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História do cauim
O cauim é uma bebida alcoólica típica dos Tupinambá, que viviam ao longo da costa central do Brasil, mas que era igualmente consumida por outras tribos do Brasil. Quando a armada de Álvares Cabral chegou a Terras de Santa Maria, o seu escrivão, Pero Vaz de Caminha, descreveu como os índios Tupinambás se recusaram beber mais do vinho que lhes fora oferecido, já que estavam habituados ao gosto do cauim, mais suave e semelhante ao leite azedo.
Na base da preparação do cauim, entram as raízes da mandioca ou do milho, segundo a época do ano, e frutas silvestres diversas. O processo de preparação despertou desde cedo a curiosidade e foi cuidadosamente descrito no século XVI, tanto por portugueses, como Fernão Cardim, como por franceses como Jean de Léry. Começavam por cozinhar as raízes da mandioca que depois ferviam até ficarem tenras deixando-as arrefecer em seguida. Mulheres e raparigas virgens, de preferência, as mais bonitas, reuniam-se em redor do recipiente de barro e, à vez, mastigavam a mandioca e cuspiam-na de novo para o recipiente. As enzimas contidas na saliva atuavam sobre as fibras e transformavam-nas em açúcares fermentados. A tentativa por parte dos Europeus de fabricar o cauim, omitindo esta fase da preparação, que lhes causava grande aversão, revelou-se um fracasso. Depois a papa ia de novo ao lume e era mexida com uma colher de pau. Por fim, ficava a fermentar em grandes recipientes de barro até à altura de ser consumido. O mesmo processo era utilizado para fazer a bebida com milho. O cauim podia ser fabricado em qualquer altura do ano, já que os ingredientes de base estavam sempre disponíveis.
As cuinagens eram as reuniões durante as quais os Tupinambás bebiam o cauim. Por vezes, também consumiam a carne dos inimigos capturados e engordados para a ocasião. Mas o consumo da bebida podia ser também feito por uma ou duas pessoas, embora o mais comum fosse em grupo, com dezenas ou centenas de pessoas de várias aldeias. Na ocasião, o cauim era consumido quente e, para isso, as mulheres colocavam o recipiente de barro em fogo lento numa fogueira no centro da aldeia. Enquanto mexiam a bebida opaca e espessa com uma colher de pau, iam-na servindo aos homens que dançavam em círculo. Estes bebiam de uma só vez das suas taças, ao contrário das mulheres que bebiam pausadamente, aos golos.
Os missionários jesuítas, para combater o que consideravam costumes infames e incontroláveis, pois as cauinagens conduziam à embriaguez e à sexualidade desenfreada, optaram por converter as mulheres, já que elas representavam um elemento primordial na preparação do cauim. A elas cabiam todas as tarefas ligadas à preparação do cauim, desde a plantação das raízes da mandioca ou do milho, à colheita dos frutos e fermentação da papa até ao fabrico dos recipientes, as cuías onde se servia a bebida. Eram ainda as mulheres que serviam a bebida nas cauinagens. Curiosamente, os atos de antropofagia praticados pelos Tupinambás impressionaram menos os missionários do que os dois primeiros aspetos, a embriaguez e a licenciosidade.
Na base da preparação do cauim, entram as raízes da mandioca ou do milho, segundo a época do ano, e frutas silvestres diversas. O processo de preparação despertou desde cedo a curiosidade e foi cuidadosamente descrito no século XVI, tanto por portugueses, como Fernão Cardim, como por franceses como Jean de Léry. Começavam por cozinhar as raízes da mandioca que depois ferviam até ficarem tenras deixando-as arrefecer em seguida. Mulheres e raparigas virgens, de preferência, as mais bonitas, reuniam-se em redor do recipiente de barro e, à vez, mastigavam a mandioca e cuspiam-na de novo para o recipiente. As enzimas contidas na saliva atuavam sobre as fibras e transformavam-nas em açúcares fermentados. A tentativa por parte dos Europeus de fabricar o cauim, omitindo esta fase da preparação, que lhes causava grande aversão, revelou-se um fracasso. Depois a papa ia de novo ao lume e era mexida com uma colher de pau. Por fim, ficava a fermentar em grandes recipientes de barro até à altura de ser consumido. O mesmo processo era utilizado para fazer a bebida com milho. O cauim podia ser fabricado em qualquer altura do ano, já que os ingredientes de base estavam sempre disponíveis.
As cuinagens eram as reuniões durante as quais os Tupinambás bebiam o cauim. Por vezes, também consumiam a carne dos inimigos capturados e engordados para a ocasião. Mas o consumo da bebida podia ser também feito por uma ou duas pessoas, embora o mais comum fosse em grupo, com dezenas ou centenas de pessoas de várias aldeias. Na ocasião, o cauim era consumido quente e, para isso, as mulheres colocavam o recipiente de barro em fogo lento numa fogueira no centro da aldeia. Enquanto mexiam a bebida opaca e espessa com uma colher de pau, iam-na servindo aos homens que dançavam em círculo. Estes bebiam de uma só vez das suas taças, ao contrário das mulheres que bebiam pausadamente, aos golos.
Os missionários jesuítas, para combater o que consideravam costumes infames e incontroláveis, pois as cauinagens conduziam à embriaguez e à sexualidade desenfreada, optaram por converter as mulheres, já que elas representavam um elemento primordial na preparação do cauim. A elas cabiam todas as tarefas ligadas à preparação do cauim, desde a plantação das raízes da mandioca ou do milho, à colheita dos frutos e fermentação da papa até ao fabrico dos recipientes, as cuías onde se servia a bebida. Eram ainda as mulheres que serviam a bebida nas cauinagens. Curiosamente, os atos de antropofagia praticados pelos Tupinambás impressionaram menos os missionários do que os dois primeiros aspetos, a embriaguez e a licenciosidade.
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Como referenciar
Porto Editora – História do cauim na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-09-27 02:55:39]. Disponível em
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