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Portugal e os outros Estados Marítimos

Portugal desenvolveu, durante o seu período de expansão marítima e territorial, entre os séculos XV e XVII, um quadro de relações com outras potências marítimas, nem sempre amistosas, com ganhos e perdas. As nações marítimas foram essencialmente a Espanha, a França, os Países Baixos, a Inglaterra e as cidades mercantis italianas e alguns estados alemães.
AlemanhaIntegrada na rota do Norte, a Alemanha constituiu uma das nações com que os Portugueses estabeleceram relações comerciais, primeiro com a Hansa, depois com Nuremberga e Augsburgo, cidades da prata, dos banqueiros e importadoras de especiarias, além de vinho e sal. As relações, a partir de finais da Idade Média, começaram a canalizar-se por Bruges e depois Antuérpia, ambas na Flandres. Da Alemanha vieram também contributos e cientistas de vulto para a cartografia portuguesa, como Martin Behaim. Também para a Alemanha foram produtos exóticos portugueses, admirados por artistas como Albrecht Dürer, que trabalharam para encomendadores lusos. Os produtos exóticos portugueses encheram também os "gabinetes de curiosidades" dos grandes colecionistas alemães, como os Habsburgos. Damião de Góis também por lá andou, como para Hamburgo foram muitos judeus portugueses fugidos no século XVI. Com a União Ibérica, as rotas eram mais diretas e a navegação aumentou entre a Alemanha e Portugal. A Alemanha nunca interferiu diretamente como concorrente no processo de expansão marítima nacional.
FrançaAs relações com a França remontam à implantação da nacionalidade em Portugal, precisamente com uma dinastia francesa, dita "da Borgonha", paralelamente à vinda de monges de Cluny e Cister para o nosso País, além de contingentes de cruzados que por cá andaram. O alinhamento de Portugal com Roma no Cisma do Ocidente (1378-1417), contra a França avinhonense, além da aliança portuguesa com a Inglaterra, que remonta ao século XIV, inimiga dos franceses na Guerra dos Cem Anos, tudo isto toldou as relações entre o nosso País e a França. Com a dinastia de Avis a partir de 1385, algo se superou e as relações comerciais aumentaram, com La Rochelle, Nantes ou Rouen, por exemplo, importadoras de açúcar madeirense nos séculos XV e XVI, além de outros produtos nacionais. Daí a vinda também de muitos artistas franceses para Portugal (Chanterenne, Jean de Rouen...). As relações entre ambos os países melhoraram graças aos acordos comerciais e à posição de Portugal na rota do Atlântico para o Mediterrâneo, dois espaços cruciais para a França. Todavia, apesar da diplomacia e boas relações, o corso francês cresceu imenso nos séculos XVI e XVII, tendo nos navios e territórios portugueses além-mar alguns dos seus melhores e mais frequentes alvos. O grande móbil da questão era a negação francesa do mare nostrum ibérico, defendendo a liberdade dos mares. Os franceses lançam-se no Brasil (La Villegaignon e Strozzi). O Brasil e as suas madeiras eram extremamente cobiçados, e com a União Ibérica e a derrota da Invencível Armada em 1588, com os Espanhóis destroçados, mais corso se abateu sobre as posses e navegações lusas, que se manteve sempre até ao século XVIII, apesar de serem ambas nações católicas e da França ter apoiado, segundo se pensa, na pessoa de Richelieu, o golpe de 1640.
InglaterraCom vários acordos e tratados assinados desde há muito, foi com o tratado luso-inglês de 1386, em Windsor, que se iniciou a aliança entre os dois povos, embora com conjunturas menos favoráveis por vezes. Muitos desses piores momentos se devem precisamente à concorrência marítima e comercial na época moderna ou às questões religiosas. Com várias ratificações no século XV e apoios ingleses, as relações destes foram amplamente condicionadas pelas suas questões internas, como a crise da guerra das Duas Rosas, mas nunca a aliança sofreu grandes contrariedades até à União Ibérica (1580-1640) e principalmente até ao Ato de Navegação britânico de 1651, em que os britânicos assumem a doutrina do mare liberum e se lançam ao assalto dos mares, já não apenas na perspetiva isabelina de corso e pirataria (Drake, Hawkins...) mas agora também imperialista. O corso foi duramente castigador para as relações marítimas entre Portugal e Inglaterra principalmente na União Ibérica, em que o ódio da anglicana Isabel I contra o piamente católico e imperialista Filipe I se abateu sobre os interesses coloniais portugueses, subjugados e esquecidos pelos espanhóis, que arregimentaram mesmo forças navais e efetivos portugueses para o desastre da Invencível Armada. As hostilidades eram justificadas pelos ingleses por Portugal estar submisso a Madrid. A ditadura republicana de Cromwell (1649-1660) abalou as relações entre Portugal e Inglaterra, que nem o casamento da "Triste Feia" Catarina de Bragança com o clown Carlos II, restaurador da monarquia inglesa em 1660, apaziguou. Com as lutas portuguesas contra Espanha na Restauração e o definhar do Império português, que emergia porém no Brasil, a aproximação com a Inglaterra ressurgiu, mas não tanto nos mares, onde a supremacia naval inglesa era indesmentível, agora tendo como grande inimigo a França. O Imperialismo colonial britânico emergiria em meados de Setecentos, sem pôr em causa os territórios portugueses remanescentes (África, Brasil, Índia, Macau).
