mobilização

A mobilização dos indivíduos para a ação coletiva, em função de interesses comuns, é um fenómeno observável sobretudo ao nível dos movimentos sociais (sejam eles o movimento dos "sem-terra" no Brasil, o movimento de emancipação das mulheres, um movimento de guerrilha, uma greve). A mobilização envolve formas de desencadear a ação coletiva. Respeita, portanto, a dinâmica social da passagem de uma sucessão de ações mais ou menos pontuais e individuais, à organização de uma ação coletiva social ou politicamente eficaz. Por isso, a mobilização é inerente às ações coletivas e aos movimentos sociais. Não basta ser-se objeto de discriminação, ser-se mal pago, não se possuir terra, para criar movimentos sociais. Para desencadear uma ação coletiva, uma luta de classes (segundo a terminologia marxista), ou um movimento social, é preciso que uma mobilização coletiva se verifique. Charles Tilly, por exemplo, para perceber como o protesto se transforma em ação revolucionária, analisa o modo como os gupos se organizam coletivamente e se mobilizam. Distingue quatro componentes: organização do grupo, mobilização, interesses comuns, oportunidade. Em termos gerais, pode dizer-se que tem de haver a conjugação de interesses comuns a defender, o agrupamento de um conjunto de atores, a organização coletiva das estratégias individuais, a mobilização dos recursos para a ação coletiva. No entanto, como Nettl considera, a lógica dos interesses comuns não explica tudo: são necessários símbolos de identificação coletiva e modelos de referência.
Muitas vezes são as forças sociais, como os partidos políticos, as igrejas, os sindicatos, que desempenham um papel importante na mobilização dos indivíduos para causas ou interesses comuns. Igualmente, a figura do líder carismático, seja no domínio político, religioso ou artístico, como considera Max Weber, é capaz de mobilizar um grupo em torno das suas ideias e dos seus projetos.