Jorge Molder
Fotógrafo português, Jorge Molder nasceu em 1947, em Lisboa. Estudou Filosofia na Universidade de Lisboa e começou a sua carreira como artista na década de 1970. A sua primeira exposição individual realizou-se na Cooperativa Árvore do Porto, em 1978 (Fotografias de Dentro e de Fora, com poemas de Joaquim Manuel Magalhães e João Miguel Fernandes Jorge).
Jorge Molder é reconhecido pelas suas fotografias escuras e enigmáticas que envolvem uma interação muitas vezes desorientadora para o observador. O seu trabalho levanta a questão de quem examina quem, se é o observador que olha o objeto ou vice-versa. Tudo isto produz uma sensação primeira da imagem como objeto e só depois como imagem. Não é somente a estranha utilização da luz e da escuridão que ajuda a desenvolver um efeito perturbador, mas também a escolha de usar a sua própria imagem como modelo, na maior parte das suas fotografias.
As fotografias de Molder, quer sejam a preto e branco e em grandes formatos, ou em zinco ou polaroide estão sempre à procura do detalhe significativo, para o processo que provoca a metamorfose da imagem no observador. As imagens às vezes parecem ter a sua própria narrativa, quase como se fossem imagens fixas de filmes (film stills). Esta qualidade cinematográfica sugere uma arqueologia da memória - da nossa própria memória ou, em termos mais amplos, da memória do mundo.
O trabalho de Jorge Molder tem focado o autorretrato desde 1987, um processo que começou com a série assim mesmo intitulada Auto-Retratos e que tem permanecido como um tema recorrente no seu trabalho. Molder trabalha frequentemente em séries. Cada série tem um título específico de modo a sugerir um novo subtexto, esclarecendo a ambiguidade da forma como ele se auto-representa, assim como do potencial imaginário do trabalho.
Apesar das imagens serem do próprio artista, estas auto-representações densas, misteriosas, versam a subjetividade, como oposto de serem elas próprias subjetivas. Séries mais recentes como T.V. (1996) - iniciais de troppo vero, a expressão que foi cunhada por Inocêncio X logo após ter visto pela primeira vez o seu retrato pintado por Velázquez) - e Anatomia e Boxe (1997) introduzem um tipo de autorretrato mais denso como se falasse de uma mudança na consciência que se percebe na metamorfose da face, ou como a presença de um outro, um sósia. Os seus trabalhos evocam, também, a literatura, com a presença de James Joyce, Wallace Stevens, Joseph Conrad, Malcolm Lowry, Georges Perec ou Fernando Pessoa, diretamente citado (como a série Joseph Conrad de 1991) ou como subtexto. Nos finais dos anos de 1990, durante os quais fez também algumas séries a cor (CD), os seus auto-retratos exprimem cada vez mais a preocupação com os limites ontológicos do ser humano, com a morte, bem como com os limites entre a racionalidade e a perda de razão ou de realidade. Apesar de o autor ser o próprio modelo, para o fotógrafo não se trata de auto-retratos, já que não existe uma preocupação introspetiva, uma problematização de si mesmo no sentido pessoal e autobiográfico que caracteriza geralmente o autorretrato.
O trabalho de Jorge Molder pode ser encontrado em quase todas as mais importantes coleções portuguesas, como Caixa Geral de Depósitos (Lisboa), Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (Lisboa), e Centro de Arte Moderna José de Azeredo de Perdigão da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) assim como em importantes coleções estrangeiras como Art Institute of Chicago, Artothèque de Grenoble (Grenoble), Everson Museum of Art (Syracuse, Nova Iorque), Fonds National d'Art Contemporain (Paris), Maison Européenne de la Photographie (Paris), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Madrid), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil), and Museo Estremeño Iberoamericano de Arte Contemporáneo (Badajoz). Jorge Molder foi convidado para participar na 48.a Bienal de Veneza (1999) na qual apresentou uma exposição especialmente preparada para o Palazzo Vendramin dei Carmini intitulada Nox, onde apresentou uma série de 36 fotografias dedicadas aos temas do esmorecimento, desmaio e queda.
