arqueologia
A importância da arqueologia para o conhecimento da história desde sempre suscitou um interesse especial e um fascínio singular. Pode-se dividir a história da arqueologia em três períodos: o primeiro, ou dos "artistas", o segundo, ou dos "antiquários", o terceiro, dos "arqueólogos".
O primeiro período radica no Renascimento, quando os Médicis fundaram em Florença a primeira escola de arqueologia, pois tinham sido muitos os historiadores e sábios greco-romanos e da Idade Média, tanto cristãos, como árabes ou judeus, a falar da beleza e grandiosidade dos monumentos da Antiguidade. Mas foi só, todavia, para se apreciar os caracteres artísticos que essa escola foi fundada, para que se pudesse conhecer e imitar a arte clássica.
O segundo momento foi o dos "antiquários", e corresponde aos séculos XVII e XVIII. Muitos foram os homens ilustres que se puseram a viajar por toda a Europa, investigando monumentos - ou os seus vestígios - greco-romanos, como aconteceu com as escavações de Pompeia e Herculano (junto a Nápoles, Itália). Recolheram objetos, classificaram-nos e deram um grande impulso ao seu estudo. Luís XIV, entusiasmado com esta redescoberta do passado glorioso de gregos e romanos, criou, em França, a Academia das Inscrições e das Belas Letras, sendo imitado depois por outros monarcas europeus. Deste período são também nomes como Montfaucon, Graevius, Spon, Wheeler, Florez, entre outros, muitos deles figuras da Igreja.
O terceiro período, dos "arqueólogos", foi inaugurado com Winckelmann, que concebeu a arqueologia como uma história da arte antiga e deu uma nova orientação ao seu estudo (História da Arte na Antiguidade e Monumenti Antichi Inediti). Caylus, outra figura da época, definiu uma ordem cronológica para os monumentos de diversas época. Champollion, o primeiro a decifrar hieroglifos egípcios a partir da pedra de Roseta, foi uma das figuras deste período. A egiptologia ganhou grande expressão nesta época, graças a Champollion, Zoega, Lepsius ou Mariette.
Atualmente, a arqueologia apoia-se numa classificação fundada unicamente no carácter histórico: arqueologia pré-histórica, egípcia (ou egiptologia), assíria ou caldaica, oriental, fenícia e cartaginesa, pré-romana e céltica, grega e romana (etrusca), judaica, cristã (paleo-cristã), medieval, moderna, etc.. A principal fonte de achados arqueológicos continua a ser a escavação sistemática de lugares adequados. Estas conhecem atualmente uma perfeição espantosa graças aos meios técnicos de que dispõe e ao auxílio concreto de outras ciências nas diversas etapas de escavação.
Mas nem sempre as referências históricas ou tradições locais são suficientes para localizar sítios arqueológicos. Há assim que recorrer a diversos procedimentos de prospeção, cada vez mais sofisticados e precisos. O mais comum é a prospeção terrestre, que consiste na visualização do território segundo uma planificação prévia. Outro método é a fotografia aérea, complementar do terrestre, mas fornecendo informações suplementares em termos de topografia, vegetação, leitos secos, etc.. Existem também prospeções geofísicas, que medem certas propriedades elétricas e magnéticas do subsolo a partir da resistência dos materiais. Destes procedimentos geofísicos, podem distinguir-se três: resistência (maior ou menor facilidade com que uma corrente elétrica atravessa a terra); magnetismo (medição das pequenas variações locais do campo magnético terrestre, detetando-se antigos fornos, lagares, fossas, jazidas etc.); eletromagnetismo (combinação dos anteriores, mas mais completo, embora só possa medir até 0,5 metros de profundidade).
