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Japão na "Idade Média"

A poderosa autoridade detida pelos membros da família Fujiwara como sessho e kampaku foi mantida pelo sangue materno dos sucessivos imperadores. Finda tal relação, o seu poder foi enfraquecendo. De facto, o imperador Go-Sanjo ascendeu ao trono apesar de não ser filho de uma Fujiwara, enquanto os filhos de Michinaga, Yorimichi e Norimichi, terem ambos dado as suas filhas para serem consortes imperiais sem terem obtido o desejável nascimento de um príncipe imperial. Como resultado destas circunstâncias, o poder político real passou de sessho e kampaku para os "imperadores enclausurados" durante a última metade do século XI; por outras palavras, passou para imperadores que tinham já abdicado e tomado os votos budistas - renunciando ao mundo - mas que ainda tinham um poder muito real nos bastidores. Este sistema, conhecido como insei ("governo enclausurado"), foi talvez a decisão mais natural já que representou a deslocação dos parentes do governo matrilinear do imperador para um governo dos parentes patrilineares. O atual imperador continuou a ser tratado como uma figura pura, no entanto, não era melhor que o antigo sistema sessho-kampaku. O sistema do imperador-enclausurado manteve-se por um longo período, apesar dos imperadores Shirakawa, Toba e Go-Shirakawa terem sido os únicos a governar com poder, nos bastidores do poder.
O sistema insei não foi inspirado por nenhum sistema em particular. O elemento comum em cada reinado era o do imperador se tornar monge budista e governar, teoricamente, respeitando os preceitos do budismo. Na prática, este "budismo" estava mais preocupado com a construção de templos ostensivos do que com a verdadeira crença.
A maior parte dos cargos importantes no mundo religioso eram ocupados por membros da família imperial e aristocratas. Este facto impediu a ascensão social do povo.
Um dos outros traços desta época era a ascensão da classe guerreira. Com o desenvolvimento do governo pelos imperadores-enclausurados, os samurais mais poderosos, que estabeleceram inicialmente o seu poder nas províncias, foram-se reunindo gradualmente nas proximidades da capital onde atuavam como polícia militar. Associados com os nobres Fujiwara da corte e com a aristocracia, foram-se instalando na corte. Entre estes samurais, encontravam-se os da família Minamoto (ou Genji), descendentes do imperador Kammu. O clã Minamoto, favoritos da família Fujiwara, tinha sido uma família proeminente na capital, mas a sua fama como clã guerreiro foi engrandecida no século XI, quando, após 12 anos de intensas lutas, impediram a ascensão da família Abe no distrito de Tohoku.
Discórdias entre os imperadores reformados e os que estavam no poder, combinadas com diferenças internas da família Fujiwara para separar a família imperial, e a nobreza dividida em dois partidos, encabeçados pela família Minamoto e a família Taira, cada uma em lados opostos, levaram a um confronto entre os dois partidos. O confronto deu-se em 1156 em Quioto e ficou conhecido como Tumulto de Hogen. Tratando-se de um conflito a uma pequena escala, foi no entanto bastante significativo, pois demonstrou que o poder dos samurais era suficientemente forte para fazer balançar o governo da nação. No Tumulto de Heiji (1159) que se seguiu, os Minamoto foram derrotados e Taira Kyiomori emergiu como chefe poderoso da região. Ele próprio tornou-se ministro do Estado (dajo-daijin) na corte, e mais de cinquenta postos oficiais foram preenchidos com membros da sua família. A sua filha tornou-se consorte do imperador Takakura, e o príncipe nascido desta união ascendeu ao trono ainda na infância - um regresso ao governo dos parentes do imperador pela descendência matrilinear.
