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Igreja da Misericórdia de Aveiro
A Confraria e Misericórdia de Aveiro, fundada no primeiro quartel do século XVI, começou por se instalar numa capela anexa à Igreja Matriz, a Capela de Santo Ildefonso. Só em inícios de Seiscentos (1609) teve a Misericórdia igreja própria, mas mesmo assim esta demoraria largos anos para ser concluída. A igreja, como norma da Irmandade, era da invocação a Nossa Senhora da Madre de Deus, e funcionou como Sé da diocese de Aveiro entre os finais do século XVIII e o primeiro quartel do XIX (1775-1826).
O projeto foi entregue ao arquiteto de Coimbra Francisco Fernandes. Os trabalhos começaram nos finais do século XVI (1598) e foram suportados pela renda anual atribuída por Filipe II.
À frente das obras começou por estar Gregório Lourenço, sendo substituído por Francisco João e este por Jorge Afonso. Por volta de 1630, os trabalhos foram interrompidos por falta de dinheiro, sendo só continuados após a Restauração.
Na fachada, de singelo traçado com discreto frontão e delimitada por pilastras, destaca-se o excelente portal maneirista, onde se sente o trabalho retabular, inscrito num pano de azulejos ali colocados no século XIX. O portal desenvolve-se em dois andares. O inferior é formado por quatro colunas coríntias (duas de cada lado), enquadrando uma porta em arco de volta perfeita. Entre as colunas mostram-se nichos com imagens sobrepujadas por cartelas. As colunas, sustentadas por elevados pedestais, apresentam fustes envolvidos por motivos geométricos (nos terços inferiores) e caneluras (na restante superfície), e suportam entablamento ornado com simples motivos retilíneos. No piso superior repete-se o mesmo esquema organizativo. No lugar dos nichos abrem-se janelas retangulares, cujos peitoris se encontram ao nível dos pedestais das colunas. No eixo da porta, a imagem de Nossa Senhora da Conceição é protegida por um nicho de grandes dimensões. O entablamento é composto por um friso de mísulas que sustentam a cornija. No remate do portal destacam-se, ao centro, as pedras de armas reais. Lateralmente, no seguimento das colunas, é ornado por urnas e, entre estas, uma Cruz de Cristo, à esquerda, e uma esfera armilar, à direita - elementos característicos da heráldica manuelina.
O interior do templo é admirável pela sua elevação e amplitude, conferindo-lhe uma surpreendente leveza. Cobre a nave abóbada de berço apainelada, em calcário. O arco triunfal, excelentemente ornado, é sobrepujado por frontão curvo assente em pilastras. A delimitá-lo encontram-se bonitos retábulos em pedra da oficina de Coimbra, do século XVII. Aumenta a plasticidade do interior do templo o revestimento das paredes a azulejos policromos, seiscentistas, da oficina de Lisboa. De boa qualidade são também o púlpito, em cálcario, e o cadeiral dos mesários, em talha do século XVIII.
A capela-mor setecentista, atribuída ao mestre de ançã Manuel Azenha, apresenta um bonito retábulo (semelhante ao portal) seiscentista que encerra quatro pinturas versando o tema de Nossa Senhora, sobressaindo a que trata Nossa Senhora da Misericórdia. Na escultura alojada nos nichos salienta-se uma Nossa Senhora da Conceição e um "Ecce Homo".
A sacristia reserva-nos magníficos azulejos setecentistas, um lavabo e um notável crucifixo de marfim indo-português.
O projeto foi entregue ao arquiteto de Coimbra Francisco Fernandes. Os trabalhos começaram nos finais do século XVI (1598) e foram suportados pela renda anual atribuída por Filipe II.
À frente das obras começou por estar Gregório Lourenço, sendo substituído por Francisco João e este por Jorge Afonso. Por volta de 1630, os trabalhos foram interrompidos por falta de dinheiro, sendo só continuados após a Restauração.
O interior do templo é admirável pela sua elevação e amplitude, conferindo-lhe uma surpreendente leveza. Cobre a nave abóbada de berço apainelada, em calcário. O arco triunfal, excelentemente ornado, é sobrepujado por frontão curvo assente em pilastras. A delimitá-lo encontram-se bonitos retábulos em pedra da oficina de Coimbra, do século XVII. Aumenta a plasticidade do interior do templo o revestimento das paredes a azulejos policromos, seiscentistas, da oficina de Lisboa. De boa qualidade são também o púlpito, em cálcario, e o cadeiral dos mesários, em talha do século XVIII.
A capela-mor setecentista, atribuída ao mestre de ançã Manuel Azenha, apresenta um bonito retábulo (semelhante ao portal) seiscentista que encerra quatro pinturas versando o tema de Nossa Senhora, sobressaindo a que trata Nossa Senhora da Misericórdia. Na escultura alojada nos nichos salienta-se uma Nossa Senhora da Conceição e um "Ecce Homo".
A sacristia reserva-nos magníficos azulejos setecentistas, um lavabo e um notável crucifixo de marfim indo-português.
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Como referenciar
Porto Editora – Igreja da Misericórdia de Aveiro na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-06-02 00:11:01]. Disponível em
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