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Arameus
A Bíblia hebraica menciona os Arameus como um povo oriundo da Mesopotâmia, o Aram-Naharaim, ou "Aram dos dois rios", além das regiões circunvizinhas, como a Síria, a Pérsia, o vale do Jordão ou as montanhas do Líbano. Aram era também, biblicamente, o quinto filho de Sem, primogénito de Noé, embora a ligação do topónimo a esta origem onomástica seja muito discutida, principalmente na filologia comparada das línguas semíticas.
O problema dos "dois rios" é, de igual modo, um mistério histórico-filológico, mas muitos autores inclinam-se para a hipótese do Tigre e Eufrates, a partir também de fontes egípcias, como as Cartas de el- Amarna, do reinado do faraó monoteísta Akhenaton (Amenhotep IV, ou Amenófis IV, 1364-1347 a. C., XVIII Dinastia, Império Novo), onde se designa aquela região como Nahrima.
Os Judeus usavam o termo Arameus para distinguirem os seus povos aparentados mais afastados, os "povos de Aram", no Oriente, ou "filhos de Eber", como também era designado esse povo, unificado apenas pela língua (aramaico), não pela existência de um estado.
Visto os Arameus terem sido nómadas durante grande parte da sua história e se dividirem num mosaico de tribos separadas, apenas unidas pela língua, e pelo facto de não terem constituído um estado unificado perene, não se conhecem os seus costumes próprios ou práticas sociais, hábitos, com o seu património cultural a assimilar as tendências sócio-culturais dos povos dominadores ou dos estados em que deambulavam ou a que estavam subordinados. A sua identidade cristã é talvez o traço mais marcante que os distingue, hoje como desde há cerca de 1500 anos, da tendência maioritariamente islâmica que os rodeia, mas da qual receberam tradições alimentares, de vida quotidiana, de habitação, educação, entre outros. Como o faziam antes do advento do Cristianismo, ao assimilarem ora elementos judaicos, ora assírios, ora persas ou de outros povos siro-palestinenses.
Historicamente, sabe-se que os Arameus se instalaram em definitivo no Aram bíblico no século XII a. C., então uma região entre o Sul da Turquia, a Síria e o Iraque, um pouco aquilo que é hoje o Curdistão. Há também a referência a um efémero reino arameu, na região de Damasco, Síria, no 2.º Livro de Samuel, por exemplo, o qual nos começos do século VIII estaria já decadente e quase extinto. Os Assírios foram os carrascos deste pequeno reino, que deixou, porém, uma forte influência linguística e cultural na região, principalmente na Palestina. Salmanasar III (reinado 859-824 a. C.), rei Assírio, foi o primeiro dominador dos Arameus, cerca de 840 a. C. Os Arameus, como povo, diluíram-se etnicamente nos povos do Mediterrâneo Oriental, apesar da língua ter perdurado.
A sua língua, o aramaico, era mais importante que o povo que a falava como primeira língua, os Arameus. Chegou mesmo a ser a língua franca do Médio Oriente na primeira metade do I milénio a. C., muito usada nas cortes e na administração dos impérios babilonense e persa, mas utilizando, muitas vezes, o alfabeto fenício. O Aramaico, idioma semítico, com alfabeto próprio e mais de três milénios de formação, era, segundo se crê, a língua falada domesticamente por Jesus Cristo e boa parte dos judeus do seu tempo no Norte de Israel, já depois de ter sido assumida como idioma oficial por Assírios e Persas. As primeiras formas escritas próprias de Aramaico datam do começo do I Milénio a. C., embora de forma mais decorativa e artística do que é o hebraico clássico, por exemplo. Foi substituído pelo Árabe a partir da Hégira islâmica, a conquista árabe iniciada pelos seguidores de Maomé no século VII da nossa era. Atualmente é ainda falado em algumas aldeias da Síria. O aramaico está assimilado àquilo que é o siríaco, uma língua mais litúrgica e religiosa que vulgar, pois os descendentes dos Arameus, maioritariamente na Síria, ainda que mesclados noutros povos, são cristãos em grande parte.
