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Área de Paisagem Protegida da Serra do Açor
A Área de Paisagem Protegida da Serra do Açor foi criada a 3 de março de 1982, segundo o Decreto-Lei 67/82, ocupando uma área de 21 759 hectares.
A serra do Açor pertence ao Maciço Antigo e está separada da serra da Estrela pelo vale do rio Alva, tendo no seu enfiamento para sudoeste a serra da Lousã, da qual a separa o vale do Ceira. Mede 33 quilómetros de comprimento e 12 quilómetros de largura, sendo a sua altitude máxima de 1340 metros.
A Estrela, o Açor e a Lousã pertencem a uma cordilheira de granitos e xistos, orientada no sentido nordeste-sudoeste, dividindo sensivelmente a meio o território de Portugal.
A mata da Margaraça é um dos locais de relevo no interior do Parque Natural, com pouco menos de 50 hectares, que se distribuem entre os 600 e os 850 metros, numa vertente virada a norte, entre as aldeias de Pardieiros e de Relva Velha.
A partir de 1985, a mata foi adquirida pelo Estado, sendo desde então gerida pelo Seviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza.
A riqueza do solo nas zonas adjacentes e a abundância de água atraíram desde há muito gerações de agricultores, cuja presença é atestada pelas inúmeras "quelhadas" - muros de xisto destinados a conter a terra das encostas - e levadas de água para rega.
Amostra rara de vegetação das encostas xistosas do Centro de Portugal, a mata da Margaraça sobressai nesta área protegida como exemplo de um sistema ecológico equilibrado. As árvores dominantes (o castanheiro e o carvalho-roble) estão associadas a azereiros e azevinhos, loureiros, folhados e aveleiras e cerejeiras-bravas, notando-se ainda a presença de medronheiros e azereiros de porte fora do vulgar. É também possível encontrar em grandes quantidades madressilvas, silvas e gilbardeiras, inúmeras espécies de fetos, para além de muitas plantas hoje raras em Portugal e possuidoras, como tal, de um valor científico acrescido, como é o caso do martagão, de determinadas espécies de narcisos e do selo-de-salomão, entre outras, abundando ainda musgos, líquenes e fungos.
A mata é atravessada por inúmeras linhas de água, permanentes umas, temporárias outras, que, para além de desempenharem um papel importante no domínio da vegetação, possibilitam a presença de espécies animais associadas aos meios húmidos. É o caso do lagarto-de-água e da salamandra-de-cauda-comprida, ambos endemismos ibéricos, bem como do tritão e da rã. De entre os mamíferos, destaca-se pelo seu porte o javali. As aves estão representadas por numerosas espécies, nomeadamente a coruja-do-mato, o açor, o gavião, o cuco, a gralha-preta, o gaio e o pombo-torcaz, entre outros.
Tal como os terrenos de cultura em socalcos, as "quelhadas" ficaram ao abandono, devido ao êxodo rural. Esquecidos também ficaram fornos de madeira, construções circulares com cúpula, construídos com lajes de xisto ou calhau de quartzo e destinados a conferir uma maior rigidez e flexibilidade às varas de castanho. O artesanato que depende da floresta - tamancos, gamelas, mobiliário e várias alfaias agrícolas - quase desapareceu, sobrevivendo apenas alguma cestaria e o fabrico de colheres de pau.
A serra do Açor pertence ao Maciço Antigo e está separada da serra da Estrela pelo vale do rio Alva, tendo no seu enfiamento para sudoeste a serra da Lousã, da qual a separa o vale do Ceira. Mede 33 quilómetros de comprimento e 12 quilómetros de largura, sendo a sua altitude máxima de 1340 metros.
A Estrela, o Açor e a Lousã pertencem a uma cordilheira de granitos e xistos, orientada no sentido nordeste-sudoeste, dividindo sensivelmente a meio o território de Portugal.
A mata da Margaraça é um dos locais de relevo no interior do Parque Natural, com pouco menos de 50 hectares, que se distribuem entre os 600 e os 850 metros, numa vertente virada a norte, entre as aldeias de Pardieiros e de Relva Velha.
A partir de 1985, a mata foi adquirida pelo Estado, sendo desde então gerida pelo Seviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza.
A riqueza do solo nas zonas adjacentes e a abundância de água atraíram desde há muito gerações de agricultores, cuja presença é atestada pelas inúmeras "quelhadas" - muros de xisto destinados a conter a terra das encostas - e levadas de água para rega.
Amostra rara de vegetação das encostas xistosas do Centro de Portugal, a mata da Margaraça sobressai nesta área protegida como exemplo de um sistema ecológico equilibrado. As árvores dominantes (o castanheiro e o carvalho-roble) estão associadas a azereiros e azevinhos, loureiros, folhados e aveleiras e cerejeiras-bravas, notando-se ainda a presença de medronheiros e azereiros de porte fora do vulgar. É também possível encontrar em grandes quantidades madressilvas, silvas e gilbardeiras, inúmeras espécies de fetos, para além de muitas plantas hoje raras em Portugal e possuidoras, como tal, de um valor científico acrescido, como é o caso do martagão, de determinadas espécies de narcisos e do selo-de-salomão, entre outras, abundando ainda musgos, líquenes e fungos.
A mata é atravessada por inúmeras linhas de água, permanentes umas, temporárias outras, que, para além de desempenharem um papel importante no domínio da vegetação, possibilitam a presença de espécies animais associadas aos meios húmidos. É o caso do lagarto-de-água e da salamandra-de-cauda-comprida, ambos endemismos ibéricos, bem como do tritão e da rã. De entre os mamíferos, destaca-se pelo seu porte o javali. As aves estão representadas por numerosas espécies, nomeadamente a coruja-do-mato, o açor, o gavião, o cuco, a gralha-preta, o gaio e o pombo-torcaz, entre outros.
Tal como os terrenos de cultura em socalcos, as "quelhadas" ficaram ao abandono, devido ao êxodo rural. Esquecidos também ficaram fornos de madeira, construções circulares com cúpula, construídos com lajes de xisto ou calhau de quartzo e destinados a conferir uma maior rigidez e flexibilidade às varas de castanho. O artesanato que depende da floresta - tamancos, gamelas, mobiliário e várias alfaias agrícolas - quase desapareceu, sobrevivendo apenas alguma cestaria e o fabrico de colheres de pau.
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Como referenciar
Porto Editora – Área de Paisagem Protegida da Serra do Açor na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-09-09 01:58:14]. Disponível em
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