Outro elemento básico da arqueologia é a datação ou cronologia. Esta pode ser relativa ou absoluta. A primeira é determinada por relações de anterioridade e posterioridade, baseando-se principalmente na estratigrafia (cada estrato, ou camada de subsolo, corresponde a um período geológico, logo é datável cronologicamente) e nas tipologias (séries coerentes dos elementos materiais recolhidos). A datação absoluta é mais concreta e em algumas situações mais exata, embora utilize métodos muito sofisticados, caros e nem sempre disponíveis ou próximos das estações arqueológicas (laboratoriais). Os mais usados são a dendocrinologia, ou datação a partir do estudo do crescimento de certas árvores, e o carbono-14 ou carbono radioativo, que mede a quantidade de carbono acumulado nos seres vivos. Utilizam-se também a termoluminescência, a espetrometria do acelerador de massas, o potássio-árgon, o urânio, as folhas de fissão, a racemização de amino-ácidos ou o arqueomagnetismo. Atualmente, o apoio da informática tem-se revelado extremamente positivo e utilíssimo para o desenvolvimento da arqueologia.
Em Portugal, a arqueologia só despontou no século XIX, apesar de já Garcia de Resende no século XVI ter apontado exemplos de observação e coligido algumas informações, como fizera dois séculos mais tarde Fr. Manuel do Cenáculo. Foi só com a criação da Sociedade Archeológica Portuguesa em 1850 que a arqueologia despontou efetivamente em Portugal. Em final do século XIX, nomes como Leite de Vasconcelos, Possidónio Silva, Santos Rocha, Estácio da Veiga ou Martins Sarmento ficam para sempre ligados ao impulso decisivo da arqueologia portuguesa, que culmina com o IV Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Históricas em 1880 ou com a fundação do Museu Etnográfico (1893), por Leite de Vasconcelos. Até aos anos 60 a arqueologia desenvolveu-se de forma consistente, mas sem conhecer o surto que atualmente conhece, insuflada por descobertas importantes como Foz Coa ou lapedo, entre outros sítios, apoiando a recuperação de monumentos nacionais. As estações arqueológicas portuguesas abrangem os seguintes âmbitos científicos: Paleolítico, Mesolítico, Neolítico, Neo-Calcolítico, Calcolítico, Idade do Bronze, Idade do Ferro, Arte Rupestre, Romana, Medieval, Moderna e Industrial.
Um dos tipos de intervenção arqueológica mais recentes e cada vez mais desenvolvido e capaz de responder a muitas interrogações da história é a arqueologia subaquática, com alguma expressão também em Portugal. A arqueologia industrial é outra variante muito importante e com tradição na Europa Ocidental e América do Norte, despontando em Portugal.
O primeiro período radica no Renascimento, quando os Médicis fundaram em Florença a primeira escola de arqueologia, pois tinham sido muitos os historiadores e sábios greco-romanos e da Idade Média, tanto cristãos, como árabes ou judeus, a falar da beleza e grandiosidade dos monumentos da Antiguidade. Mas foi só, todavia, para se apreciar os caracteres artísticos que essa escola foi fundada, para que se pudesse conhecer e imitar a arte clássica.
O segundo momento foi o dos "antiquários", e corresponde aos séculos XVII e XVIII. Muitos foram os homens ilustres que se puseram a viajar por toda a Europa, investigando monumentos - ou os seus vestígios - greco-romanos, como aconteceu com as escavações de Pompeia e Herculano (junto a Nápoles, Itália). Recolheram objetos, classificaram-nos e deram um grande impulso ao seu estudo. Luís XIV, entusiasmado com esta redescoberta do passado glorioso de gregos e romanos, criou, em França, a Academia das Inscrições e das Belas Letras, sendo imitado depois por outros monarcas europeus. Deste período são também nomes como Montfaucon, Graevius, Spon, Wheeler, Florez, entre outros, muitos deles figuras da Igreja.
Atualmente, a arqueologia apoia-se numa classificação fundada unicamente no carácter histórico: arqueologia pré-histórica, egípcia (ou egiptologia), assíria ou caldaica, oriental, fenícia e cartaginesa, pré-romana e céltica, grega e romana (etrusca), judaica, cristã (paleo-cristã), medieval, moderna, etc.. A principal fonte de achados arqueológicos continua a ser a escavação sistemática de lugares adequados. Estas conhecem atualmente uma perfeição espantosa graças aos meios técnicos de que dispõe e ao auxílio concreto de outras ciências nas diversas etapas de escavação.
