atos de fala
Segundo o filósofo J. L. Austin, a elocução de uma determinada frase não serve apenas para descrever um estado de coisas, mas também para realizar uma intenção. Assim, às ações realizadas por um locutor através de um enunciado, visando intencionalmente obter algo do alocutário, deu o nome de atos de fala.
Austin, percebendo que os enunciados desempenham diferentes funções na interação verbal e partindo do princípio de que dizer pode significar fazer, foi o primeiro teorizador dos atos de fala.
Para Austin, na realização completa de um ato de fala ocorrem três atos distintos:
1. ato locutório: corresponde ao ato de pronunciar um enunciado.
2. ato ilocutório: corresponde ao ato que o locutor realiza quando pronuncia um enunciado em certas condições comunicativas e com certas intenções, tais como ordenar, avisar, criticar, perguntar, convidar, ameaçar, etc. Assim, num ato ilocutório, a intenção comunicativa de execução vem associada ao significado de determinado enunciado.
3. ato perlocutório: corresponde aos efeitos que um dado ato ilocutório produz no alocutário. Verbos como convencer, persuadir ou assustar ocorrem neste tipo de atos de fala, pois informam-nos do efeito causado no alocutário.
Com base na teoria de J. L. Austin, J. Searle procedeu à divisão e classificação dos atos ilocutórios. A teoria dos atos ilocutórios de John Searle (Searle 1969 e 1979) assenta no princípio de que quando locutor pronuncia uma determinada frase, num contexto específico, executa, implícita ou explicitamente, atos como afirmar, avisar, ordenar, perguntar, pedir, prometer, criticar, entre outros. Assim, o alocutário deve interpretar um enunciado tendo em conta o conteúdo proposicional do ato proferido e, também, todos os marcadores da força ilocutória presentes na situação comunicativa em que é proferido.
Tipos de atos ilocutórios:
1. Ato ilocutório assertivo: ato de fala que o locutor realiza pela pronunciação de um enunciado que implica um certo comprometimento com o valor relativo de verdade/ falsidade, ocorrendo em frases com verbos assertivos e expressões verbais.
Exs.:
No mês de março, compro-te uma bicicleta.
O Pedro faz anos no dia 20 de maio.
2. Ato ilocutório diretivo: atos de fala a partir dos quais o locutor pretende levar o alocutário a fazer ou a dizer alguma coisa. Estão-lhe associados verbos como convidar, pedir, requerer, ordenar. Os enunciados produzidos com intenção de levar o alocutário a realizar algo, ocorrem mais frequentemente em frases imperativas, interrogativas, com verbos exortativos e de inquirição.
Exs.:
Põe a pesa!
Fiquem para o jantar!
3. Ato ilocutório compromissivo: ato de fala que o locutor realiza com a intenção de se comprometer a realizar uma determinada ação no futuro.
Ex.:
Ligo-te mal chegue a casa. [Ato de fala que implica uma promessa]
4. Ato ilocutório expressivo: ato de fala em que locutor pretende exprimir os seus sentimentos ou emoções face ao estado de coisas representado pelo conteúdo proposicional do enunciado produzido.
Exs.:
Os meus pêsames!
Bem-haja!
5. Ato ilocutório declarativo: ato de fala que institui ou altera um estado de coisas pela simples declaração de que elas existem. Está associado a rituais, como o casamento ou o batismo. Estes atos declarativos têm de obedecer às regras linguísticas específicas da instituição em questão (igreja, tribunal, estado) e os papéis sociais do locutor e do alocutário estão bem definidos.
Ex.: Declaro-vos marido e mulher. [Neste ato de fala está pré-estabelecido que o padre desempenha o papel de locutor e os noivos o de alocutários]
5.1 Ato ilocutório declarativo assertivo: ato ilocutório declarativo em que o locutor tem autoridade específica, por exemplo, para excluir ou aceitar alguém num concurso, declarar alguém inapto para o serviço militar. Assim, estes atos de fala são, simultaneamente, asserções e declarações.
6. Ato ilocutório indireto: ato de fala em que o locutor tem a intenção de dizer algo diferente daquilo que expressa, contando com a capacidade do alocutário em reconhecer o objetivo ilocutório do enunciado. Este tipo de atos prende-se com a necessidade de o locutor evitar formas que possam ser interpretadas como agressivas pelo alocutário.
Exs.: Está frio!
Já fecho a janela!
O enunciado "Está frio!", apesar de parecer tratar-se apenas de uma asserção deve, em certas circunstâncias ser interpretado como um pedido, pois na pronunciação deste ato ilocutório indireto o locutor pode ter a intenção de levar o alocutário a fechar uma janela.
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