Os trinta nomes de Deus

Bruno Paixão

Corpo Vegetal

Julieta Monginho

Morro da Pena Ventosa

Rui Couceiro

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adjetivo
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Classe gramatical cuja função principal é a de modificar o nome, atribuindo-lhe qualidades, propriedades ou relações. A sua relação com o nome começa desde logo pela concordância em género e número a que são obrigados, ou seja, o adjetivo recebe o género e o número do nome que caracteriza (ex.: "águas claras", "ótimo livro", "meninos irrequietos").

Em termos morfológicos, os adjetivos são flexionáveis em género e número e seguem as mesmas regras flexionais que os nomes. Designam-se por:
biformes quanto ao género, os adjetivos que apresentam duas formas, uma para o masculino, outra para o feminino (ex: delicado/delicada);
biformes quanto ao número os adjetivos que apresentam duas formas, uma para o singular, outra para o plural (ex: delicado/delicados);
uniformes quanto ao género quando possuem apenas uma forma para o masculino e para o feminino (ex: "barco veloz"/"nau veloz");
uniformes quanto ao número (ex: "anedota reles"/"anedotas reles") sempre que possuem apenas uma forma para o singular e para o plural.
No caso dos adjetivos compostos, forma o feminino apenas o segundo elemento do composto (ex: "congresso hispano-americano"/"civilização hispano-americana"). Quanto à formação do plural dos adjetivos compostos, e à semelhança do que acontece com a formação do feminino, apenas vai para o plural o segundo elemento do composto (ex: "cidadão nipo-chinês"/ "cidadãos nipo-chineses"; "língua indo-europeia"/"línguas indo-europeias"). Excetuam-se:
• o adjetivo "surdo-mudo", em que ambos os elementos vão para o plural (ex: "menino surdo-mudo"/"meninos surdos-mudos")
• os adjetivos compostos por adjetivo + nome, que são invariáveis ("cavalo/cavalos puro-sangue", "papoila/papoilas vermelho-sangue", "blusa/sapatos verde-alface")
Ainda no que respeita à sua caracterização morfológica, os adjetivos possuem graduação, que pode ser expressa por derivação ou por meio de combinações sintáticas. A graduação é a expressão da intensidade de uma propriedade atribuída a um nome na sua relação com outro nome ou com um universo de indivíduos. A graduação é uma propriedade muito característica nos adjetivos e inclui três graus: positivo ou normal, comparativo e superlativo. A formação do superlativo absoluto sintético é feita através de um sufixo derivacional (normalmente <-íssimo>), sendo os outros graus obtidos por processos de combinação sintática com outras palavras ou locuções, como se pode ver a seguir:
VARIAÇÃO DO ADJETIVO EM GRAU
Grau positivo/ normal: A manga é doce.
Grau comparativo de superioridade: A manga é mais doce do que a toranja.
Grau comparativo de igualdade: A manga é tão doce como o pêssego.
Grau comparativo de inferioridade: A toranja é menos doce do que a manga.
Grau superlativo relativo de superioridade: A manga é o mais doce dos frutos tropicais.
Grau superlativo relativo de inferioridade: A toranja é o menos doce dos citrinos.
Grau superlativo absoluto sintético: A manga é dulcíssima.
Grau superlativo absoluto analítico: A manga é muito doce.
Existem ainda alguns adjetivos, ditos irregulares, que constituem vestígios do latim, cuja graduação é toda feita por processos flexionais e derivacionais:
ADJETIVOS IRREGULARES
Grau normal
bom, mau, grande, pequeno
Grau comparativo
melhor, pior, maior, menor
Grau superlativo
ótimo, péssimo, máximo, mínimo
Além do sufixo <-íssimo> que se acrescenta ao adjetivo no grau positivo, existem outros sufixos que podem formar o superlativo absoluto sintético:
• sufixo <-bilíssimo>, em adjetivos terminados em <-vel> - amável/ amabilíssimo, terrível/ terribilíssimo
• sufixo <-císsimo>, em adjetivos terminados em <-z> - feroz/ ferocíssimo, veloz/ velocíssimo
• sufixo <-aníssimo>, em adjetivos terminados em <-ão> - pagão/ paganíssimo, vão/ vaníssimo
• sufixo <-érrimo> - pobre/ paupérrimo, acre/ acérrimo, célebre/ celebérrimo
• sufixo <-ílimo> - fácil/ facílimo, humilde/ humílimo
Outros adjetivos sofrem alterações de radical no superlativo absoluto sintético, como é o caso de amargo/amaríssimo, amigo/amicíssimo, doce/dulcíssimo, fiel/fidelíssimo, etc.
A superlativização do adjetivo pode ser obtida também por outros processos linguísticos:
PROCESSO DE SUPERLATIVIZAÇÃO
1. Acrescentamento de um prefixo <super->, <hiper->, <mega->, <extra-> ou de um sufixo diminutivo ou aumentativo
Exemplos:
i) Aquele filme é super-divertido.
ii) Esta sopa está quentinha.
iii) Aquilo é um mulherão!
iv) O vestido é muito feioso.