Mas nem sempre as referências históricas ou tradições locais são suficientes para localizar sítios arqueológicos. Há assim que recorrer a diversos procedimentos de prospeção, cada vez mais sofisticados e precisos. O mais comum é a prospeção terrestre, que consiste na visualização do território segundo uma planificação prévia. Outro método é a fotografia aérea, complementar do terrestre, mas fornecendo informações suplementares em termos de topografia, vegetação, leitos secos, etc.. Existem também prospeções geofísicas, que medem certas propriedades elétricas e magnéticas do subsolo a partir da resistência dos materiais. Destes procedimentos geofísicos, podem distinguir-se três: resistência (maior ou menor facilidade com que uma corrente elétrica atravessa a terra); magnetismo (medição das pequenas variações locais do campo magnético terrestre, detetando-se antigos fornos, lagares, fossas, jazidas etc.); eletromagnetismo (combinação dos anteriores, mas mais completo, embora só possa medir até 0,5 metros de profundidade).
Outro elemento básico da arqueologia é a datação ou cronologia. Esta pode ser relativa ou absoluta. A primeira é determinada por relações de anterioridade e posterioridade, baseando-se principalmente na estratigrafia (cada estrato, ou camada de subsolo, corresponde a um período geológico, logo é datável cronologicamente) e nas tipologias (séries coerentes dos elementos materiais recolhidos). A datação absoluta é mais concreta e em algumas situações mais exata, embora utilize métodos muito sofisticados, caros e nem sempre disponíveis ou próximos das estações arqueológicas (laboratoriais). Os mais usados são a dendocrinologia, ou datação a partir do estudo do crescimento de certas árvores, e o carbono-14 ou carbono radioativo, que mede a quantidade de carbono acumulado nos seres vivos. Utilizam-se também a termoluminescência, a espetrometria do acelerador de massas, o potássio-árgon, o urânio, as folhas de fissão, a racemização de amino-ácidos ou o arqueomagnetismo. Atualmente, o apoio da informática tem-se revelado extremamente positivo e utilíssimo para o desenvolvimento da arqueologia.
Em Portugal, a arqueologia só despontou no século XIX, apesar de já Garcia de Resende no século XVI ter apontado exemplos de observação e coligido algumas informações, como fizera dois séculos mais tarde Fr. Manuel do Cenáculo. Foi só com a criação da Sociedade Archeológica Portuguesa em 1850 que a arqueologia despontou efetivamente em Portugal. Em final do século XIX, nomes como Leite de Vasconcelos, Possidónio Silva, Santos Rocha, Estácio da Veiga ou Martins Sarmento ficam para sempre ligados ao impulso decisivo da arqueologia portuguesa, que culmina com o IV Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Históricas em 1880 ou com a fundação do Museu Etnográfico (1893), por Leite de Vasconcelos. Até aos anos 60 a arqueologia desenvolveu-se de forma consistente, mas sem conhecer o surto que atualmente conhece, insuflada por descobertas importantes como Foz Coa ou lapedo, entre outros sítios, apoiando a recuperação de monumentos nacionais. As estações arqueológicas portuguesas abrangem os seguintes âmbitos científicos: Paleolítico, Mesolítico, Neolítico, Neo-Calcolítico, Calcolítico, Idade do Bronze, Idade do Ferro, Arte Rupestre, Romana, Medieval, Moderna e Industrial.
Um dos tipos de intervenção arqueológica mais recentes e cada vez mais desenvolvido e capaz de responder a muitas interrogações da história é a arqueologia subaquática, com alguma expressão também em Portugal. A arqueologia industrial é outra variante muito importante e com tradição na Europa Ocidental e América do Norte, despontando em Portugal.
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Como referenciar
Porto Editora – arqueologia na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-03-24 20:39:45]. Disponível em
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