Enquanto a família Taira prosperava na capital, os descendentes originais da família Minamoto construíam lentamente a sua força nas províncias. Finalmente, Yoritomo, um descendente por linha direta da família Minamoto, reuniu a família e enviou os seus irmãos mais novos Yoshitsune e Noriyori para atacar Quito. O confronto decisivo para a resolução, de uma vez por todas, dos conflitos entre as duas famílias. Constituiu também um ponto de viragem na história japonesa. A imposição do governo militar, ou xogunato, por parte de Yoritomo em Kamakura marca o início do governo por parte da classe samurai, apoiada pelo sistema feudal, e o fim da corte, antigo sistema monárquico e da aristocracia. O xogunato, ou bakufu, iria ter controlo efetivo no Japão até à restauração do poder imperial em 1868.
A imposição do xogunato por Minamoto Yoritomo nos finais do século XII marca o início de uma nova era, em que o governo independente exercido pela classe guerreira se opunha à autoridade política exercida pela aristocracia civil. Yoritomo implantou o seu quartel-general em Kamakura e confiou a supressão da família Taira aos seus irmãos mais novos, Noriyori e Yoshitsune. O seu primeiro passo consistiu na criação do samurai-dokoro, um ministério para controlar os seus vassalos militares. A administração geral, a cargo de um secretariado, fora criada quatro anos mais tarde e tornou-se conhecida como Kumonjo e mais tarde como Mandokoro). Adicionalmente, um ministério da justiça, o Mmonchujo, foi criado para lidar com questões legais e apelos. Sob estas instituições, a organização do bakufu foi gradualmente tomando forma.
Em 1185, após a destruição da família Taira, Yoritomo nomeou governadores militares (shugo) em todas as províncias e administrações militares (jito). Era função do shugo recrutar a guarda metropolitana e manter um controlo rigoroso contra os subversivos e criminosos. O jito cobrava impostos, supervisionava a gestão das propriedades e mantinha a ordem pública.
Após a morte de Yoritomo, em 1199, o poder real no bakufu passou para as mãos da família Hojo, da qual a mulher de Yoritomo, Masako, era originária. Em 1203 Hojo Tokimasa, pai de Masako, assumiu a posição de regente (shikken) para o xógum, um cargo que foi mantido até 1333 por nove membros sucessivos da família Hojo. Tirando vantagens das disputas entre os generais de Yoritomo, os Hojo destruíram os seus rivais, e após três gerações a linha direta de descendência de Yoritomo tinha sido extinguida.
Em 1249, o regente Hojo Tokiyori criou um tribunal supremo, o Hikitsuke-shu, para assegurar uma maior imparcialidade e rapidez nas decisões legais.
A criação do governo regente coincidiu com o fortalecimento dos mongóis sob a direção de Gengis Khan na Ásia Central. No espaço de aproximadamente meio século, fundaram um império que se estendia desde a península coreana, no Leste, até à Rússia e Polónia, no Oeste. Em 1206, o sucessor de Gengis Khan, Kublai, que se viria a tornar Grande Khan na China, fixou a sua capital em Pequim. Em 1271 Kublai adotou o título dinástico de Yuan; pouco depois os mongóis começaram os preparativos para a invasão do Japão. No outono de 1274 os exércitos mongóis e coreanos, de aproximadamente 40 mil homens, saíram do Sul da Coreia. Chegaram a Kyushu, ocupando o distrito de Matsura na província de Hizen e avançaram para Chikizen. O bakufu Shoni Sukeyoshi foi nomeado comandante militar, e os vassalos militares de Kyushu foram mobilizados para a defesa. O exército mongol chegou à baía Hakata, forçando a defesa japonesa a retirar-se para Dazaifu; mas, de repente, a região foi assolada por um tufão, obrigando os mongóis a retirarem-se. Entretanto, os mongóis fizeram planos para mais uma expedição da qual saíram derrotados. A derrota da invasão mongol foi de suprema importância para a história do Japão. O poder militar permitiu a estabilidade económica do governo de Kamakura e levou à insolvência de muitos vassalos militares. Provocou também outro grande período de isolamento da China, que se iria prolongar até ao século XIV.
