Horizonte dos Dias
Conjunto de poemas publicados inicialmente no segundo fascículo de Árvore e editados pelas Edições Árvore. Insere-se numa linha de lirismo fundado na reflexão filosófica, que o aproxima de autores revelados também nos anos 50, como Fernando Guimarães, Rui Cinatti ou António José Maldonado. Numa nota crítica dedicada a Horizonte dos Dias, António Ramos Rosa (cf. Árvore, vol. II, fasc. n.º 1) aponta nos poemas de Vítor Matos e Sá a preexistência de uma "estrutura filosófica" que confina, até certo ponto, com um "aristocratismo em relação ao seu tempo", pela "certeza de que está imbuído de que a sua mensagem corresponde a uma época de sensibilidade que está findando e de que parece querer recolher os melhores perfumes" (idem, ibidem). Guarda-se, porém, ainda segundo Ramos Rosa, de cair numa poesia estritamente filosófica, na medida em que a conversão poética surge depois de essa estrutura filosófica ter sido inserida "na experiência da sua vida". Por isso, "tudo nele [Horizonte dos Dias] tem a gravidade religiosa de uma afetividade sensualizada, a profundidade e lentidão de um cântico embora luminoso, em que a morte, a infância e o amor lançam as suas correspondências numa tentativa de figuração dum destino e duma significação ao mesmo tempo intemporal e atual da vida" (idem, Ibidem). Este lirismo de pendor meditativo, a que preside, a nível micro e macroestrutural, um nítido rigor construtivo (a obra divide-se em duas partes: "Corpo de Esperança" e "Poemas para a Construção do Mundo"; a segunda parte compreende sete etapas: "Para a Construção dos Deuses"; "Para a Construção da Alma"; "Para a Construção da Mulher"; "Para a Construção do Homem"; "Para os Arredores do Mundo"; "Para a Construção da Morte" e "Epitáfio"), é vazado numa expressão simultaneamente profunda e contida, anunciada num introito em que o sujeito poético prepara o leitor para o acesso, pela poesia, ao horizonte metafísico dos dias: "Entra neste livro como se entrasses num templo / Os vitrais são grandes horas transparentes. / Lá fora é a última porta que dá para o eterno. / Sim - um templo não é todo o mundo. É o seu horizonte. / Por isso os homens erguem templos com mãos infinitas / Como quem viaja por dentro das flores."
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Porto Editora – Horizonte dos Dias na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-04-02 10:39:52]. Disponível em
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