Jorge Molder é reconhecido pelas suas fotografias escuras e enigmáticas que envolvem uma interação muitas vezes desorientadora para o observador. O seu trabalho levanta a questão de quem examina quem, se é o observador que olha o objeto ou vice-versa. Tudo isto produz uma sensação primeira da imagem como objeto e só depois como imagem. Não é somente a estranha utilização da luz e da escuridão que ajuda a desenvolver um efeito perturbador, mas também a escolha de usar a sua própria imagem como modelo, na maior parte das suas fotografias.
As fotografias de Molder, quer sejam a preto e branco e em grandes formatos, ou em zinco ou polaroide estão sempre à procura do detalhe significativo, para o processo que provoca a metamorfose da imagem no observador. As imagens às vezes parecem ter a sua própria narrativa, quase como se fossem imagens fixas de filmes (film stills). Esta qualidade cinematográfica sugere uma arqueologia da memória - da nossa própria memória ou, em termos mais amplos, da memória do mundo.
O trabalho de Jorge Molder tem focado o autorretrato desde 1987, um processo que começou com a série assim mesmo intitulada Auto-Retratos e que tem permanecido como um tema recorrente no seu trabalho. Molder trabalha frequentemente em séries. Cada série tem um título específico de modo a sugerir um novo subtexto, esclarecendo a ambiguidade da forma como ele se auto-representa, assim como do potencial imaginário do trabalho.
Apesar das imagens serem do próprio artista, estas auto-representações densas, misteriosas, versam a subjetividade, como oposto de serem elas próprias subjetivas. Séries mais recentes como T.V. (1996) - iniciais de troppo vero, a expressão que foi cunhada por Inocêncio X logo após ter visto pela primeira vez o seu retrato pintado por Velázquez) - e Anatomia e Boxe (1997) introduzem um tipo de autorretrato mais denso como se falasse de uma mudança na consciência que se percebe na metamorfose da face, ou como a presença de um outro, um sósia. Os seus trabalhos evocam, também, a literatura, com a presença de James Joyce, Wallace Stevens, Joseph Conrad, Malcolm Lowry, Georges Perec ou Fernando Pessoa, diretamente citado (como a série Joseph Conrad de 1991) ou como subtexto. Nos finais dos anos de 1990, durante os quais fez também algumas séries a cor (CD), os seus auto-retratos exprimem cada vez mais a preocupação com os limites ontológicos do ser humano, com a morte, bem como com os limites entre a racionalidade e a perda de razão ou de realidade. Apesar de o autor ser o próprio modelo, para o fotógrafo não se trata de auto-retratos, já que não existe uma preocupação introspetiva, uma problematização de si mesmo no sentido pessoal e autobiográfico que caracteriza geralmente o autorretrato.
O trabalho de Jorge Molder pode ser encontrado em quase todas as mais importantes coleções portuguesas, como Caixa Geral de Depósitos (Lisboa), Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (Lisboa), e Centro de Arte Moderna José de Azeredo de Perdigão da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) assim como em importantes coleções estrangeiras como Art Institute of Chicago, Artothèque de Grenoble (Grenoble), Everson Museum of Art (Syracuse, Nova Iorque), Fonds National d'Art Contemporain (Paris), Maison Européenne de la Photographie (Paris), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Madrid), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil), and Museo Estremeño Iberoamericano de Arte Contemporáneo (Badajoz). Jorge Molder foi convidado para participar na 48.a Bienal de Veneza (1999) na qual apresentou uma exposição especialmente preparada para o Palazzo Vendramin dei Carmini intitulada Nox, onde apresentou uma série de 36 fotografias dedicadas aos temas do esmorecimento, desmaio e queda.
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Como referenciar
Porto Editora – Jorge Molder na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-05-30 06:36:21]. Disponível em
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