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John Ruskin
Escritor, pintor, crítico artístico, professor e pensador inglês nascido a 8 de fevereiro de 1819, em Londres.
Filho único de um casal escocês próspero, desde cedo viajou por variadíssimas partes do mundo, desenvolvendo um aparente interesse pela arte e pela arquitetura.
Sua mãe cedo o ensinou a escrever e a ler, sendo a Bíblia o seu principal texto de leitura.
Desde pequeno se começou a notar em Ruskin uma notável genialidade. Educado por professores particulares e pela mãe em casa, só entrou no ensino público quando começou a frequentar a Universidade de Oxford, aí iniciando um sério estudo sobre arte.
Temperamentalmente tímido mas arrogante em muitos sentidos, socialmente pouco à vontade, desde sempre se mostrou apaixonado e eloquente no que diz respeito à arte e ao valor da vida.
Considerado um dos maiores escritores da época vitoriana, Ruskin é conhecido pelas suas diversas facetas de artista, cientista, poeta, ambientalista, filósofo, crítico de arte e ativista social, tendo mesmo chegado a provocar e levar por diante importantíssimas reformas sociais, tais como as pensões de velhice, a nacionalização da educação e a organização do trabalho.
Licenciado pela Universidade de Oxford, tendo também aí concluído o seu Mestrado em 1843, inicia a sua carreira de professor de Belas Artes nessa mesma Universidade em 1869. A sua passagem por esta prestigiante universidade foi de tal forma notável - não só pelas aulas que lecionou mas, sobretudo, pelo importante papel que Ruskin representava na sociedade da época - que ainda hoje existe na Universidade de Oxford a Ruskin School of Drawing and Fine Art (Escola de Desenho e Belas Artes Ruskin). Também em Sheffield, uma outra localidade onde o trabalho de Ruskin está amplamente reconhecido, existe atualmente o Ruskin Museum (Museu Ruskin), onde estão permanentemente expostos alguns dos seus desenhos.
Se a sua vida artística e social foi, sem dúvida, próspera e feliz, já a sua vida particular foi demasiadamente atormentada e tortuosa: casado em 1848 com uma sua prima Effie Gray, vê o seu casamento ser anulado em 1854 pela não consumação do mesmo; num curto espaço de tempo perde o pai e a mãe, figuras a que sempre esteve extremamente ligado afetivamente; em 1860 apaixona-se loucamente por Rose La Touche - uma menina de apenas 10 anos de idade - e espera até 1866 (para que ela tivesse 16 anos) para pedi-la em casamento. Por questões religiosas, os pais de Rose recusam o casamento, mas Ruskin continuava a cultivar aquele amor que sentia. Em 1875 Rose La Touche morre vítima de doença prolongada e Ruskin entra em processo de tremenda depressão, do qual jamais sairia até à morte.
Sucedem-se anos de depressão, de crises violentíssimas e maníacas, das quais jamais recuperou.
Figura pessoalmente atormentada e instável, Ruskin revelava, em contrapartida, uma enorme capacidade criativa, estável e orientada no que diz respeito à sua produção literária, à sua profissão de professor e palestrante, à sua veia de crítico e às suas intervenções em defesa de determinados direitos sociais.
A passagem de Ruskin por diversas instituições - como a Workin Men's College, a Universidade de Edimburgo, a Winnington Girl's School, a London Institution e a própria Universidade de Oxford demonstram bem a capacidade de focalização, desenvolvimento de conhecimentos e inegável tendência para captar a atenção de públicos que este polivalente do século vitoriano revelava possuir.
Autor de uma vastíssima e variadíssima obra, Ruskin deixa uma incontornável marca no panorama artístico do século XIX.