O sistema feudal japonês começou a tomar forma sob o bakufu de Kamakura. Nos seus períodos iniciais em Kamakura (1192-1333) e Muromachi (1338-1573), o feudalismo japonês apresenta uma aparência diferente das fases mais tardias. Nos seus inícios, os senhores feudais viviam em aldeias rurais e eles mesmo praticavam a agricultura, enquanto que a aristocracia civil e os templos detinham propriedades privadas ou públicas de grande dimensão em várias províncias, tendo poderes comparáveis ao do bakufu. Estas propriedades eram, na realidade, dirigidas por influentes senhores residentes que se tinham tornado guerreiros. Como líderes de um grande número de aldeões, eles trabalhavam para desenvolver os campos de arroz e nos trabalhos de irrigação nas áreas sob a sua jurisdição, construindo casas espaçosas nas aldeias onde viviam.
Os vassalos militares deviam lealdade ao xógum, a quem prestavam serviços públicos tais como guarda de direito em Quioto, onde o imperador vivia com a sua corte. Como contrapartida, o xógum não somente garantia a tradicional posse da terra, como os premiava com novas terras. Esta relação entre senhor e vassalo dava à sociedade japonesa um carácter feudal característico.
A situação da mulher nas famílias samurais era bastante elevada, sendo-lhes permitido herdar uma parte das propriedades, prática que contudo gradualmente se foi restringindo. Os artesãos estavam habitualmente ligados aos proprietários de propriedades privadas e foram-se tornando progressivamente mais especializados de acordo com a procura e o consumo. A troca de produtos agrícolas e bens manufaturados nos mercados locais tornaram-se comuns.
Durante o período Kamakura, a nova classe samurai em ascensão veio dominar a antiga aristocracia civil, que continuou a manter a cultura clássica. O comércio marítimo permitiu o desenvolvimento do budismo zen e o neo-confucionismo da China dos Sung. As influências chinesas eram vistas nas pinturas de estilo monocromático, tipos de arquitetura, algumas formas cerâmicas e no hábito de beber chá.
Em termos de religião, as grandes alterações sociais que se operaram nos finais do período Heian e inícios de Kamakura deram origem à procura de uma fé simples, em vez dos complicados ensinamentos dos antigo budismo. Os guerreiros das aldeias rurais procuraram uma religião que estivesse de acordo com a sua experiência pessoal. Diversas seitas budistas expandiram-se banindo as difíceis práticas ascéticas.
Nos finais do período Kamakura dá-se o desmantelamento da solidariedade da família entre os samurais.
Durante o problemático estado da sociedade nos finais do período, os senhores feudais, não tendo necessidade de defender as suas terras, viraram-se para as artes marciais, delegando a atividade agrícola nos seus dependentes. Além do mais, as terras deixaram de ser divididas entre os filhos mais novos, passando a estar somente nas mãos do filho mais velho. O poder ficava assim concentrado numa só pessoa, em relação à qual os outros membros da família eram subordinados numa relação senhor-vassalo.
Apesar da crise social entre os proprietários de terras, o comércio florescia. As moedas passaram a ter grande circulação e os estilos de vida da cidade começaram a ser imitados no campo. Mas os proprietários tinham muitas vezes de fazer face a dificuldades financeiras e, para tal, recorriam a empréstimos, ficando obrigados ao pagamento de altos juros por parte de ricos prestamistas, sendo muitos forçados a entregar as suas posses para pagamento das suas dívidas.
Em meados do século XIII surgem duas linhagens a disputarem o trono: a linhagem sénior, centrada em Jimyo-in, em Quioto, e a linhagem júnior, centrada em Daikaku-ji, na parte ocidental da cidade. Na última metade do século, cada uma delas procurou obter o apoio do bakufu. Em 1317 o bakufu propôs que as duas linhagens se alternassem como imperador. Finalmente, em 1318, o príncipe Takaharu da linhagem júnior acedeu ao trono como imperador Go-Daigo.
