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Abertura e Ruína do Império Chinês (1800-1916)
A abertura e prosperidade do Império Chinês que se registou com a dinastia Manchu, Ts'ing ou Qing não durou sempre.
No final do reinado de Kien-Long, alguns sinais de mudança já se desenhavam no horizonte.
Às constantes revoltas campesinas, devidas à pobreza que se instalou nos campos, à crescente população, que se tornou um pesado encargo, às tentativas de industrialização e à corrupção nas instituições, juntaram-se as causas externas, já que no final do século XVIII a China era constantemente ameaçada pelos russos e japoneses, a norte e a leste, e pela ascensão do imperialismo ocidental na faixa costeira, como é o caso do comércio do ópio, introduzido na China em finais do século XVIII pela Inglaterra, e que causará um desequilíbrio na balança comercial, que atinge o seu período mais grave entre 1820 e 1825.
A China fechava-se mais uma vez, e em maior escala do que na época Ming, às potências estrangeiras.
As restrições em relação ao comércio estrangeiro, só realizado em Cantão debaixo da vigilância de mercadores chineses, que cometiam imensos abusos, a proibição pelo governo chinês, desde 1800, da importação do ópio e da plantação de campos de papoilas e a legislação contra o cristianismo, em 1805, provocaram uma onda de irritação por parte das potências ocidentais.
Em 1810 foi proibida a pregação cristã.
Por volta de 1830, os comerciantes europeus pressionaram os seus governos para que conseguissem a liberdade de comércio na China.
Porém, em 1839, o vice-rei Lin Tseu-siu confiscou e destruiu, em Cantão, um carregamento de ópio.
A esta medida a Inglaterra respondeu com o bloqueio de Cantão, iniciando, assim, a Primeira Guerra do Ópio, que durou até 1842. Em 1857-1860, dá-se a Segunda Guerra do Ópio. Estas guerras, para além de abrirem caminho à penetração ocidental, fazem com que a China fique desfavorecida nas trocas comerciais, dando-se uma crise financeira aguda.
A 19 de agosto de 1842, a Inglaterra mostra a sua força com a assinatura do Tratado de Nanquim, que leva à abertura da China ao comércio britânico de portos vitais, como o de Cantão e Xangai, e a cedência, à Inglaterra, de Hong-Kong, ocupada desde 1841.
Em 1843, a China reconheceu a extraterritorialidade de Hong-Kong.
A abertura dos portos a outros países também se verificou em relação aos Estados Unidos, em 1844, e à França, a 24 de outubro de 1844, por meio do Tratado de Whampoa, que estabeleceu também a tolerância do cristianismo e dos missionários.
A revolta dos Taiping, que teve início em 1850, liderada por Hong Kiuquan, que se tinha convertido ao cristianismo, despoletou a enorme crise em que estava mergulhado o império Manchu.
Em 1853-1854, os Taiping, depois de se terem alargado ao Hunan e à bacia do rio Azul, instalaram a sua capital em Nanquim. Entretanto, a esta revolta juntam-se outras sublevações, como a dos Nian.
Este movimento revoltoso difunde-se em direção ao Norte, ameaçando Pequim.
Em 1855, surgem as sublevações dos Hui (muçulmanos) no Yunnan.
Durante muitos anos, a China do Sul não esteve sob a alçada do governo central de Pequim, que enfrentava novas exigências europeias.
Estas rebeliões revelam a ineficácia do governo central e a ascensão de uma nova camada social de administradores provinciais, tradicionalistas e reformistas.
Porém, estes homens tiveram de enfrentar a hostilidade da corte e da imperatriz Tseu-Hi, que se refletiu na incapacidade de a sociedade se adaptar à modernização, levando ao desaparecimento destas reformas.
Entre 1857 e 1860 registou-se a Segunda Guerra do Ópio e as intervenções franco-inglesas levaram, após a vitória de Pali-Kiao, a 21 de setembro de 1860, à ocupação de Pequim, a 13 de outubro de 1860, e ao saque e incêndio do palácio de verão como represália pelas torturas cometidas contra os europeus.
Os Tratados de Tien-tsin (26-29 de junho de 1858) e as Covenções de Pequim (24-25 de outubro de 1860) permitiram aos ingleses e franceses a abertura de novos portos, a instalação de missões no interior do Império Manchu, a criação em Pequim de legações, privilégios jurisdicionais para os seus povos e indemnizações de guerra.
Em 1861-1862, registam-se sublevações de muçulmanos no Shenxi e no Xinjiang.
Em 1863 as alfândegas marítimas ficam sob a alçada britânica.