De toda a sua obra - que se dividiu entre artigos, poemas e livros - serão, sem dúvida, dignas de destaque as seguintes obras: "The Poetry of Architecture" ("A Poesia da Arquitetura") - uma série de artigos publicados na Architectural Magazine entre 1837 e 1838; Salsette and Elephanta - um belíssimo poema que lhe valeu, em 1839, o Prémio Newdigate, concedido por Oxford; Modern Painters (Pintores Modernos) - publicado em 5 volumes, entre 1843 (data do primeiro volume que, curiosamente, publica sob anonimato) e 1860, destacando-se pelo facto de aparecer em defesa da arte como linguagem universal, baseada na integridade e moralidade nacional e individual; The Sevem Lamps of Architecture (As Sete Lanternas da Arquitetura) - publicado em 1849 e que revela uma forte ligação de Ruskin à arquitetura gótica; The Stones of Venice (As Pedras de Veneza) - publicado em 3 volumes, entre 1851 e 1853, onde Ruskin faz um profundo e importantíssimo estudo sobre a arte italiana; em 1860 Ruskin publica alguns artigos de severas críticas políticas e sociais na Cornhill Magazine, daí resultando graves protestos por parte dos leitores que levaram o editor da revista a limitar a produção de artigos de Ruskin, sendo estes mais tarde, mais concretamente em 1862, publicados num volume intitulado Unto This Last; The Ethics of the Dust (A Ética do Pó) - uma série de diálogos, publicados em 1866, onde as crianças expõem as suas ideias sobre Geologia, baseada na breve passagem de Ruskin como professor pela Winnington Girl's School; The Pleasures of England (Os Prazeres de Inglaterra) - publicado em 1884 e que reúne todas as palestras dadas por John Ruskin na Universidade de Oxford, palestras essas, há que salientar, que enchiam por completo o maior Auditório de que a universidade dispunha; e, finalmente, Praeterita - publicado entre 1886 e 1889 e que nos mostra um delicioso fragmento autobiográfico escrito durante os anos em que Ruskin se retirou de toda a atividade profissional, acabando por ser, efetivamente, o seu último livro publicado.
Todos estes, e outros, trabalhos de Ruskin fizeram dele uma das figuras mais marcantes e influentes da sociedade vitoriana do século XIX, de tal forma que existem hoje mais de 50 estudos e trabalhos sobre a obra deste magnífico escritor, pintor, ensaísta, filósofo, crítico e homem permanentemente preocupado com o ser humano e a natureza, e para quem a arte refletia apenas a moralidade da sociedade no seu todo.
A importância de Ruskin na sociedade inglesa do século XIX não se limitou - como provam os seus trabalhos - à arte e à crítica artístico-literária; passou também pelo vincado posicionamento de revolta e oposição em relação às forças da industrialização, que o levou àquela que seria considerada a sua segunda grande preocupação: a reforma social. As suas denúncias, reivindicações e vitórias sociais operaram, na época, reformas e mudanças que são hoje plenamente aceites mas que, no século XIX, estavam ainda longe de ser realidade.
O papel que Ruskin desempenhou na sociedade daquele século foi, sem dúvida, o de grande pensador, ativista, artista e genial criador.
Ao morrer em 20 de janeiro de 1900, a sua reputação de escritor e pensador morre também com ele, pois daí em diante o seu nome entra em declínio para muitos dos que o acompanharam na difícil sociedade do século XIX.
Filho único de um casal escocês próspero, desde cedo viajou por variadíssimas partes do mundo, desenvolvendo um aparente interesse pela arte e pela arquitetura.
Sua mãe cedo o ensinou a escrever e a ler, sendo a Bíblia o seu principal texto de leitura.
Desde pequeno se começou a notar em Ruskin uma notável genialidade. Educado por professores particulares e pela mãe em casa, só entrou no ensino público quando começou a frequentar a Universidade de Oxford, aí iniciando um sério estudo sobre arte.
Temperamentalmente tímido mas arrogante em muitos sentidos, socialmente pouco à vontade, desde sempre se mostrou apaixonado e eloquente no que diz respeito à arte e ao valor da vida.
Considerado um dos maiores escritores da época vitoriana, Ruskin é conhecido pelas suas diversas facetas de artista, cientista, poeta, ambientalista, filósofo, crítico de arte e ativista social, tendo mesmo chegado a provocar e levar por diante importantíssimas reformas sociais, tais como as pensões de velhice, a nacionalização da educação e a organização do trabalho.
Licenciado pela Universidade de Oxford, tendo também aí concluído o seu Mestrado em 1843, inicia a sua carreira de professor de Belas Artes nessa mesma Universidade em 1869. A sua passagem por esta prestigiante universidade foi de tal forma notável - não só pelas aulas que lecionou mas, sobretudo, pelo importante papel que Ruskin representava na sociedade da época - que ainda hoje existe na Universidade de Oxford a Ruskin School of Drawing and Fine Art (Escola de Desenho e Belas Artes Ruskin). Também em Sheffield, uma outra localidade onde o trabalho de Ruskin está amplamente reconhecido, existe atualmente o Ruskin Museum (Museu Ruskin), onde estão permanentemente expostos alguns dos seus desenhos.
Se a sua vida artística e social foi, sem dúvida, próspera e feliz, já a sua vida particular foi demasiadamente atormentada e tortuosa: casado em 1848 com uma sua prima Effie Gray, vê o seu casamento ser anulado em 1854 pela não consumação do mesmo; num curto espaço de tempo perde o pai e a mãe, figuras a que sempre esteve extremamente ligado afetivamente; em 1860 apaixona-se loucamente por Rose La Touche - uma menina de apenas 10 anos de idade - e espera até 1866 (para que ela tivesse 16 anos) para pedi-la em casamento. Por questões religiosas, os pais de Rose recusam o casamento, mas Ruskin continuava a cultivar aquele amor que sentia. Em 1875 Rose La Touche morre vítima de doença prolongada e Ruskin entra em processo de tremenda depressão, do qual jamais sairia até à morte.
