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Presépio
Segundo a tradição, o "presépio" é o conjunto de acontecimentos passados no local onde nasceu o Menino Jesus. Este local, em Belém (Palestina), era um estábulo escavado na rocha, onde se encontravam um burro e uma vaca (ou boi) que com o seu bafo aqueceram o recém-nascido Salvador. Hoje existe neste sítio a Basílica da Natividade (ou Nascimento), onde se pensa que desde o século V se reverenciaram sucessivas representações do acontecimento.
A palavra "Natal" significa à letra, em latim, dia do nascimento, e começou a ser comemorado no século V pela Igreja (depois de alguma resistência), no dia do solstício de inverno.
Do presépio começaram a fazer parte a certa altura os Reis Magos (sábios astrólogos, sacerdotes adaptados do culto mitraísta, da mitologia da Mesopotâmia e Pérsia), que vinham adorar o Menino (ofereceram-Lhe ouro, incenso e mirra, e representavam a submissão do paganismo) e foram conduzidos por uma estrela, assim como os pastores e seus rebanhos, que tinham sido avisados do importante acontecimento por um anjo.
A razão de o nascimento se ter dado num local tão pobre e improvisado deve-se à viagem que Nossa Senhora e São José estavam a empreender em direção a Belém, "capital" da casa dinástica de David (a que pertencia a Sagrada Família), para efetuar o censo populacional que o imperador Octávio Augusto tinha ordenado. Este censo pensa-se ter ocorrido entre 6 e 4 a. C., o que confere ulteriormente uma idade superior a Cristo em relação à tradição dos 33 anos aquando da sua Paixão e morte na Cruz (que terá sido também depois de 33 d. C.).
Os Evangelhos de São Lucas e de São Mateus são a base bíblica deste tema da vinda de Jesus ao mundo terreno, tendo os animais aparecido por influência dos Evangelhos Apócrifos (não canónicos, mas tolerados pela Igreja), que interpretaram textos proféticos do Antigo Testamento.
Fez-se mais tarde na dita gruta uma réplica do presépio em barro, que foi mais tarde substituída por uma em prata, segundo o testemunho de São Jerónimo, que viveu ali perto no século IV. Os cristãos primitivos tinham também o hábito de fazer pequenas cenas que representavam o nascimento de Jesus quando se reuniam nas catacumbas. Nas primeiras igrejas, instituídas após o Édito de Constantino, em 313, aparecem já imagens da Natividade em frescos, grafitos e relevos.
Foi, no entanto, São Francisco, em 1223, quem introduziu a representação do presépio como comemoração vivente do dia do nascimento de Jesus, impulsionando a tradição ao propor na noite de Natal uma representação ao vivo em Greccio, cidade italiana onde se encontrava. De tal modo impressionou a missa e o ritual destinados a transmitir o mistério da encarnação de Jesus aos que não sabiam ler, que se tornou rapidamente popular por toda a Europa. Foi também no início deste século que se disseminaram as primeiras representações em vulto perfeito (esculturas).
As representações e os materiais variavam consoante as épocas e as culturas, tendo, por exemplo, os cristãos de tradição oriental difundido a cena sobretudo em mosaico e os europeus, nos primórdios, em figuras de barro. Um exemplo de excelência do que acabamos de referir é o Presépio de Machado de Castro, que data do século XVIII.
O presépio atual baseou-se no modelo napolitano do século XVIII, e a partir dele foram inseridos nos presépios os mais diversos elementos referentes à identidade cultural do produtor, dando-se largas à imaginação e aparecendo uma imensidão de figuras (incluindo algumas de origem pagã) e situações heterogéneas que nada tinham a ver com o relatado nos Evangelhos.
Foi, portanto, na época barroca que o presépio teve mais projeção, dada sobretudo pelos jesuítas, e no século XVIII foram-se inserindo diversos episódios, além do da Natividade propriamente dita. Neste mesmo século, com o advento do Iluminismo, os presépios foram proibidos em certos sítios, como por exemplo na Baviera (sendo no entanto nesta mesma zona onde se encontra uma das maiores coleções de presépios do mundo, no Museu Nacional do Mónaco).
No século XIX, o gosto pelo orientalismo refletiu-se nas representações, sobretudo na segunda metade, enquanto que na primeira houve uma preferência pelas paisagens.
Algumas das representações mais bem conseguidas e afamadas são a de Arnolfo da Cambio, em figuras de madeira, que se encontra ainda hoje na igreja romana de Santa Maria Maggiore (1289), as pinturas de Jerónimo Bosch (Adoração dos Pastores, 1510), Domenico Ghirlandaio (Adoração dos Pastores, 1485), Stefan Lochner (A Adoração do Menino, 1445), Giovanni Battista Tiépolo (Adoração dos Magos, 1753) e Gerrit van Honthorst (Adoração dos Pastores, 1617), os relevos do altar gótico da igreja de St. Wolfgang (localidade homónima no Saltzkammergut, Áustria), da autoria de Michael Pacher.
