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Latrão I
Nono concílio ecuménico, reunido em S. João de Latrão, palácio dos papas em Roma, no ano de 1123. A grande nota a reter deste concílio foi a regulamentação papal das investiduras, findando uma polémica antiga. Procurou também relançar as cruzadas para recuperar a Terra Santa.
Foi convocado pelo papa Calisto II (1119-1124), que a ele chamou todos os bispos e arcebispos do Ocidente. Conseguiu a presença de mais de 600 prelados de ordens religiosas e de mais de 300 bispos e arcebispos. Produziu 22 decretos, ou "cânones", embora a maior parte versasse sobre a renovação das antigas leis contra a simonia (compra ou venda de bens espirituais, como os sacramentos, ou de cargos, os "benefícios") e o nicolaísmo (quebra do celibato eclesiástico), para além das penas a aplicar aos que violassem as "tréguas de Deus". Incentivou-se as cruzadas, dando privilégios e garantias aos cruzados; determinou-se ainda que os mosteiros e as suas igrejas estivessem submetidos aos ordinários do lugar (bispos).
Mas a mais importante decisão deste concílio remete para a Questão das Investiduras. Por investidura entende-se o ato ou cerimónia que empossa um cargo, uma dignidade ou um feudo a um novo titular. Esta questão dirimiu-se entre o imperador germânico e o papa ao longo dos séculos XI e XII, quando os bispos eram empossados pelos senhores laicos, os príncipes, que investiam assim os titulares não apenas com o poder temporal mas também com o espiritual. Terminada a querela em 1122, na concordata de Worms, na Alemanha, entre o papado e o império - o imperador renunciava à investidura espiritual do báculo e do anel aos bispos, que passou a ser feita pelo papa, mas manteve a dos bens temporais - logo o papa Calisto II quis confirmar o acordo com um concílio ecuménico, que viria a ser este de Latrão I. Além de albergar o palácio papal, a basílica de S. João de Latrão servia de igreja episcopal em Roma. O célebre abade de St. Denis, Suger (ou Soeiro), foi um dos mais de 600 prelados presentes em Latrão I.
Acima de tudo, este concílio serviu para confirmar o acordo de Worms, cujas atas foram lidas na abertura dos trabalhos conciliares. Estreitavam-se assim as relações, desde há muito tensas, entre o império e o papado. Pretendia-se acabar com a intervenção direta dos senhores laicos em assuntos estritamente eclesiásticos, como a nomeação de bispos e abades ou o empossar desses cargos na investidura do anel e do báculo. O concílio pretendia eliminar a investidura laica e evitar os abusos que derivavam das influências políticas que essa intromissão laica favorecia. Os parentescos e as questões políticas animavam essas investiduras laicas, o que fazia surgir candidatos e titulares, desses cargos eclesiásticos, nem sempre da melhor qualidade, criando decadência na vida religiosa.
Foi convocado pelo papa Calisto II (1119-1124), que a ele chamou todos os bispos e arcebispos do Ocidente. Conseguiu a presença de mais de 600 prelados de ordens religiosas e de mais de 300 bispos e arcebispos. Produziu 22 decretos, ou "cânones", embora a maior parte versasse sobre a renovação das antigas leis contra a simonia (compra ou venda de bens espirituais, como os sacramentos, ou de cargos, os "benefícios") e o nicolaísmo (quebra do celibato eclesiástico), para além das penas a aplicar aos que violassem as "tréguas de Deus". Incentivou-se as cruzadas, dando privilégios e garantias aos cruzados; determinou-se ainda que os mosteiros e as suas igrejas estivessem submetidos aos ordinários do lugar (bispos).
Mas a mais importante decisão deste concílio remete para a Questão das Investiduras. Por investidura entende-se o ato ou cerimónia que empossa um cargo, uma dignidade ou um feudo a um novo titular. Esta questão dirimiu-se entre o imperador germânico e o papa ao longo dos séculos XI e XII, quando os bispos eram empossados pelos senhores laicos, os príncipes, que investiam assim os titulares não apenas com o poder temporal mas também com o espiritual. Terminada a querela em 1122, na concordata de Worms, na Alemanha, entre o papado e o império - o imperador renunciava à investidura espiritual do báculo e do anel aos bispos, que passou a ser feita pelo papa, mas manteve a dos bens temporais - logo o papa Calisto II quis confirmar o acordo com um concílio ecuménico, que viria a ser este de Latrão I. Além de albergar o palácio papal, a basílica de S. João de Latrão servia de igreja episcopal em Roma. O célebre abade de St. Denis, Suger (ou Soeiro), foi um dos mais de 600 prelados presentes em Latrão I.
Acima de tudo, este concílio serviu para confirmar o acordo de Worms, cujas atas foram lidas na abertura dos trabalhos conciliares. Estreitavam-se assim as relações, desde há muito tensas, entre o império e o papado. Pretendia-se acabar com a intervenção direta dos senhores laicos em assuntos estritamente eclesiásticos, como a nomeação de bispos e abades ou o empossar desses cargos na investidura do anel e do báculo. O concílio pretendia eliminar a investidura laica e evitar os abusos que derivavam das influências políticas que essa intromissão laica favorecia. Os parentescos e as questões políticas animavam essas investiduras laicas, o que fazia surgir candidatos e titulares, desses cargos eclesiásticos, nem sempre da melhor qualidade, criando decadência na vida religiosa.
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Como referenciar
Porto Editora – Latrão I na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-02-06 22:28:53]. Disponível em
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