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A Abertura do Japão: à Conquista do Pacífico (1854-1941)
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Decorridos quase três séculos fechado ao mundo exterior, exceto à Holanda que tinha instalado a sua feitoria em Nagasáqui, em 1641, o Japão, em 1853, sofreu as primeiras ameaças dos ocidentais, desta feita dos americanos encabeçados pelo comandante Matthew Galbraith Perry, no sentido de abrir os seus portos ao comércio ocidental, o que após a segunda tentativa e ameaça da esquadra de Perry, em fevereiro de 1854, terminou com a assinatura a 31 de março de 1854 do Tratado de Kanazawa por meio do qual os portos de Shimoda e Hakodate seriam abertos aos navios americanos.
Em 1856 chega ao Japão o primeiro cônsul dos Estados Unidos da América. Dois anos depois, por novas pressões do Ocidente, um novo tratado é assinado entre os japoneses e as potências ocidentais, por meio do qual quatro novos portos são abertos ao comércio, não só com os americanos, mas com outras potências europeias.
A entrada de estrangeiros no Japão provocou uma onda de xenofobia, agravada pela crescente inflação e deterioração das condições de vida das camadas populares, multiplicando-se, desta forma, as revoltas.
O imperador japonês Hirohito
A oposição da corte imperial de Quioto que defendia a independência nacional e de um ramo da família Tokugawa e de outros senhores feudais à reabertura dos portos feita pelo xógum provocou uma onda de descontentamento antixogunal muito grande entre estes estratos. Desta feita, após lutas incessantes entre o xógun dos Tokugawa responsável por esta medida e o ramo da sua família descontente e, após o novo xógum deste ramo colateral dos Tokugawa ter assumido o poder e ter encabeçado mais uma tentativa para assegurar o poder usando a força das armas, os adeptos da destruição do antigo regime dos Tokugawa eram em maior número e, com o aval do imperador, a 9 de novembro de 1867, o último xógum acabou por entregar o poder ao imperador (Mikado) Mutsuhito ou Menji Tenno (1867-1912). Inicia-se, assim, a Restauração Meiji ou Era Meiji (1868-1912).
Este novo Estado que se formou seria um Estado unificado e constitucional, desligando-se dos antigos laços feudais.
Assim, em 1869, tal era a vontade de renovar que os dáimios ou senhores feudais foram chamados à corte de Quioto para ouvirem a proclamação imperial que anunciava uma nova época de restauração do governo imperial. Estes senhores acabaram por dar ao imperador os seus domínios. Porém, uma nova tentativa de rebelião dos Tokugawa deflagrou sem consequências, acabando por ser abolido o sistema feudal em 1871.
Em 1878, com a restauração do Império Meiji, a residência imperial foi transferida para Edo, capital do xogunato, que adota, a partir de então, o nome de Tóquio ("Capital do Oriente ").
A era Meiji aposta, essencialmente, nas reformas estruturais com o intuito de criar um país rico e industrializado e um exército forte, condições estas importantes à salvaguarda da independência nacional.
Assim, como o êxito desta política dependia muito da prática, foram inúmeras as missões que se fizeram, nesta altura, à Europa e à América, no sentido de recolher informações sobre as técnicas aplicadas nestes países para as apreender e aplicar, sem no entanto descurar os valores nacionais.
Ajudado pelos nobres da corte, o imperador começa a dotar-se de meios necessários à sua industrialização, ao mesmo tempo que as camadas intelectuais traduzem os livros e comentam as ideias que chegam do Ocidente.
Em 1872, surgem reformas no ensino e no exército que passam a ser obrigatórias. Surgem também reformas sociais, técnicas e na marinha. Tudo é feito tal como se fazia no Ocidente.
Os antigos samurais já burocratizados passam a assumir o comando em lugares da administração e da indústria, ajudados por estrangeiros.
Entre 1884-89 foi decretada a liberdade religiosa.
Em 1889 foi instituída a Constituição, com auxílio de juristas ocidentais, que estabelecia um regime parlamentar. A partir desta altura, o Japão passa a ser uma monarquia constitucional.
As reformas no plano jurídico alinhavam o direito com o dos europeus, permitindo desta forma retificar tratados que não estivessem de acordo com o novo direito, isto é, após as reformas no plano interno, o Japão passou a requerer igualdade de direitos nas relações com os ocidentais.
Foram construídas linhas de caminho de ferro e um telégrafo.
O novo exército japonês tornou-se o primeiro e o mais importante de toda a Ásia.
Na primeira guerra sino-japonesa (1894-95), os japoneses venceram e pelo Tratado de Shimonoseki (17-4-1895) a China foi obrigada a ceder-lhes a Formosa, a península de Liao-tung e as ilhas Pescadores, assim como a conceder-lhes as mesmas facilidades de comércio dadas às outras potências europeias e a reconhecer a independência da Coreia.
A intervenção da Rússia, da Alemanha e da França obrigou o Japão a devolver a península que passou em 1898 para as mãos da Rússia que nela instalou a base de Port Arthur (atual Lin-Ta).
Em 1900, os japoneses foram aliados dos europeus na guerra contra os Boxers.