A palavra "Natal" significa à letra, em latim, dia do nascimento, e começou a ser comemorado no século V pela Igreja (depois de alguma resistência), no dia do solstício de inverno.
Do presépio começaram a fazer parte a certa altura os Reis Magos (sábios astrólogos, sacerdotes adaptados do culto mitraísta, da mitologia da Mesopotâmia e Pérsia), que vinham adorar o Menino (ofereceram-Lhe ouro, incenso e mirra, e representavam a submissão do paganismo) e foram conduzidos por uma estrela, assim como os pastores e seus rebanhos, que tinham sido avisados do importante acontecimento por um anjo.
A razão de o nascimento se ter dado num local tão pobre e improvisado deve-se à viagem que Nossa Senhora e São José estavam a empreender em direção a Belém, "capital" da casa dinástica de David (a que pertencia a Sagrada Família), para efetuar o censo populacional que o imperador Octávio Augusto tinha ordenado. Este censo pensa-se ter ocorrido entre 6 e 4 a. C., o que confere ulteriormente uma idade superior a Cristo em relação à tradição dos 33 anos aquando da sua Paixão e morte na Cruz (que terá sido também depois de 33 d. C.).
Os Evangelhos de São Lucas e de São Mateus são a base bíblica deste tema da vinda de Jesus ao mundo terreno, tendo os animais aparecido por influência dos Evangelhos Apócrifos (não canónicos, mas tolerados pela Igreja), que interpretaram textos proféticos do Antigo Testamento.
Fez-se mais tarde na dita gruta uma réplica do presépio em barro, que foi mais tarde substituída por uma em prata, segundo o testemunho de São Jerónimo, que viveu ali perto no século IV. Os cristãos primitivos tinham também o hábito de fazer pequenas cenas que representavam o nascimento de Jesus quando se reuniam nas catacumbas. Nas primeiras igrejas, instituídas após o Édito de Constantino, em 313, aparecem já imagens da Natividade em frescos, grafitos e relevos.
Foi, no entanto, São Francisco, em 1223, quem introduziu a representação do presépio como comemoração vivente do dia do nascimento de Jesus, impulsionando a tradição ao propor na noite de Natal uma representação ao vivo em Greccio, cidade italiana onde se encontrava. De tal modo impressionou a missa e o ritual destinados a transmitir o mistério da encarnação de Jesus aos que não sabiam ler, que se tornou rapidamente popular por toda a Europa. Foi também no início deste século que se disseminaram as primeiras representações em vulto perfeito (esculturas).
As representações e os materiais variavam consoante as épocas e as culturas, tendo, por exemplo, os cristãos de tradição oriental difundido a cena sobretudo em mosaico e os europeus, nos primórdios, em figuras de barro. Um exemplo de excelência do que acabamos de referir é o Presépio de Machado de Castro, que data do século XVIII.
O presépio atual baseou-se no modelo napolitano do século XVIII, e a partir dele foram inseridos nos presépios os mais diversos elementos referentes à identidade cultural do produtor, dando-se largas à imaginação e aparecendo uma imensidão de figuras (incluindo algumas de origem pagã) e situações heterogéneas que nada tinham a ver com o relatado nos Evangelhos.
Foi, portanto, na época barroca que o presépio teve mais projeção, dada sobretudo pelos jesuítas, e no século XVIII foram-se inserindo diversos episódios, além do da Natividade propriamente dita. Neste mesmo século, com o advento do Iluminismo, os presépios foram proibidos em certos sítios, como por exemplo na Baviera (sendo no entanto nesta mesma zona onde se encontra uma das maiores coleções de presépios do mundo, no Museu Nacional do Mónaco).
No século XIX, o gosto pelo orientalismo refletiu-se nas representações, sobretudo na segunda metade, enquanto que na primeira houve uma preferência pelas paisagens.
Algumas das representações mais bem conseguidas e afamadas são a de Arnolfo da Cambio, em figuras de madeira, que se encontra ainda hoje na igreja romana de Santa Maria Maggiore (1289), as pinturas de Jerónimo Bosch (Adoração dos Pastores, 1510), Domenico Ghirlandaio (Adoração dos Pastores, 1485), Stefan Lochner (A Adoração do Menino, 1445), Giovanni Battista Tiépolo (Adoração dos Magos, 1753) e Gerrit van Honthorst (Adoração dos Pastores, 1617), os relevos do altar gótico da igreja de St. Wolfgang (localidade homónima no Saltzkammergut, Áustria), da autoria de Michael Pacher.
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Como referenciar
Porto Editora – Presépio na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-04-01 05:00:51]. Disponível em
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