3 min

Carmen Miranda
favoritos

Atriz e intérprete de música popular brasileira, Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu a 9 de fevereiro de 1909, no lugar das Oliveirinhas, da freguesia de Aliviada (Várzea de Ovelha e Aliviada), em Marco de Canaveses, Portugal. Com poucos meses de idade emigra para o Brasil com a família, onde viria a iniciar, ainda jovem, a sua carreira como cançonetista de café-concerto, transitando posteriormente para o teatro e para o cinema.

Quando Carmen Miranda, em 1939, embarcou no Rio de Janeiro e chegou ao porto de Nova Iorque, era uma ilustre desconhecida do público americano. Bastou-lhe porém um mês para conquistar a Feira Mundial, a Broadway e extraordinária popularidade. Rapidamente, veio o convite do cinema. Era o seu triunfo na América e em todo o Mundo, uma marca que permanece até hoje, pois os seus trajes, a graciosidade e a sua personalidade e voz são características únicas. O que ninguém sabia na América é que Carmen já tinha 10 anos de carreira no Brasil como cantora do disco, do rádio e como atriz, no cinema. Era a mulher mais famosa e amada do Brasil, recordista absoluta de vendas de discos e também a "Embaixatriz do Samba", já que, nos anos 30, fez oito excursões à Argentina para cantar nas rádios de Buenos Aires. Era verdadeiramente o símbolo da alma brasileira. Por isso, a ida de Carmen aos EUA, se provocou o orgulho nacional, trouxe também alguns ressentimentos aos brasileiros, pelos 14 anos consecutivos de ausência.

Capa de "Lady in the Tutti Frutti Hat: Carmen Miranda on Films & Airshots", de Carmen Miranda, um álbum editado pela Harlequin Records, 1999
Capa de "Brazilian Bombshell: 25 Hits (1939-1947)", de Carmen Miranda, um álbum editado pela Asv Living Era, 1998
Em 1929, com 20 anos, levada pelo compositor baiano Josué de Barros, seu descobridor e protetor, gravou na Brunswick. O disco demorou a ser lançado e por isso Josué procurou os serviços de outra editora, a Victor. Carmen explodiu como celebridade no Brasil. Gravou "Pra Você Gostar de Mim", que os fãs passaram a chamar de "Taí". Esta marcha bateu, em 1930, o recorde brasileiro de vendas, com a marca de 36 mil cópias! Era o terceiro disco de Carmen na Victor. A partir daqui, os seus êxitos não cessaram para além de ter contribuído para lançar muitos compositores. Além disso, era acompanhada pelos principais músicos brasileiros como Pixinguinha, Canhoto, Benedito Lacerda, Luiz Americano, etc. Ao todo, Carmen gravou na R.C.A. Victor, entre 1929 e 1935, 77 discos com 150 músicas. Em 1935, contudo, a cantora assinou um contrato mais vantajoso com a Odeon. Ao todo, ao longo da sua carreira, a cantora deixou cerca de 280 músicas gravadas.

O estilo de Carmen era uma mistura de graça e malícia ingénua. A enorme capacidade de expressão que tinha fazia os ouvintes sentirem a sua presença "fora do disco". Nos teatros, aquela mulher de baixa estatura e corpo delicado eletrizava o público com a sua voz, os gestos sugestivos e os seus olhos verdes. O traje de baiana, conhecido mundialmente, surgiria no filme Banana da Terra, em finais de 1938. Era conhecida, no Brasil, como a "pequena notável".

Carmen Miranda, com um estilo brejeiro inimitável, participou em filmes musicais como A Voz do Carnaval (1933) Alô, Alô Brasil (1935) e Alô, Alô Carnaval (1936). As suas interpretações do rico folclore brasileiro deram-lhe uma projeção nacional e internacional.
A carreira fulgurante de Carmen Miranda, como intérprete da música popular brasileira, catapultou-a para o cinema em Hollywood e para o teatro/revista na Broadway, em 1939. Nos Estados Unidos da América, Carmen Miranda atuou em inúmeros espetáculos, revistas, programas televisivos e em 14 filmes, entre os quais se destacam Weekend in Havana (Férias em Havana, 1941), Nancy Goes to Rio (Festa no Brasil, 1950) e, por último, Scared Stiff (O Castelo do Terror, 1953).

Com as suas fantasias de baiana (figura matriacal mística dos terreiros de candomblé, devota à deusa Iemanjá), normalmente vestida de branco e usando como adereço um cesto de frutas tropicais na cabeça, Carmen Miranda mereceu o epíteto de "Bomba Brasileira", eternizando determinadas interpretações, como "O que é que a baiana tem?" e "Na baixa do sapateiro". A consagração da cantora no mercado americano ficou confirmada na meca do cinema mundial quando Carmen foi convidada a deixar a marca das suas mãos no Passeio da Fama.

Em 5 de agosto de 1955, Carmen Miranda morreu vítima de doença prolongada, em Beverly Hills, na Califórnia.
Após a sua morte, em 1972, o Brasil comprou aos Estados Unidos todos os direitos de autor dos filmes de Carmen Miranda, com o objetivo de reunir e protejer a obra da acriz e cantora que projetou e dinamizou a imagem cultural da música popular brasileira no Mundo. Em 1977, foi inaugurado um museu com o seu nome no Rio de Janeiro.

Partilhar
  • partilhar whatsapp
Como referenciar
Porto Editora – Carmen Miranda na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-02-14 04:30:01]. Disponível em
Outros artigos
ver+
Partilhar
  • partilhar whatsapp
Como referenciar
Porto Editora – Carmen Miranda na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-02-14 04:30:01]. Disponível em