Aviso à Navegação
Livro de Joaquim Namorado editado em 1941 pela coleção Novo Cancioneiro, órgão de afirmação, no início dos anos 40, de uma estética poética neorrealista.
A primeira série poética da obra, intitulada "Navegação à Vela", contém o poema que dá título à obra, "Aviso à Navegação", que, na sequência de um conjunto de composições construídas a partir da oposição metafórica entre a partida para a aventura e a calma dos portos, se assume como voz de incitamento à revolta: "Aviso à navegação:/ Não espereis de mim a paz!// [...] Que na guerra/ só conheço dois destinos:/ ou vencer - ai dos vencidos! -/ ou morrer sob os escombros/ da luta que alevantei!". O "aviso" deixado pelo sujeito poético, anunciando o seu compromisso existencial, não é um gesto heroico individual: o poeta é um dos amotinados de uma tripulação que apresenta como "manifesto" a promessa de não desistir, mesmo que o preço seja a vida: "Que não adormeçam os músculos dos nossos braços na modorra das/ calmarias! Que não afrouxe este espírito de guerra que nos trouxe!/ E chegaremos./ Grandes escolhos?!... Grandes Medos?!... Grandes tormentos?!.../ Maior grandeza de sacrifício, maior força de nos excedermos, maior sangue/ frio na manobra!
E chegaremos." ("Manifesto à Tripulação"). A segunda série, "A guerra e a paz", contém alguns dos poemas mais conhecidos no âmbito de uma primeira fase da estética neorrealista, como representativos de uma poesia de combate, perpassada pelo otimismo e confiança numa vitória que só dependerá da adesão do público aos desafios que lhe são lançados. Por isso as composições preferem o tom apelativo, propondo coordenadas de ação: "Abre as janelas para a rua" ("Manifesto"), "Aguça a tua foice!" ("Segador"), "Ó mocidade, vai para os estádios,/ vai para as oficinas cantando!" ("Exortação"); ao mesmo tempo que apresentam o sujeito enunciativo como modelo de resistência: ele é dos que ficam "até ao fim da batalha" ("Três Poemas de Heroísmo"), aquele que, derrotado, volta "Cem vezes ao combate" ("Vitória"), aquele que oferece em imolação o seu sangue e os seus ossos como "cimento duma outra humanidade" ("Prometeu").
Trata-se, acima de tudo, de contribuir para a criação de uma fraternidade unida num mesmo canto de revolta, de justiça e de liberdade, uma comunidade onde "Eu e tu" serão "carne do mesmo corpo,/ amor do mesmo amor,/ sangue do mesmo sacrifício!..." ("Cantar de Amigo"). As séries seguintes alargam o campo de consciencialização a outros domínios: o do operariado, em "Arquitetura"; o da África colonizada, em "África", enquanto "Romance de Federico" exprime o impacto que a Guerra Civil de Espanha e o assassinato do poeta Federico Garcia Lorca exerceram sobre o poeta.
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