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abadia
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O termo "Abadia" pode-se confundir com o de mosteiro, sendo este mais o tipo de casa, onde vivem monges, e o primeiro mais o estatuto administrativo: a abadia é um mosteiro governado por um abade ou abadessa. Quando um mosteiro, casa de monges/monjas, é governado por um prior ou prioressa, já não tem o título de abadia, mas sim de priorado - simples se dependente de uma daquelas casas, conventual se estiver já autonomizado em relação àquela e em via de poder ascender um dia a um estatuto congénere (abadia). A abadia implica a existência de um grupo de monges ou monjas superior a 12/15 religiosos; enquanto não atingir essa cifra, mantém-se como priorado. O termo "abade" (e o feminino "abadessa") provém do siríaco apa, "pai", abba depois em aramaico (em latim abbas). O abade é pois o líder da comunidade, o "pai", ou Cristo à frente da comunidade dos Apóstolos. Abade é também em muitas paróquias do Norte e Centro de Portugal, como na França também, por exemplo, o título que se dá ao pároco do lugar. Tal acontece porque até à extinção das Ordens Religiosas com o advento da Revolução Francesa e do Liberalismo, desde finais de Setecentos, muitas igrejas eram apresentadas aos abades de mosteiros beneditinos ou cistercienses. Ora, extinta a abadia, a quem antes representavam, será aposta pelo povo a designação de abade aos párocos, recordando a antiga ligação a uma abadia. O termo depois vulgarizou-se, mesmo sem haver alguma ligação histórica de muitas igrejas a abadias.
A origem das abadias, e dos mosteiros em geral, continua ainda hoje a ser alvo de discussões e estudos, com vários eruditos a remontarem às primeiras comunidades cristãs orientais, na Síria, já com elementos claustrais; outros recuam ainda mais e veem nas antigas casas senhoriais romanas, as villae, como as antepassadas diretas dos mosteiros beneditinos, pois ambos se organizam em torno de um pátio/jardim central (o claustro). Mas foram os grandes mosteiros carolíngios de Saint-Riquier, Fontenelle ou Saint-Gall que serviram de modelo às grandes abadias beneditinas, de que Cluny (sécs. X-XI) foi o exemplo perfeito.
As normas arquitetónicas dos "monges negros" (beneditinos) cluniacenses não foram rejeitadas pelos Cistercienses, beneditinos reformados que surgiram em 1098 (designados "monges brancos", devido à cor do hábito), mas apenas reformuladas em termos de austeridade e simplicidade de linhas, em resultado do modo de vida. As abadias, cistercienses como beneditinas, foram sempre essencialmente rurais, embora depois do Concílio de Trento (1545-1563), algumas (dos beneditinos) se tenham estabelecido nas cidades (como S. Bento da Vitória ou a Ave-Maria, no Porto, ou então S. Bento da Saúde, em Lisboa, a atual Assembleia da República).
Abadia de Westminster, em Londres (Inglaterra)
Vista exterior do Mosteiro de Alcobaça
Fachada oriental da igreja de S. Bento da Vitória, no Porto
Abadia de Glastonbury, Inglaterra
A abadia, como se viu, é essencialmente de matriz beneditina, ou seja, fundada sobre os preceitos da Regra de S. Bento (c. 530). A ideia de harmonia que caracteriza este texto fundador perpassou para a construção das abadias, para além do seu espírito fraternal, de oração e trabalho, com ritmos bem definidos, em isolamento do mundo, em estrita clausura. A vida na abadia centra-se no claustro, espaço fundamental e estruturador, em torno do qual se dispõe quatro galerias e sobre o qual convergem as dependências e espaços de vida e trabalho da abadia (capítulo, dormitórios, cozinhas, refeitórios, parlatórios, etc.).
A igreja das abadias chama-se "abacial": os abades têm estatuto equiparado aos bispos, usando bácula e mitra, anel e cruz peitoral como estes, muitos deles governando dioceses centradas na sua abadia - "abadias territoriais", a partir do conceito nullius, "sem dependência de qualquer diocese" ou nullius dioecesis, ou "abadia isenta". Apenas o Santo Padre pode erigir ou suprimir uma badia nullius. Uma abadia pode ser também sui juris, isto é, que não depende de qualquer outra abadia.
O conjunto das edificações que compõem uma abadia deve ser concebido e articulado de maneira a abrigar uma comunidade e a adaptar-se à vida religiosa, dentro das exigências da Regra. As abadias têm vários cargos de acordo com os deveres e funções: abade, prior, subprior, ecónomo, bibliotecário, arquivista, celerário, magister grangearium (superintende as granjas agrícolas), mestre de noviços, etc. Existem monges sacerdotes e outros que não têm ordens sacras, isto é, não são presbíteros, sendo apenas irmãos (entre os Cistercienses, chamavam-se "conversos"), mas com votos solenes perpétuos (depois dos votos simples, ou temporários). Existem ainda os noviços e os postulantes. Na Idade Média existiam ainda os servos. Nas abadias femininas, não havendo naturalmente sacerdócio, há apenas as monjas com votos perpétuos e as de votos simples, em fase de noviciado. Antigamente, uma abadia feminina compreendia não apenas as religiosas e as candidatas mas ainda as criadas de cada monja e os servos que atendiam à comunidade, formando verdadeiras legiões ou séquitos de servidores.
As cartuxas, apesar de serem mosteiros, não são abadias, pois são governadas por priores.
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Como referenciar
Porto Editora – abadia na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-01 21:13:20]. Disponível em

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