Por meio do Tratado de Aigun, em 1858, a Rússia também conseguiu a anexação da margem norte do rio Amur e do território entre o Ussuri e o Pacífico, em 1860, onde mais tarde foi fundada Vladivostoque.
Uma vez mudadas as circunstâncias, os ocidentais passaram a estar interessados na manutenção do governo manchu, ajudando este a aniquilar a revolta dos Taiping.
Pressionados tanto interna como externamente, em 1864 dá-se a queda de Nanquim e o líder revoltoso Hong Xiuquan suicida-se.
Em 1865 os Nian iniciam uma contraofensiva e, em 1866, dá-se a liquidação dos Taiping.
A partir da década de 60, a China registou uma invasão europeia sob a forma de concessões nas cidades, de privilégios de extraterritorialidade aos estrangeiros, de isenções às mercadorias estrangeiras, etc.
Em 1883-1885 deu-se a guerra franco-chinesa, despoletada pela intervenção francesa na Indochina, que terminou com a assinatura de um tratado.
Em 1894-1895 eclodiu a primeira guerra sino-japonesa, que terminou com a assinatura do Tratado de Shimonoseki, a 17 de abril de 1895, no qual a China perdeu a Coreia, a Formosa, as Ilhas Pescadores e a península de Liao-tung para os japoneses, para além de ter de pagar uma grande indemnização, indícios reveladores da fraqueza do Império Manchu e início da sua ruína.
Assim, as potências ocidentais rapidamente aproveitaram a fraqueza da China para dividirem o seu território em zonas da sua influência.
Em 1895 a Rússia iniciou a construção de um caminho de ferro, através da Manchúria, com o intuito de ligar o Transiberiano a Vladivostoque.
Em 1897 a Alemanha anexou Tsing-tao e Kiao-tcheu.
Em 1898 a Rússia estabeleceu-se em Port Arthur, a França ficou com Kuang-tcheu e a Inglaterra com Wei-hai-wei.
Face à situação de reformas no interior do império, o partido reformista radical tomou o poder em julho de 1898, defendendo que a salvação do império residia numa completa ocidentalização. Assim, Kang Yu-Wei e Leang Ki-Tchau tentam reorganizar a administração, dar ao exército meios semelhantes aos europeus, abrir escolas e universidades modernas e técnicas nos moldes das europeias que dessem à China meios para se libertar da tutela da Europa.
Inicia-se, assim, uma era revolucionária, comparável à era Meiji no Japão.
Porém, a imperatriz Tseu-Hi (1861-1908), contrária ao movimento reformista, favoreceu a formação de sociedades secretas, tradicionalistas e nacionalistas.
Foi assim que com o seu apoio, em junho de 1900, os Boxers se revoltaram, em consequência das humilhações ocidentais, assassinando o ministro alemão em Pequim e cercando as delegações ocidentais, que só se conseguiram libertar após a intervenção de um corpo expedicionário internacional que entrou em Pequim em agosto de 1900.
Como resultado, a dinastia Manchu ficou à mercê das nações europeias, que impuseram à corte um tratado, datado de 7 de setembro de 1901, muito desastroso para a China, comprometendo-se este país ao pagamento às potências europeias de uma enorme indemnização.
Em 1904-1905, estalou a guerra russo-japonesa, com o objetivo de anexar a Manchúria (província chinesa) e de anexar, por parte dos japoneses, em 1910, a Coreia (protetorado chinês). Mais uma vez ficou demonstrada a fraqueza do Império Manchu.
Após a derrota dos Boxers, a imperatriz Tseu-Hi acabou por apoiar os reformistas, provocando a ira dos nacionalistas manchus. Foi nesta altura que a imperatriz chamou Yuan Che-Kai, reformista, que reorganizou o exército, acabou com os exames ou concursos para o funcionalismo (1905) e abriu escolas estatais (entre 1901 e 1910). Por decreto de 27 de agosto de 1908, a China passou a monarquia constitucional.
Em novembro de 1908, a imperatriz e o imperador Kuang-Siu morreram, ficando o trono nas mãos do menor Pu-Yi. Devido à sua tenra idade, o seu pai, tradicionalista, o príncipe Tchuen, assumiu a regência.
Uma das suas primeiras medidas foi afastar Yuan Che-Kai, ameaçando, a partir desta altura, a reforma imperial iniciada com a imperatriz, passando os revoltosos do Sul, nacionalistas e democratas, a comandar os destinos do país. Estes reuniram-se no Kuomintang, que tinha sido fundado por Sun Yat-Sen, em 1900.
