quais pelo menos um terço eram escravos;
- Forte capacidade industrial, aproximadamente cinco vezes superior à do Sul, incluindo o exclusivo quase completo da indústria de armamento.
Enquanto Lincoln colocava a tónica no desiderato de defender a União, recusando ao Sul o direito de se separar do todo nacional, o Sul insistia no seu direito à independência. A questão da escravatura foi assim ficando secundarizada e só voltou ao primeiro plano quando Lincoln (num momento em que se podia já prever a derrota da Confederação, embora à custa de grandes sacrifícios) decidiu introduzir um novo elemento dinamizador da opinião pública do Norte, que simultaneamente funcionasse como fator de desencorajamento da opinião pública do Sul. Fê-lo assinando, em 22 de setembro de 1862, a Proclamação de Emancipação dos escravos, na qual se estipulava que os escravos que vivessem no território da Confederação passariam a ser pessoas livres a partir de 1 de janeiro seguinte. Deu assim uma grande satisfação ao movimento abolicionista, em cujas preocupações a abolição da escravatura ocupava o primeiríssimo lugar, mudando deste modo o sentido da guerra. A partir deste momento, a guerra trava-se com dois objetivos, um de carácter político (a preservação da unidade nacional) e outro de natureza social (o fim da escravatura), este último com fortes implicações na economia do país.
Passada a primeira fase vitoriosa da guerra, o Sul rapidamente compreendeu que não poderia sair vencedor, mas nem por isso diminuiu o seu esforço bélico. As suas tropas bateram-se sempre com extrema bravura até à rendição final, em 9 de abril de 1865. A batalha mais feroz foi certamente a de Gettysburg, travada durante três dias, com um balanço final superior a cinquenta mil mortos. Para homenagear os caídos em combate, Lincoln pronunciaria um breve discurso, em 19 de maio de 1863, no qual acrescentou uma outra dimensão à guerra - a defesa da democracia, definida como "o governo ao povo, pelo povo e para o povo".
A guerra civil americana, também denominada Guerra da Secessão, produziu maior número de baixas que qualquer outro conflito em que os Estados Unidos se envolveram. Contaram-se mais de 600 000 mortos e metade do país ficou em ruínas. A reconstrução da economia do país (especialmente a do Sul) foi penosa e longa. A unidade nacional foi preservada, e a abolição da escravatura, proclamada por Lincoln, foi pouco depois consagrada na Constituição (13.ª Adenda). O próprio Lincoln cairia vítima de um atentado perpetrado por um radical sulista. Os negros, agora livres, integraram-se no mercado de trabalho como assalariados, mas encontraram enormes dificuldades na conquista da igualdade real. As perseguições brutalíssimas por parte de organizações racistas como o Klu Klux Klan e as discriminações de vária ordem (no direito eleitoral, no mercado de emprego, no acesso ao ensino e à habitação, etc.) de que foram vítimas só foram eficazmente combatidas por um amplo movimento social encabeçado por Martin Luther King Jr, na década de 60 do nosso século.
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Como referenciar
Porto Editora – Guerra Civil Americana na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-05-30 12:12:57]. Disponível em
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