Livros e Autores

Weyward

Emilia Hart

O perigo de estar no meu perfeito juízo

Rosa Montero

Os segredos de Juvenal Papisco

Bruno Paixão

Bom português

gratuito ou gratuíto?

ver mais

isenção ou insenção?

ver mais

precariedade ou precaridade?

ver mais

moinho ou moínho?

ver mais

verosímil ou verosímel?

ver mais

convalescença ou convalescência?

ver mais

incerto ou inserto?

ver mais

bolos-reis ou bolos-rei?

ver mais

Luis Anriques

São praticamente nulos os dados biográficos conhecidos sobre este poeta do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende que se destaca pela variedade de géneros e temas cultivados, desde o pranto ao louvor religioso, ou à expressão amorosa e jocosa. Parece, no entanto, depreender-se dos textos de encómio a figuras reais e senhoriais uma posição próxima do que seria um poeta oficial de corte, colado aos vetores ideológicos do reinado de D. Manuel e compondo, frequentemente, por encomenda. Nas suas composições, que, curiosamente, excluem a participação em conjuntos poéticos coletivos, o virtuosismo e o motivo dos textos sobrepõem-se frequentemente à inspiração mais pessoal e subjetiva. Assim, por exemplo, os poemas de louvor religioso não são o ponto de chegada de uma oposição temática entre a vida mundana, inconstante e vã, e a justiça e segurança divinas, como sucede, por exemplo, com Álvaro de Brito, mas textos que quase se resumem a uma glosa das orações consagradas, obedecendo mesmo, nas trovas a Nossa Senhora, por ocasião das grandes pestes e fome de 1516, a uma finalidade intercessora. Não é pois de surpreender que quando a postura antiaventura e até de reverso da imagem heroica da expansão constitui um dos fios condutores da expressão poética do Cancioneiro, seja Luis Anriques precisamente o autor do poema do Cancioneiro que mais próximo está da glorificação épica dos feitos dos portugueses. Este poema decassilábico "De Luis Anriques ao Duque de Bra- / gança, quando tomou Aza- / mor, em que conta / como foi", comprometido com uma apologia da cruzada evangelizadora, narra, depois de uma invocacão à Virgem, a partida do duque para Faro, onde foi pelo rei investido como chefe dessa missão, e daí para Mazagão e Azamor. O relato protoépico constrói, ao longo dessas oitavas vibrantes de erudição greco-latina, uma imagem de herói, "mais trabalhando do que Anibal", "gran Cesar", firmada na coragem de feitos bélicos brevemente evocados, dada a rapidez e facilidade da conquista de 1513. A poesia de Luis Anriques registou ainda três grandes momentos da história portuguesa: a morte do príncipe herdeiro D. Afonso, a morte de seu pai, D. João II, e a trasladação, com odor de santidade, das ossadas do mesmo monarca. As duas últimas composições não deixam de associar o panegírico de D. Manuel ao registo elegíaco, enquanto a primeira apresenta a singularidade compositiva de estruturar o pranto de forma dramatizada, dando a voz aos lamentos do Rei, da Rainha e da Princesa. Num estilo completamente diverso, mas revelador também do seu potencial dramático, as trovas, censuradas no Index de 1624, a uma moça com quem "andava de amores", que convertera e casara com um judeu, explorando um cómico de linguagem conseguido pelo hebreu macarrónico e por alusões eróticas, atestam a versatilidade poética de Luís Anriques. No que diz respeito às composições amorosas e de circunstância, é de realçar a capacidade de expressão metaliterária na resposta "û homem / que nam cria que ele fizera ûas / trovas d' arte maior, / porque levavam / muita poesia", e, sob o signo da herança italiana de Petrarca e de Dante, bebida em Santillana, a composição, em castelhano, de um dos Infernos dos Namorados do Cancioneiro: depois de errar pelas selvas e vales solitários, o poeta encontra três damas, "tristeza / congoxa e esperança", que escutam o queixume amoroso e o acompanham na descida às "ravias infernales".
Partilhar
Como referenciar
Porto Editora – Luis Anriques na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-06-03 19:11:11]. Disponível em
Livros e Autores

Weyward

Emilia Hart

O perigo de estar no meu perfeito juízo

Rosa Montero

Os segredos de Juvenal Papisco

Bruno Paixão

Bom português

gratuito ou gratuíto?

ver mais

isenção ou insenção?

ver mais

precariedade ou precaridade?

ver mais

moinho ou moínho?

ver mais

verosímil ou verosímel?

ver mais

convalescença ou convalescência?

ver mais

incerto ou inserto?

ver mais

bolos-reis ou bolos-rei?

ver mais