2. Repetição do adjetivo
Exemplo:
v) O bebé é lindo lindo!

3. Com a expressão "cada vez mais" + adjetivo
Exemplo:
vi) Está cada vez mais gordo!

4. Indicação de um termo de comparação
Exemplos:
vii) É burro como uma porta.
viii) É claro como a água.

5. Expressões genitivas
Exemplos:
ix) Está podre de bêbedo.
x) É uma cozinheira de mão cheia.

6. Genitivo bíblico
Exemplo:
xi) Este é o dicionário dos dicionários.
Porém, nem todos os adjetivos apresentam variação em grau. É o caso dos adjetivos de relação (como veremos mais à frente) e alguns tipos de adjetivos classificatórios pertencentes a terminologia científica, que possuem sentido unívoco (ex: sincrónico, diacrónico, morfológico, fonético, ruminante, ovovivíparo, etc).
Sintaticamente é uma categoria não autónoma que depende ou de um nome ou de um verbo, podendo desempenhar as seguintes funções sintáticas:
• Atributo - ex: As águas tranquilas deslizam rio abaixo.
• Predicativo do Sujeito - ex: O João está tranquilo.
• Predicativo do Objeto Direto - ex: Achei-o bastante tranquilo.
• Predicativo do Objeto Indireto - ex: Chamaram-lhe antipático.
• Oblíquo ou complemento circunstancial - ex: O bebé dorme tranquilo. (adjetivo com valor adverbial equivalente a "tranquilamente")
• Aposto - ex: Os candidatos, derrotados e desanimados, recusaram-se a prestar declarações.
Quanto à sua colocação em relação ao nome, o adjetivo pode assumir as seguintes posições:
Posposto ao nome, quando é de tipo classificatório (adjetivos técnicos ou de relação, ou quando pertence a uma combinatória fixa com o nome) - animal selvagem; antena parabólica; professor catedrático; partido comunista; calças azuis (veja-se a agramaticalidade das anteposições: *selvagem animal, *parabólica antena; *catedrático professor; *comunista partido; *azuis calças)
Anteposto ao nome, com combinatórias fixas (ex: bom dia; fé; boa hora) e com superlativos relativos dos adjetivos irregulares (ex: o melhor computador do mercado; a maior vergonha do mundo)
Anteposto ou posposto, assumindo respetivamente um valor subjetivo ou objetivo:
i) "pobre homem" [=homem infeliz] vs "homem pobre" [=homem sem recursos]
ii) "grande homem" [=homem notável] vs "homem grande" [= homem de grande estatura física]
iii) "velho amigo" [=amigo de há muito tempo] vs "amigo velho" [amigo com idade avançada]
Semanticamente e na relação que estabelecem com os nomes, os adjetivos podem ser classificados como:
Adjetivos qualificativos
Denotam qualidade, atribuem uma propriedade/um estado ao nome;
Admitem graduação;
Podem ser usados como atributo, aposto e predicativo;
Podem antepor-se ao nome;
Podem caracterizar:
a) formas (ex: redondo, quadrado)
b) cores (ex: verde, translúcido, acobreado)
c) dimensões (ex: grande, alto, baixo, profundo, gigantesco)
d) sentidos/ sentimentos (ex: ácido, doce, terno, frio, quente, corajoso, emotivo)
e) valor (ex: caro, importante, desprezível) etc.
Adjetivos relacionais (ou de relação)
São classificatórios porque restringem o significado do substantivo;
Não admitem graduação ("*professor mais catedrático do que...")
Estabelecem com o nome de onde provêm uma relação;
Podem ser traduzidos por uma paráfrase construída com um genitivo do nome de onde provêm (ex: paterno = do pai; americano = da América);
Podem estabelecer relações de:
a) origem ou procedência (ex: vinho alentejano, presidente americano, casa paterna)
b) propriedade (ex: plataforma petrolífera)
c) finalidade (ex: palácio presidencial, reforma estudantil) etc.
Os valores relacional ou qualificativo que os adjetivos apresentam pode variar de acordo com o contexto: dantesco é um adjetivo relacional [=de Dante] mas pode ser usado qualificativamente, numa construção predicativa ou atributiva graduável (ex: "história (mais) dantesca (do que)"; "este assunto é dantesco").

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Como referenciar
Porto Editora – adjetivo na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-13 18:48:36]. Disponível em

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