Os Bichos
Coletânea de catorze contos, publicada em 1940, da autoria do escritor português Miguel Torga.
Como numa fábula, ao longo de toda a obra Os Bichos, o autor procura focalizar as personagens - bichos, cujo nome vai dar corpo a cada um dos contos, como um ser humano, com capacidade de agir e reagir ao meio, através das "manhas" que caracterizam o Homem.
Autor profundamente marcado pelo espaço da sua infância e adolescência, é ao imaginário e à cultura de Trás-os-Montes, enquanto momento nuclear da sua memória, que Miguel Torga vai buscar as suas personagens e as ações da sua obra narrativa, caracterizadas tendo em conta as virtudes e os defeitos do Homem.
O pardal Ladino, o galo Tenório, o gato Mago, o corvo Vicente, etc., assumem assim comportamentos, ora de esperteza, ora de machismo, ora de comodismo, ora de revolta, exprimindo sentimentos e emoções suscetíveis de os aproximar do que é propriedade do comportamento humano.
O pardal Ladino, personagem do conto com o mesmo nome, manhoso e esperto, é sempre focalizado de forma a criar uma confusão com o padre Gonçalo: "Tão manhoso, em toda a freguesia, só o padre Gonçalo".
No conto Tenório, a personagem do galo deixa perceber um narcisismo e uma presunção avassaladores, que o impedem de perceber o triste fim que lhe estava destinado: um tacho de arroz.
Já o gato do conto Mago simboliza o acomodamento do Homem a uma vida materialmente estável, mesmo que para isso tenha que submeter a sua dignidade.
Pelo contrário, e simbolicamente, o último conto do livro, Vicente, coloca-nos perante uma personagem lutadora e ousada que, para preservar a sua liberdade, foi capaz de enfrentar o próprio Deus. De facto, o corvo Vicente, desobedecendo à disciplina da Arca de Noé, durante o dilúvio universal, e incapaz de se manter enclausurado, escolhe a liberdade, tornando-se autónomo e independente do seu Criador que se lhe dera asas era para ele voar livremente. Não há dúvida que, como o conjunto das personagens deste livro, esta nos remete para o comportamento humano, representando a rebeldia do homem e a sua vontade de lutar pela sua liberdade, enquanto direito que lhe é inerente.
Recorrendo a uma linguagem conotativa, o autor vai estruturando um discurso especial, capaz de criar uma permanente ambiguidade entre o domínio do que é humano e do que é irracional, e através do qual ficciona acontecimentos vividos por personagens que "se constituem como homens em pele de animais".
Os Contos que compõem esta coletânea são os seguintes: Nero, Mago, Madalena, Morgado, Bambo, Tenório, Jesus, Cega-Rega, Ladino, Ramiro, Farrusco, Miura, O Sr.Nicolau e Vicente.
Como numa fábula, ao longo de toda a obra Os Bichos, o autor procura focalizar as personagens - bichos, cujo nome vai dar corpo a cada um dos contos, como um ser humano, com capacidade de agir e reagir ao meio, através das "manhas" que caracterizam o Homem.
Autor profundamente marcado pelo espaço da sua infância e adolescência, é ao imaginário e à cultura de Trás-os-Montes, enquanto momento nuclear da sua memória, que Miguel Torga vai buscar as suas personagens e as ações da sua obra narrativa, caracterizadas tendo em conta as virtudes e os defeitos do Homem.
O pardal Ladino, o galo Tenório, o gato Mago, o corvo Vicente, etc., assumem assim comportamentos, ora de esperteza, ora de machismo, ora de comodismo, ora de revolta, exprimindo sentimentos e emoções suscetíveis de os aproximar do que é propriedade do comportamento humano.
O pardal Ladino, personagem do conto com o mesmo nome, manhoso e esperto, é sempre focalizado de forma a criar uma confusão com o padre Gonçalo: "Tão manhoso, em toda a freguesia, só o padre Gonçalo".
No conto Tenório, a personagem do galo deixa perceber um narcisismo e uma presunção avassaladores, que o impedem de perceber o triste fim que lhe estava destinado: um tacho de arroz.
Já o gato do conto Mago simboliza o acomodamento do Homem a uma vida materialmente estável, mesmo que para isso tenha que submeter a sua dignidade.
Pelo contrário, e simbolicamente, o último conto do livro, Vicente, coloca-nos perante uma personagem lutadora e ousada que, para preservar a sua liberdade, foi capaz de enfrentar o próprio Deus. De facto, o corvo Vicente, desobedecendo à disciplina da Arca de Noé, durante o dilúvio universal, e incapaz de se manter enclausurado, escolhe a liberdade, tornando-se autónomo e independente do seu Criador que se lhe dera asas era para ele voar livremente. Não há dúvida que, como o conjunto das personagens deste livro, esta nos remete para o comportamento humano, representando a rebeldia do homem e a sua vontade de lutar pela sua liberdade, enquanto direito que lhe é inerente.
Recorrendo a uma linguagem conotativa, o autor vai estruturando um discurso especial, capaz de criar uma permanente ambiguidade entre o domínio do que é humano e do que é irracional, e através do qual ficciona acontecimentos vividos por personagens que "se constituem como homens em pele de animais".
Os Contos que compõem esta coletânea são os seguintes: Nero, Mago, Madalena, Morgado, Bambo, Tenório, Jesus, Cega-Rega, Ladino, Ramiro, Farrusco, Miura, O Sr.Nicolau e Vicente.
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Como referenciar
Porto Editora – Os Bichos na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-06-05 01:43:35]. Disponível em
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