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Beresford
Na peça Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro, Beresford demonstra ser poderoso, mercenário, interesseiro, calculista, trocista, sarcástico; a sua opinião sobre Portugal fica claramente expressa na afirmação «Neste país de intrigas e de traições, só se entendem uns com os outros para destruir um inimigo comum e eu posso transformar-me nesse inimigo comum, se não tiver cuidado.».
O marechal Beresford teme ser substituído pelo General Gomes Freire de Andrade e perder privilégios, quer ao nível dos poderes que exerce, quer do elevado salário que aufere pelos seus serviços de comandante do exército português. Por isso, realça a gravidade do momento, impelindo os outros à ação: «Não percam tempo, Senhores. O momento é grave e a causa é justa. Vão.».
Beresford revela-se ainda um homem de ação, de carácter autoritário, intolerante e pragmático («Quero saber, «Comprem [...], vendam [...], mas tragam-nos os nomes dos chefes»); não só assume, sem qualquer remorso ou inquietação moral, a conveniência de «crucificar alguém» (com ou sem provas concretas) como o faz com uma frieza sarcástica e calculista («Já que temos ocasião de crucificar alguém, que escolhamos a quem valha a pena crucificar…»), chamando a atenção para a importância do perfil da personalidade a escolher («Pensou em alguém, Excelência?»).
Na peça Felizmente Há Luar!, faz-se um retrato implacável do poder autocrático, o qual, no contexto sociopolítico em que a peça é escrita, de imediato evoca a ditadura salazarista, de igual modo alicerçada na mediocridade e perseguindo arbitrariamente as personalidades que se evidenciavam pela inteligência, competência e coerência moral.
A personagem Beresford representa, de forma exemplar, esse poder autocrático, chamando a si a arbitrariedade e o cinismo com que os ditadores exercem o poder, orientando a procura do nome do chefe da conjura, não com base em factos incriminatórios, mas segundo o que lhes convenha a eles, aos governantes, para se manterem no poder. Juntamente com o marechal, D. Miguel completa este retrato do poder ditatorial, evidenciando o medo que a personagem tem do confronto democrático («estaria politicamente liquidado se tivesse de discutir as minhas ordens») e do possível aparecimento de líderes populares, pela ameaça que constituiriam ao seu poder. É assim que o general Gomes Freire de Andrade é escolhido para ser acusado de chefe da conjura, apesar de não haver, como explicita Corvo, qualquer prova contra ele.
Ao considerar Gomes Freire como «inimigo natural» da Regência do país, Beresford deixa entender que esta só pode subsistir rodeada de mediocridade, isto é, as pessoas com qualidades morais, intelectuais e sociais constituem uma ameaça para o governo.
O marechal Beresford teme ser substituído pelo General Gomes Freire de Andrade e perder privilégios, quer ao nível dos poderes que exerce, quer do elevado salário que aufere pelos seus serviços de comandante do exército português. Por isso, realça a gravidade do momento, impelindo os outros à ação: «Não percam tempo, Senhores. O momento é grave e a causa é justa. Vão.».
Beresford revela-se ainda um homem de ação, de carácter autoritário, intolerante e pragmático («Quero saber, «Comprem [...], vendam [...], mas tragam-nos os nomes dos chefes»); não só assume, sem qualquer remorso ou inquietação moral, a conveniência de «crucificar alguém» (com ou sem provas concretas) como o faz com uma frieza sarcástica e calculista («Já que temos ocasião de crucificar alguém, que escolhamos a quem valha a pena crucificar…»), chamando a atenção para a importância do perfil da personalidade a escolher («Pensou em alguém, Excelência?»).
A personagem Beresford representa, de forma exemplar, esse poder autocrático, chamando a si a arbitrariedade e o cinismo com que os ditadores exercem o poder, orientando a procura do nome do chefe da conjura, não com base em factos incriminatórios, mas segundo o que lhes convenha a eles, aos governantes, para se manterem no poder. Juntamente com o marechal, D. Miguel completa este retrato do poder ditatorial, evidenciando o medo que a personagem tem do confronto democrático («estaria politicamente liquidado se tivesse de discutir as minhas ordens») e do possível aparecimento de líderes populares, pela ameaça que constituiriam ao seu poder. É assim que o general Gomes Freire de Andrade é escolhido para ser acusado de chefe da conjura, apesar de não haver, como explicita Corvo, qualquer prova contra ele.
Ao considerar Gomes Freire como «inimigo natural» da Regência do país, Beresford deixa entender que esta só pode subsistir rodeada de mediocridade, isto é, as pessoas com qualidades morais, intelectuais e sociais constituem uma ameaça para o governo.
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Como referenciar
Porto Editora – Beresford na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-08 01:39:06]. Disponível em
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