Desta feita, enquanto na capital do Norte, Pequim, o regente tentava impedir o estabelecimento do regime constitucional, a 10 de outubro de 1911 eclodia a revolta em Wu-tchang, no Ho-pei, que terminaria com a separação do Sul da China.
A corte chamou Yuan Che-Kai, que formou um governo de reformistas. Porém, o movimento revolucionário alastrava, exigindo a instauração de uma república.
A 30 de novembro de 1911, Sun Yat-Sen foi proclamado presidente da República por uma Assembleia Nacional, em Nanquim.
No Norte, Yuan Che-Kai obrigou o imperador Pu-Yi a abdicar a 12 de fevereiro de 1912, e dias depois a República era instituída em Pequim.
Não vendo grande futuro na união do Sul com o Norte, Sun Yat-Sen cedeu a presidência da República ao general Yuan Che-Kai, em março de 1912.
Recuperada a situação financeira, temporariamente, Yuan Che-Kai tentou acabar como os democratas do Kuomintang a 4 de novembro de 1913, dissolveu o Parlamento, substituindo-o por uma comissão por si nomeada em janeiro de 1914, e acabou com as assembleias provinciais, em março de 1914.
A República proclamada por Sun Yat-Sen e confiscada por Yuan Che-Kai foi o impulso vital que bastou para a queda da dinastia Manchu e do império chinês.
Em agosto de 1914, os japoneses atacaram Tsing-tao (território alemão) e ocuparam Chang-tung.
Em janeiro de 1915, o governo nipónico apresentou à China um ultimato, perante o qual Yuan Che-Kai teve de ceder, suscitando um movimento nacionalista, principalmente no Sul.
Com a participação na Primeira Guerra Mundial ao lado dos Aliados, em agosto de 1917, a China esperava obter, da Conferência de Paz em 1919, a abolição da extraterritorialidade, recuperar os territórios arrendados, a restituição das possessões ex-alemãs de Chang-tung e o poder de fixar taxas alfandegárias.
Porém, as grandes potências, como a França e a Inglaterra, não queriam que a China fosse independente economicamente, o que resultaria na não assinatura do Tratado de Versalhes.
Em 1917, quando morreu Yuan Che-Kai, a situação de separação entre o Norte e o Sul era inevitável.
No final do reinado de Kien-Long, alguns sinais de mudança já se desenhavam no horizonte.
Às constantes revoltas campesinas, devidas à pobreza que se instalou nos campos, à crescente população, que se tornou um pesado encargo, às tentativas de industrialização e à corrupção nas instituições, juntaram-se as causas externas, já que no final do século XVIII a China era constantemente ameaçada pelos russos e japoneses, a norte e a leste, e pela ascensão do imperialismo ocidental na faixa costeira, como é o caso do comércio do ópio, introduzido na China em finais do século XVIII pela Inglaterra, e que causará um desequilíbrio na balança comercial, que atinge o seu período mais grave entre 1820 e 1825.
A China fechava-se mais uma vez, e em maior escala do que na época Ming, às potências estrangeiras.
As restrições em relação ao comércio estrangeiro, só realizado em Cantão debaixo da vigilância de mercadores chineses, que cometiam imensos abusos, a proibição pelo governo chinês, desde 1800, da importação do ópio e da plantação de campos de papoilas e a legislação contra o cristianismo, em 1805, provocaram uma onda de irritação por parte das potências ocidentais.
Em 1810 foi proibida a pregação cristã.
Por volta de 1830, os comerciantes europeus pressionaram os seus governos para que conseguissem a liberdade de comércio na China.
Porém, em 1839, o vice-rei Lin Tseu-siu confiscou e destruiu, em Cantão, um carregamento de ópio.
A esta medida a Inglaterra respondeu com o bloqueio de Cantão, iniciando, assim, a Primeira Guerra do Ópio, que durou até 1842. Em 1857-1860, dá-se a Segunda Guerra do Ópio. Estas guerras, para além de abrirem caminho à penetração ocidental, fazem com que a China fique desfavorecida nas trocas comerciais, dando-se uma crise financeira aguda.
A 19 de agosto de 1842, a Inglaterra mostra a sua força com a assinatura do Tratado de Nanquim, que leva à abertura da China ao comércio britânico de portos vitais, como o de Cantão e Xangai, e a cedência, à Inglaterra, de Hong-Kong, ocupada desde 1841.
Em 1843, a China reconheceu a extraterritorialidade de Hong-Kong.
