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Alcoviteira
Tipo várias vezes visado pela crítica social da dramaturgia vicentina, a alcoviteira exerce a profissão clandestina de intermediária de relações amorosas, praticando um crime próximo do proxenetismo ou do lenocínio, no qual emprega a sua total imoralidade, ausência de escrúpulos e oportunismo. Representada, no Auto da Barca do Inferno, por Brízida Vaz, que chega ao Além carregada com "Seicentos virgos postiços / e três arcas de feitiços / [...] / Três almários de mentir / e cinco cofres d'enleios, / e alguns furtos alheios", a sua função, em vida, tinha sido achar dono para as "moças que vendia". As palavras melífluas com que tenta em vão convencer o Anjo a deixá-la embarcar ("Passai-me, por vossa fé, / meu amor, minhas boninas, / olhos de perlinhas finas / e eu sou apostolada") são, ainda, no mesmo Auto, uma demonstração da sua capacidade de induzir e seduzir as suas vítimas. Esse retrato é completado, em ação, na Farsa de Inês Pereira, onde, como Leonor Vaz, se investe do papel de casamenteira na união entre a donzela e o rústico Pero Marques. No Auto do Velho da Horta, a alcoviteira é Branca Gil, requerida pelo velho insano para medianeira nos seus amores pela moça. Neste Auto, depois de ter conseguido que com ela o velho gaste "toda a sua fazenda", a alcoviteira é levada pelos representantes da justiça e açoutada.
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Porto Editora – Alcoviteira na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-14 00:01:38]. Disponível em
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