Países BaixosO declínio da feitoria portuguesa de Antuérpia, na segunda metade do século XVI, prende-se com a afirmação crescente da identidade política dos Países Baixos, que cada vez mais pugnavam contra o domínio militar espanhol no seu território, onde o choque entre o catolicismo tirânico de Madrid e o advento da nação holandesa calvinista suscitavam cada vez mais conflitos. Com a independência holandesa, lançou-se esta nação na aventura dos mares, estribada no mare liberum e no corso e ataque a territórios ibéricos, principalmente aos desguarnecidos portugueses, em virtude do abandono filipino à estratégia imperial portuguesa nos mares. A Índia, Angola, Ceilão, as ilhas das Especiarias (Molucas, Indonésia, Timor), Macau, Malaca e principalmente o Brasil, sofrerão, como a carreira marítima da Índia, impiedosos e destrutivos ataques dos holandeses ao longo de Seiscentos. A política holandesa era não importar aos portugueses mas ir à fonte dos produtos e dominá-la, bem como os canais de escoamento dos mesmos, com base numa poderosa e moderna armada e em efetivos militares numerosos, disciplinados e bem armados. Depois de inúmeros ataques, os holandeses conquistam o Nordeste do Brasil, onde ficam até 1653, recomeçando os ataques noutros pontos do globo, principalmente em África, na Índia e Ceilão. A ação da VOC (Companhia das Índias Orientais holandesas) na Ásia foi extremamente desgastadora do império marítimo português na região, operando a partir de Batávia (Jacarta) contra os nossos interesses. Sobreviveram Macau, Goa, Damão e Diu, Timor oriental e algumas fortalezas nas margens do Índico. A paz veio em 1661, embora o corso holandês não tenha desaparecido.
EspanhaAs relações com Espanha enquanto potência marítima decorrem essencialmente do quadro da concorrência ibérica relativa às Canárias ao longo do século XV e à divisão do mundo no tratado de Tordesilhas de 1494, definindo área de interesse distintas no globo por parte de ambos os reinos. A unificação espanhola de 1492 serenou as relações com Portugal, que se mantiveram normais, dir-se-ia, até 1580-1640, no quadro da União dinástica da Península Ibérica. Nesse período, as relações marítimas foram subjugadas aos interesses espanhóis e às suas inimizades com Inglaterra e Holanda, mais tarde com a França, o que vulnerabilizou a posição do império marítimo português. Depois do século XVII, dá-se o declínio de ambos os impérios face à concorrência do Norte, embora as relações tenham existido sempre, com perdas e ganhos para ambas as partes. De realçar a importância do tratado de Santo Ildefonso, ou dos "Limites", em 1777, que definiu os limites de ambos os Impérios.
Repúblicas Italianas As relações com Veneza e Génova foram sempre de rivalidade. Com Veneza, rivalidade no que toca ao fim do seu monopólio das especiarias e da sua ligação exclusiva ao Oriente, através dos muçulmanos, que os Portugueses quebraram com a Carreira da Índia. As relações marítimas com Veneza diluiram-se ao longo de Quinhentos, tornando-se escassas e pouco rentáveis. O açúcar madeirense e depois as especiarias arrasaram o trato veneziano, para mais com a fixação portuguesa na Flandres, onde vendia mais e a melhores preços aqueles e outros produtos de grande valor. A rota portuguesa do Cabo supera a do mar Vermelho de Veneza, que só recupera a partir de 1550, embora sem o fulgor da Idade Média. Vinte anos depois decaiem novamente. Os Europeus preferiam vir a Lisboa ou à Flandres, já não tanto a Veneza, onde, todavia, sempre existiu uma comunidade de mercadores lusos e as relações comerciais não desapareceram. Com Génova, as relações foram melhores, intensas durante a Idade Média, desde a vinda dos Vivaldi para Lagos ou depois, durante o reinado de D. Dinis, do almirante Manuel Pessanha para reestruturar a armada e frota marítima comercial portuguesa. Vários genoveses apoiarão a expansão mais tarde, como os Spínolas, os Dória, os Grimaldi ou os Lomellini ou Cadamosto. As relações serão mais científicas, navais e cartográficas do que comerciais e políticas, mas sabendo-se atualmente que, por via de Génova, o contributo português para a navegação mediterrânica foi maior do que o que se pensava.
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Como referenciar
Porto Editora – Portugal e os outros Estados Marítimos na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-11-30 16:31:37]. Disponível em
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