A abertura dos portos a outros países também se verificou em relação aos Estados Unidos, em 1844, e à França, a 24 de outubro de 1844, por meio do Tratado de Whampoa, que estabeleceu também a tolerância do cristianismo e dos missionários.
A revolta dos Taiping, que teve início em 1850, liderada por Hong Kiuquan, que se tinha convertido ao cristianismo, despoletou a enorme crise em que estava mergulhado o império Manchu.
Em 1853-1854, os Taiping, depois de se terem alargado ao Hunan e à bacia do rio Azul, instalaram a sua capital em Nanquim. Entretanto, a esta revolta juntam-se outras sublevações, como a dos Nian.
Este movimento revoltoso difunde-se em direção ao Norte, ameaçando Pequim.
Em 1855, surgem as sublevações dos Hui (muçulmanos) no Yunnan.
Durante muitos anos, a China do Sul não esteve sob a alçada do governo central de Pequim, que enfrentava novas exigências europeias.
Estas rebeliões revelam a ineficácia do governo central e a ascensão de uma nova camada social de administradores provinciais, tradicionalistas e reformistas.
Porém, estes homens tiveram de enfrentar a hostilidade da corte e da imperatriz Tseu-Hi, que se refletiu na incapacidade de a sociedade se adaptar à modernização, levando ao desaparecimento destas reformas.
Entre 1857 e 1860 registou-se a Segunda Guerra do Ópio e as intervenções franco-inglesas levaram, após a vitória de Pali-Kiao, a 21 de setembro de 1860, à ocupação de Pequim, a 13 de outubro de 1860, e ao saque e incêndio do palácio de verão como represália pelas torturas cometidas contra os europeus.
Os Tratados de Tien-tsin (26-29 de junho de 1858) e as Covenções de Pequim (24-25 de outubro de 1860) permitiram aos ingleses e franceses a abertura de novos portos, a instalação de missões no interior do Império Manchu, a criação em Pequim de legações, privilégios jurisdicionais para os seus povos e indemnizações de guerra.
Em 1861-1862, registam-se sublevações de muçulmanos no Shenxi e no Xinjiang.
Em 1863 as alfândegas marítimas ficam sob a alçada britânica.
Por meio do Tratado de Aigun, em 1858, a Rússia também conseguiu a anexação da margem norte do rio Amur e do território entre o Ussuri e o Pacífico, em 1860, onde mais tarde foi fundada Vladivostoque.
Uma vez mudadas as circunstâncias, os ocidentais passaram a estar interessados na manutenção do governo manchu, ajudando este a aniquilar a revolta dos Taiping.
Pressionados tanto interna como externamente, em 1864 dá-se a queda de Nanquim e o líder revoltoso Hong Xiuquan suicida-se.
Em 1865 os Nian iniciam uma contraofensiva e, em 1866, dá-se a liquidação dos Taiping.
A partir da década de 60, a China registou uma invasão europeia sob a forma de concessões nas cidades, de privilégios de extraterritorialidade aos estrangeiros, de isenções às mercadorias estrangeiras, etc.
Em 1883-1885 deu-se a guerra franco-chinesa, despoletada pela intervenção francesa na Indochina, que terminou com a assinatura de um tratado.
Em 1894-1895 eclodiu a primeira guerra sino-japonesa, que terminou com a assinatura do Tratado de Shimonoseki, a 17 de abril de 1895, no qual a China perdeu a Coreia, a Formosa, as Ilhas Pescadores e a península de Liao-tung para os japoneses, para além de ter de pagar uma grande indemnização, indícios reveladores da fraqueza do Império Manchu e início da sua ruína.
Assim, as potências ocidentais rapidamente aproveitaram a fraqueza da China para dividirem o seu território em zonas da sua influência.
Em 1895 a Rússia iniciou a construção de um caminho de ferro, através da Manchúria, com o intuito de ligar o Transiberiano a Vladivostoque.
Em 1897 a Alemanha anexou Tsing-tao e Kiao-tcheu.
Em 1898 a Rússia estabeleceu-se em Port Arthur, a França ficou com Kuang-tcheu e a Inglaterra com Wei-hai-wei.
Face à situação de reformas no interior do império, o partido reformista radical tomou o poder em julho de 1898, defendendo que a salvação do império residia numa completa ocidentalização. Assim, Kang Yu-Wei e Leang Ki-Tchau tentam reorganizar a administração, dar ao exército meios semelhantes aos europeus, abrir escolas e universidades modernas e técnicas nos moldes das europeias que dessem à China meios para se libertar da tutela da Europa.
