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Barranco de Cegos
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Romance da autoria de Alves Redol, publicado em 1962, constitui uma das melhores criações da carreira literária do autor, sendo também considerado um dos romances essenciais do Neorrealismo português. Manifesta a fidelidade do autor às raízes que o prendem ao povo, aqui retratado de uma forma realista.
Situado historicamente no período de falência nacional que sucedeu ao ultimato inglês de 1890, narra a luta de um proprietário ribatejano, Diogo Relvas, contra a invasão das indústrias e dos interesses financeiros, num contexto de progressiva afirmação do capitalismo. O título do romance, Barranco de Cegos, retirado da epígrafe de S. Mateus ("Deixai-os; cegos são e condutores de cegos; e se um cego guia a outro cego, ambos vêm a cair no barranco") anuncia, no entanto, que esse combate se encontra à partida perdido: o romance narra a caminhada inconsciente e irremediável da família Relvas e da nação para o abismo de derrota e de morte, simbolizados, no último capítulo, no corpo embalsamado do velho Relvas que persiste em manter-se agarrado à vida. Cegos são os servos, criados e campinos oprimidos, comandados pelo cego, obstinado e autoritário, Diogo Relvas, ele também guiado por outros cegos, os políticos, o rei, correndo todos para um precipício onde "tudo o que merecia ser vivido iria acabar na subversão" (p. 180, Europa-América, s/l, s/d). Na "Breve Nota de Culpa" que introduz o romance, o autor, com fina ironia, desculpa-se do ultraje cometido por um filho de campino que rompeu, "com muitos outros, os nevoeiros premeditados, os abismos reais, as ameaças e os sortilégios do cercado em que conviria permanecermos por mais séculos, para glória e proveito dos nossos amos". Aí ainda, com modéstia, mas também com ironia, reafirma a sua pobreza "de engenho e de arte", tantas vezes apontada pelos críticos incapazes de aceitar uma escrita voluntariamente crua e despretensiosa, mas que, numa leitura mais profunda, revela uma densidade de construção dos materiais narrativos, onde a recorrência de certos motivos confere ao romance um alcance épico.
Alves Redol, autor de "Barranco de Cegos"
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Como referenciar
Porto Editora – Barranco de Cegos na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-04 07:03:28]. Disponível em

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