Na sua chegada ao trono de Go-Daigo, o imperador reformado Go-Uda quebrou o costume imposto e dissolveu o governo imperial "enclausurado". Como resultado, a total autoridade do governo imperial ficou concentrada nas mãos de um só imperador, Go-Daigo. Para concretizar o seu ideal de uma verdadeira restauração imperial, Go-Daigo tinha de se libertar da ingerência do bakufu. Os seus planos foram descobertos e acabou por ser preso e exilado na ilha Oki. Em 1333 Takauji atacou com sucesso o quartel-general dos Hojo e forçou os líderes bakufu a cometerem suicídio. Yoshisada entretanto conquistava o bakufu em Kamakura. Assim, após 140 anos de poder, o governo bakufu chega ao seu termo.
O regresso do imperador Go-Daigo a Quioto em 1333 é conhecido como a Restauração Kemmu. Ele aboliu o poderoso cargo de kampaku e criou uma burocracia centralizada.
No período Samakura, a autoridade dos governadores militares limitava-se a questões de segurança. Mais tarde, no período das cortes do Sul e do Norte, o seu poder executivo sobre as áreas que controlava aumentou. Com o aumento dos distúrbios, adquiriram grandes poderes de comando militar. Por vezes, as propriedades privadas eram transformadas em quartéis militares sob o pretexto de se protegerem dos ataques dos samurais.
Dado que o autogoverno se tornou bastante forte nas comunidades, a resistência dos agricultores tornou-se violenta. Após a disputa das cortes do Sul e do Norte, surgiram sublevações armadas por parte das aldeias rurais, com os seus antigos proprietários a exigirem a redução dos impostos anuais. Um grande número de revoltas tiveram lugar em 1428, nos finais do reinado de Yoshimitsu.
No reinado do xógum Ashikaga Yoshimasa uma guerra civil generalizada estourou na zona à volta de Quioto, devido a problemas económicos e à disputa da sucessão imperial. Em 1467, o primeiro ano da era Onin, deram-se confrontos entre o exército oriental do partido Hosokawa e o exército ocidental do partido Yamana. As forças ocidentais levaram vantagem sobre as forças orientais, apoiadas pela família Ouchi, mas estas recuperaram o seu poder e a luta continuou mais onze anos, centrando-se em Quioto.
Nestas guerras a aristocracia civil e os sacerdotes perderam a sua fonte de rendimento que provinha das suas propriedades privadas. Muitos deles deixaram a capital, e fixaram-se em Sakai ou Nara ou em cidades sob a proteção dos senhores locais. Esta imigração permitiu a difusão da cultura central para as localidades. As velhas tradições foram destruídas, mas das cinzas nasceu uma nova cultura.
Após a guerra de Onin, o poder dos líderes locais tornou-se muito forte. Por causa desta tendência dos "inferiores se tornarem superiores", o governadores militares anteriores quase desapareceram de Quioto e das províncias circundantes; um novo tipo de senhor, chamado sengoku dáimio, tomou o seu lugar.
O desenvolvimento do comércio e das cidades marcaram a história deste período do Japão. Os mercados faziam-se seis vezes por mês por todo o país.
Dado que os senhores dos domínios ultrapassavam os seus domínios, a autoridade central deixou de exercer o controlo do comércio marítimo. Para além disso, os saqueadores japoneses juntamente com os piratas chineses, tornaram-se novamente ativos. Nesta altura, os espanhóis e os portugueses fizeram a sua aparição no arquipélago. Em 1543, de acordo com as fontes japonesas, os primeiros portugueses chegaram à ilha de Tanaga. Eles foram os primeiros europeus a chegarem ao Japão, e a arte do fabrico de mosquetes que eles levaram consigo rapidamente se expandiu a Sakai e outras localidades.

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Como referenciar
Porto Editora – Japão na "Idade Média" na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-06-10 03:03:27]. Disponível em
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