< voltar
2 min
sagrado/profano
Não se pode dar uma definição de sagrado sem ter em conta a de profano. Quando a palavra sagrado é empregue como adjetivo, ela refere, em relação aos objetos e pessoas, uma qualidade sobrenatural, reconhecendo naqueles um estatuto ontológico próximo do religioso. Empregue como substantivo, a palavra sagrado refere o princípio que confere esse carácter.
Na maior parte das vezes é o binómio sagrado/profano que, interligando-se e opondo-se, dá sentido às pessoas, atos e coisas referidos, tendo em conta o contexto cultural. É, por isso, muito difícil definir o verdadeiro significado tanto do sagrado como do profano. Próximo do sobrenatural, não pode ser confundido com ele. Os comportamentos próximos da magia e de outras formas de rituais religiosos são confundidos com o sagrado, assim como a própria noção de pureza/impureza.
A doutrina antropológica afirma que a cisão entre sagrado e profano é específica da cultura ocidental moderna. As culturas tradicionais englobariam o sagrado e o profano na sua compreensão do real, onde qualquer atividade humana era marcada pela sacralidade. Convém distinguir aqui que, apesar de haver uma constante interligação entre o sagrado e o profano, os povos destas culturas sabiam distinguir os factos religiosos dos benefícios materiais que as suas práticas mágicas e religiosas produziam na vida quotidiana. Sagrado/profano não pode ser colocado no mesmo nível de religioso/não-religioso, principalmente nas culturas onde a dicotomia se refere a um mundo do não-útil, do ponto de vista económico contraposto a um mundo do economicamente útil.
A construção do sentido de sagrado está intimamente ligada aos termos que o designam, nomeadamente o de mana, de origem polinésia e que pode ser traduzido por "poder" e "influência". M. Mauss e E. Durkheim viram no mana o princípio original da magia e do sagrado. Na oposição do sagrado e do profano, Durkheim estabelece a origem de toda a religião, localizando a origem do sagrado no princípio social hipostasiado. R. Caillois distingue, por sua vez, o sagrado de respeito (presente nos interditos) do sagrado de transgressão (princípio da festa, da orgia). Apesar de a maioria dos autores quererem distinguir pela evidência, salientando a relação do sagrado com um Além, com o bem moral, o sagrado do profano, essa distinção é difícil, necessitando de um para afirmar o significado do outro, formando um discurso que organiza um sistema simbólico num determinado contexto cultural.
O discurso do sagrado, hoje, coloca-se mais na definição dos espaços de laicidade como redutoras manifestações daquele, ao mesmo tempo que se procura analisar a questão de se esta laicidade não tem ela mesma manifestações de tipo religioso, apelando para autoridade transcendente e, por isso, marcada pelas características do sagrado.
Na maior parte das vezes é o binómio sagrado/profano que, interligando-se e opondo-se, dá sentido às pessoas, atos e coisas referidos, tendo em conta o contexto cultural. É, por isso, muito difícil definir o verdadeiro significado tanto do sagrado como do profano. Próximo do sobrenatural, não pode ser confundido com ele. Os comportamentos próximos da magia e de outras formas de rituais religiosos são confundidos com o sagrado, assim como a própria noção de pureza/impureza.
A doutrina antropológica afirma que a cisão entre sagrado e profano é específica da cultura ocidental moderna. As culturas tradicionais englobariam o sagrado e o profano na sua compreensão do real, onde qualquer atividade humana era marcada pela sacralidade. Convém distinguir aqui que, apesar de haver uma constante interligação entre o sagrado e o profano, os povos destas culturas sabiam distinguir os factos religiosos dos benefícios materiais que as suas práticas mágicas e religiosas produziam na vida quotidiana. Sagrado/profano não pode ser colocado no mesmo nível de religioso/não-religioso, principalmente nas culturas onde a dicotomia se refere a um mundo do não-útil, do ponto de vista económico contraposto a um mundo do economicamente útil.
A construção do sentido de sagrado está intimamente ligada aos termos que o designam, nomeadamente o de mana, de origem polinésia e que pode ser traduzido por "poder" e "influência". M. Mauss e E. Durkheim viram no mana o princípio original da magia e do sagrado. Na oposição do sagrado e do profano, Durkheim estabelece a origem de toda a religião, localizando a origem do sagrado no princípio social hipostasiado. R. Caillois distingue, por sua vez, o sagrado de respeito (presente nos interditos) do sagrado de transgressão (princípio da festa, da orgia). Apesar de a maioria dos autores quererem distinguir pela evidência, salientando a relação do sagrado com um Além, com o bem moral, o sagrado do profano, essa distinção é difícil, necessitando de um para afirmar o significado do outro, formando um discurso que organiza um sistema simbólico num determinado contexto cultural.
O discurso do sagrado, hoje, coloca-se mais na definição dos espaços de laicidade como redutoras manifestações daquele, ao mesmo tempo que se procura analisar a questão de se esta laicidade não tem ela mesma manifestações de tipo religioso, apelando para autoridade transcendente e, por isso, marcada pelas características do sagrado.
Partilhar
Como referenciar
Porto Editora – sagrado/profano na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-01-27 14:37:16]. Disponível em
Artigos
-
auto de féOs autos de fé tinham início com um sermão, durante o qual se apontavam e condenavam as heresias, ao...
-
Fervor Religioso e Perda de Autoridade das IgrejasNum mundo que durante os séculos XIX e XX se caracterizou pela extrema instabilidade política e soci...
-
Ordem de AvisOrdem militar e religiosa instituída em 1162 por D. Afonso Henriques e derivada da Ordem de Calatrav...
-
Torre de BabelA Torre de Babel, que significa a "porta do céu" ou a "porta de Deus", é mencionada na Bíblia (Génes...
-
Os três músicos da BabilóniaOs três músicos da Babilónia são os três jovens hebreus Ananias, Misael e Azarias, a que se refere a...
-
banhoA purificação e a regeneração proporcionadas pelo banho naquele que é um dos rituais mais universais...
-
BasileiaDécimo sétimo concílio ecuménico, reunido em Basileia, Ferrara e Florença, entre 1431 e 1445,convoca...
-
batismoO batismo era já conhecido dos Essénios e de outros povos da antiguidade como um ritual de purificaç...
-
Custódia de BelémRealizada com o primeiro ouro proveniente do reino de Quíloa, trazido em 1503 no regresso da sua seg...
-
beneplácito régioPreceito que mandava que as determinações da Igreja, para terem validade no território de Portugal, ...
Partilhar
Como referenciar 
Porto Editora – sagrado/profano na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-01-27 14:37:16]. Disponível em