Sucedem-se anos de depressão, de crises violentíssimas e maníacas, das quais jamais recuperou.
Figura pessoalmente atormentada e instável, Ruskin revelava, em contrapartida, uma enorme capacidade criativa, estável e orientada no que diz respeito à sua produção literária, à sua profissão de professor e palestrante, à sua veia de crítico e às suas intervenções em defesa de determinados direitos sociais.
A passagem de Ruskin por diversas instituições - como a Workin Men's College, a Universidade de Edimburgo, a Winnington Girl's School, a London Institution e a própria Universidade de Oxford demonstram bem a capacidade de focalização, desenvolvimento de conhecimentos e inegável tendência para captar a atenção de públicos que este polivalente do século vitoriano revelava possuir.
Autor de uma vastíssima e variadíssima obra, Ruskin deixa uma incontornável marca no panorama artístico do século XIX.
De toda a sua obra - que se dividiu entre artigos, poemas e livros - serão, sem dúvida, dignas de destaque as seguintes obras: "The Poetry of Architecture" ("A Poesia da Arquitetura") - uma série de artigos publicados na Architectural Magazine entre 1837 e 1838; Salsette and Elephanta - um belíssimo poema que lhe valeu, em 1839, o Prémio Newdigate, concedido por Oxford; Modern Painters (Pintores Modernos) - publicado em 5 volumes, entre 1843 (data do primeiro volume que, curiosamente, publica sob anonimato) e 1860, destacando-se pelo facto de aparecer em defesa da arte como linguagem universal, baseada na integridade e moralidade nacional e individual; The Sevem Lamps of Architecture (As Sete Lanternas da Arquitetura) - publicado em 1849 e que revela uma forte ligação de Ruskin à arquitetura gótica; The Stones of Venice (As Pedras de Veneza) - publicado em 3 volumes, entre 1851 e 1853, onde Ruskin faz um profundo e importantíssimo estudo sobre a arte italiana; em 1860 Ruskin publica alguns artigos de severas críticas políticas e sociais na Cornhill Magazine, daí resultando graves protestos por parte dos leitores que levaram o editor da revista a limitar a produção de artigos de Ruskin, sendo estes mais tarde, mais concretamente em 1862, publicados num volume intitulado Unto This Last; The Ethics of the Dust (A Ética do Pó) - uma série de diálogos, publicados em 1866, onde as crianças expõem as suas ideias sobre Geologia, baseada na breve passagem de Ruskin como professor pela Winnington Girl's School; The Pleasures of England (Os Prazeres de Inglaterra) - publicado em 1884 e que reúne todas as palestras dadas por John Ruskin na Universidade de Oxford, palestras essas, há que salientar, que enchiam por completo o maior Auditório de que a universidade dispunha; e, finalmente, Praeterita - publicado entre 1886 e 1889 e que nos mostra um delicioso fragmento autobiográfico escrito durante os anos em que Ruskin se retirou de toda a atividade profissional, acabando por ser, efetivamente, o seu último livro publicado.
Todos estes, e outros, trabalhos de Ruskin fizeram dele uma das figuras mais marcantes e influentes da sociedade vitoriana do século XIX, de tal forma que existem hoje mais de 50 estudos e trabalhos sobre a obra deste magnífico escritor, pintor, ensaísta, filósofo, crítico e homem permanentemente preocupado com o ser humano e a natureza, e para quem a arte refletia apenas a moralidade da sociedade no seu todo.
A importância de Ruskin na sociedade inglesa do século XIX não se limitou - como provam os seus trabalhos - à arte e à crítica artístico-literária; passou também pelo vincado posicionamento de revolta e oposição em relação às forças da industrialização, que o levou àquela que seria considerada a sua segunda grande preocupação: a reforma social. As suas denúncias, reivindicações e vitórias sociais operaram, na época, reformas e mudanças que são hoje plenamente aceites mas que, no século XIX, estavam ainda longe de ser realidade.
O papel que Ruskin desempenhou na sociedade daquele século foi, sem dúvida, o de grande pensador, ativista, artista e genial criador.
Ao morrer em 20 de janeiro de 1900, a sua reputação de escritor e pensador morre também com ele, pois daí em diante o seu nome entra em declínio para muitos dos que o acompanharam na difícil sociedade do século XIX.
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Como referenciar
Porto Editora – John Ruskin na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-03-30 02:16:16]. Disponível em
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