A ocupação da Manchúria pela Rússia e a sua crescente influência sobre a Coreia levou os japoneses a envolverem-se num novo conflito, já que parte das suas conquistas de 1894 se tinham perdido. Desta forma, os nipónicos opuseram à aliança da Rússia com a Prússia e a França um tratado de aliança com a Inglaterra em 1902 que garantia a sua neutralidade, comprometendo-se a manter a independência dos territórios chineses e da Coreia.
Assim, como a Rússia não retirou as tropas da Manchúria, nem cedeu tão-pouco à diplomacia, a marinha japonesa de 8 para 9 de fevereiro de 1904, sem mostrar declaração de guerra, torpedeou a baía de Port Arthur e tomou a península de Liao-tung.
A guerra russo-japonesa que deflagrou a partir de então até 1905 revelou a superioridade militar nipónica, que venceu, acabando a Rússia, por intermédio dos americanos, por assinar o Tratado de Portsmouth (5-9-1905) em que era obrigada a ceder a península de Liao-tung com Port Arthur e o Sul da ilha de Sacalina, renunciando também à Manchúria do Sul e à Coreia. A partir de 1907, a Coreia passou a protetorado japonês, acabando por ser anexada ao Japão em 1910 por meio de uma ação militar e política, contribuindo, desta forma, para a ascensão do Japão como potência colonial.
O constante aumento da população contrastava com a insuficiência dos recursos alimentares. Deste modo, iniciou-se uma emigração para outros continentes, como a Austrália e os Estados Unidos da América, desenvolvendo-se, desta forma, uma política expansionista que adotou a forma de conflito a partir de 1930.
Como aliado da Inglaterra desde 1902, o Japão juntou-se às tropas aliadas durante a Primeira Guerra Mundial, o que lhe trouxe benefícios, como a obtenção, em 1919, de grande parte das colónias ex-alemãs do Pacífico ao norte do Equador (ilhas Marshall, Carolinas e Marianas) e a antiga base alemã de Kiao-chao. Tentou também estabelecer a sua hegemonia sobre a China em 1915 e, em 1917, aproveitou-se da Revolução Russa para ocupar a Sibéria.
Esta crescente expansão do Japão começou a preocupar os Aliados, na medida em que não queriam que o mercado chinês fosse controlado pelos japoneses. Assim, em 1921-22, a Conferência de Washington obrigou o Japão a ceder a antiga base alemã e a retirar as suas tropas da Sibéria.
Com o fim da Guerra Mundial, a importância dos partidos políticos foi cada vez maior, o que também contribuiu para a instituição, em 1925, da lei do sufrágio universal.
Em 1919, o Japão participou na Conferência de Versalhes, ao lado dos Aliados, fazendo ouvir a sua voz como potência mundial.
Tal como se passava nos países ocidentais, desde 1913 que o Japão evidenciava um surto nacionalista, sindical e socialista. Com o fim da Primeira Grande Guerra, os valores do cidadão assumiram cada vez mais importância, dando origem a uma sociedade de massas. Em 1928, chegaram a ser instituídas leis de Preservação da Paz, através das quais os movimentos extremistas eram controlados pela polícia.
No início de 1930, este surto foi bloqueado pelo autoritarismo e ultranacionalismo crescente dos meios militares.
A partir de 1930, o Japão entrou numa economia de guerra, isto é, como a partir de 1924 o Congresso Americano proibiu a entrada de imigrantes asiáticos e a população nipónica continuava a crescer sem ter para onde ir, em virtude dos problemas económicos que assolavam o país desde 1927, um grupo de militares optou pela força, insurgindo-se contra os chefes políticos moderados, procurando na expansão territorial uma salvação para a crise; desta forma, ocuparam a Manchúria (1931-32), que se tornou um Estado independente sob protetorado japonês, o Manchuko. Em 1933, o Japão abandona a Sociedade das Nações e torna-se quase numa ditadura à escala europeia.
Em 1937, a economia passa para as mãos do Estado e, no mesmo ano, o Japão entra em guerra com a China, iniciando-se a segunda guerra sino-japonesa que permitiu aos japoneses ocupar Pequim, Nanquim e as zonas costeiras, contribuindo para o degradar das relações com os Estados Unidos da América, contra a vontade do imperador Hirohito, que assumiu o trono em 1926, embora já fosse regente desde 1921.
Em 1941, o Japão assume um pacto de neutralidade com a Rússia.
A política imperialista externa virava-se agora contra os europeus, com o intuito de expulsá-los do Sudeste Asiático, já que era aí que residiam os minérios e a borracha da Indochina e o petróleo indiano. Porém, aquando da ocupação da Indochina, o Japão sofreu um embargo económico imposto pelos EUA.
Neste mesmo ano, o Japão entrou na Segunda Guerra Mundial e, por ação destes mesmos militares, encetou uma guerra contra os EUA, atacando de surpresa a esquadra americana do Pacífico em Pearl Harbor (7-12-1941), o que demonstrou o interesse destes homens em desafiar os americanos, já que estes eram contra a sua penetração na China, e de se apoderarem dos recursos naturais da Indochina e das Índias holandesas.
Após este ataque afirmou-se a supremacia marítima dos nipónicos e, no início de 1942, a armada japonesa ocupou as Filipinas, Hong-Kong, a Malásia, a Tailândia, Singapura, a Indonésia e a Birmânia, chegando a ameaçar a Austrália.
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Como referenciar
Porto Editora – A Abertura do Japão: à Conquista do Pacífico (1854-1941) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-01-21 12:43:05]. Disponível em
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