Inicia-se, assim, uma era revolucionária, comparável à era Meiji no Japão.
Porém, a imperatriz Tseu-Hi (1861-1908), contrária ao movimento reformista, favoreceu a formação de sociedades secretas, tradicionalistas e nacionalistas.
Foi assim que com o seu apoio, em junho de 1900, os Boxers se revoltaram, em consequência das humilhações ocidentais, assassinando o ministro alemão em Pequim e cercando as delegações ocidentais, que só se conseguiram libertar após a intervenção de um corpo expedicionário internacional que entrou em Pequim em agosto de 1900.
Como resultado, a dinastia Manchu ficou à mercê das nações europeias, que impuseram à corte um tratado, datado de 7 de setembro de 1901, muito desastroso para a China, comprometendo-se este país ao pagamento às potências europeias de uma enorme indemnização.
Em 1904-1905, estalou a guerra russo-japonesa, com o objetivo de anexar a Manchúria (província chinesa) e de anexar, por parte dos japoneses, em 1910, a Coreia (protetorado chinês). Mais uma vez ficou demonstrada a fraqueza do Império Manchu.
Após a derrota dos Boxers, a imperatriz Tseu-Hi acabou por apoiar os reformistas, provocando a ira dos nacionalistas manchus. Foi nesta altura que a imperatriz chamou Yuan Che-Kai, reformista, que reorganizou o exército, acabou com os exames ou concursos para o funcionalismo (1905) e abriu escolas estatais (entre 1901 e 1910). Por decreto de 27 de agosto de 1908, a China passou a monarquia constitucional.
Em novembro de 1908, a imperatriz e o imperador Kuang-Siu morreram, ficando o trono nas mãos do menor Pu-Yi. Devido à sua tenra idade, o seu pai, tradicionalista, o príncipe Tchuen, assumiu a regência.
Uma das suas primeiras medidas foi afastar Yuan Che-Kai, ameaçando, a partir desta altura, a reforma imperial iniciada com a imperatriz, passando os revoltosos do Sul, nacionalistas e democratas, a comandar os destinos do país. Estes reuniram-se no Kuomintang, que tinha sido fundado por Sun Yat-Sen, em 1900.
Desta feita, enquanto na capital do Norte, Pequim, o regente tentava impedir o estabelecimento do regime constitucional, a 10 de outubro de 1911 eclodia a revolta em Wu-tchang, no Ho-pei, que terminaria com a separação do Sul da China.
A corte chamou Yuan Che-Kai, que formou um governo de reformistas. Porém, o movimento revolucionário alastrava, exigindo a instauração de uma república.
A 30 de novembro de 1911, Sun Yat-Sen foi proclamado presidente da República por uma Assembleia Nacional, em Nanquim.
No Norte, Yuan Che-Kai obrigou o imperador Pu-Yi a abdicar a 12 de fevereiro de 1912, e dias depois a República era instituída em Pequim.
Não vendo grande futuro na união do Sul com o Norte, Sun Yat-Sen cedeu a presidência da República ao general Yuan Che-Kai, em março de 1912.
Recuperada a situação financeira, temporariamente, Yuan Che-Kai tentou acabar como os democratas do Kuomintang a 4 de novembro de 1913, dissolveu o Parlamento, substituindo-o por uma comissão por si nomeada em janeiro de 1914, e acabou com as assembleias provinciais, em março de 1914.
A República proclamada por Sun Yat-Sen e confiscada por Yuan Che-Kai foi o impulso vital que bastou para a queda da dinastia Manchu e do império chinês.
Em agosto de 1914, os japoneses atacaram Tsing-tao (território alemão) e ocuparam Chang-tung.
Em janeiro de 1915, o governo nipónico apresentou à China um ultimato, perante o qual Yuan Che-Kai teve de ceder, suscitando um movimento nacionalista, principalmente no Sul.
Com a participação na Primeira Guerra Mundial ao lado dos Aliados, em agosto de 1917, a China esperava obter, da Conferência de Paz em 1919, a abolição da extraterritorialidade, recuperar os territórios arrendados, a restituição das possessões ex-alemãs de Chang-tung e o poder de fixar taxas alfandegárias.
Porém, as grandes potências, como a França e a Inglaterra, não queriam que a China fosse independente economicamente, o que resultaria na não assinatura do Tratado de Versalhes.
Em 1917, quando morreu Yuan Che-Kai, a situação de separação entre o Norte e o Sul era inevitável.
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Como referenciar
Porto Editora – Abertura e Ruína do Império Chinês (1800-1916) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-06 05:42:04]. Disponível em
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