O problema dos "dois rios" é, de igual modo, um mistério histórico-filológico, mas muitos autores inclinam-se para a hipótese do Tigre e Eufrates, a partir também de fontes egípcias, como as Cartas de el- Amarna, do reinado do faraó monoteísta Akhenaton (Amenhotep IV, ou Amenófis IV, 1364-1347 a. C., XVIII Dinastia, Império Novo), onde se designa aquela região como Nahrima.
Os Judeus usavam o termo Arameus para distinguirem os seus povos aparentados mais afastados, os "povos de Aram", no Oriente, ou "filhos de Eber", como também era designado esse povo, unificado apenas pela língua (aramaico), não pela existência de um estado.
Visto os Arameus terem sido nómadas durante grande parte da sua história e se dividirem num mosaico de tribos separadas, apenas unidas pela língua, e pelo facto de não terem constituído um estado unificado perene, não se conhecem os seus costumes próprios ou práticas sociais, hábitos, com o seu património cultural a assimilar as tendências sócio-culturais dos povos dominadores ou dos estados em que deambulavam ou a que estavam subordinados. A sua identidade cristã é talvez o traço mais marcante que os distingue, hoje como desde há cerca de 1500 anos, da tendência maioritariamente islâmica que os rodeia, mas da qual receberam tradições alimentares, de vida quotidiana, de habitação, educação, entre outros. Como o faziam antes do advento do Cristianismo, ao assimilarem ora elementos judaicos, ora assírios, ora persas ou de outros povos siro-palestinenses.
Historicamente, sabe-se que os Arameus se instalaram em definitivo no Aram bíblico no século XII a. C., então uma região entre o Sul da Turquia, a Síria e o Iraque, um pouco aquilo que é hoje o Curdistão. Há também a referência a um efémero reino arameu, na região de Damasco, Síria, no 2.º Livro de Samuel, por exemplo, o qual nos começos do século VIII estaria já decadente e quase extinto. Os Assírios foram os carrascos deste pequeno reino, que deixou, porém, uma forte influência linguística e cultural na região, principalmente na Palestina. Salmanasar III (reinado 859-824 a. C.), rei Assírio, foi o primeiro dominador dos Arameus, cerca de 840 a. C. Os Arameus, como povo, diluíram-se etnicamente nos povos do Mediterrâneo Oriental, apesar da língua ter perdurado.
A sua língua, o aramaico, era mais importante que o povo que a falava como primeira língua, os Arameus. Chegou mesmo a ser a língua franca do Médio Oriente na primeira metade do I milénio a. C., muito usada nas cortes e na administração dos impérios babilonense e persa, mas utilizando, muitas vezes, o alfabeto fenício. O Aramaico, idioma semítico, com alfabeto próprio e mais de três milénios de formação, era, segundo se crê, a língua falada domesticamente por Jesus Cristo e boa parte dos judeus do seu tempo no Norte de Israel, já depois de ter sido assumida como idioma oficial por Assírios e Persas. As primeiras formas escritas próprias de Aramaico datam do começo do I Milénio a. C., embora de forma mais decorativa e artística do que é o hebraico clássico, por exemplo. Foi substituído pelo Árabe a partir da Hégira islâmica, a conquista árabe iniciada pelos seguidores de Maomé no século VII da nossa era. Atualmente é ainda falado em algumas aldeias da Síria. O aramaico está assimilado àquilo que é o siríaco, uma língua mais litúrgica e religiosa que vulgar, pois os descendentes dos Arameus, maioritariamente na Síria, ainda que mesclados noutros povos, são cristãos em grande parte.
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Como referenciar
Porto Editora – Arameus na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-07 15:20:42]. Disponível em
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